SETEALEM | jjk + pjm

Terceiro

Jimin aos poucos foi abrindo os olhos, encarando o teto escuro e levou suas mãos até os olhos, os esfregando preguiçosamente. Ao se mexer sentiu o corpo doer por causa daquele sofá velho e nada confortável. Ele sentou-se e percebeu que havia uma coberta fina cobrindo seu corpo, seus pensamentos o guiaram até o homem-corvo e a conversa deles do dia anterior.

Após aquilo o homem não voltou a aparecer e a casa se manteve silenciosa. Jimin sabia que andar pela casa poderia irritar o homem, mas ele queria saber mais sobre o dono daquela casa. Jimin então caminhou um pouco pelo lugar e encontrou uma cozinha onde tudo nela parecia velho, com o prato que ele comeu em mãos ele mesmo o lavou e deixou na pia onde se encontrava outro prato que deduziu ser o que o homem-corvo havia usado. Saiu da cozinha e abriu outra porta, onde descobriu ser o banheiro. Jimin estava louco por um banho, mas não havia nada ali que ele pudesse usar para se secar. Então ele apenas foi na pia e lavou o rosto, se recusou a olhar-se no espelho e depois de secar o rosto com a própria camisa ele saiu dali e voltou para o sofá. O Park deitou-se e assim que fechou os olhos ele dormiu, mal percebeu o quão cansado estava.

Voltando para a realidade, Jimin passou a mão pelo rosto e respirou profundamente. Isso tudo ainda é real, pensou, ele realmente estava em um mundo chamado Setealem, foi atacado por uma criatura que se transformou em seu pai e foi salvo pelo homem-corvo, que logo Jimin descobriu ser muito bonito – mas isso não vinha ao caso – e para piorar a situação, ele só mandaria Jimin de volta ao seu mundo se entregasse a vida de seu irmão mais velho.

E agora Jimin ainda se encontrava na casa dele e não fazia ideia do que seria de sua vida. Ele tinha que voltar para sua vida normal, ele tinha coisas a resolver.

Jimin se perguntava o que Seokjin estaria fazendo agora, a esse ponto já deveria ter notado seu sumiço e certamente estaria enlouquecido atrás de Jimin.

O Park é desperto novamente de seus pensamentos ao ouvir um ruído que parecia vir da cozinha. Ele calça seus chinelos e após se espreguiçar ele levanta do sofá e vai até a entrada do cômodo com passos arrastados sentindo seu corpo ainda doer um pouco.

O homem-corvo estava de costas para Jimin, parecia estar preparando algo para comer. Notou as costas grandes dentro da camisa folgada branca de mangas que no momento estavam arregaçadas até os cotovelos. Os cabelos estavam presos num coque baixo e um pouco desarrumado.

Jimin pigarreou um pouco e o homem virou um pouco o corpo, olhando para a sua figura parada na entrada na cozinha. Jimin parecia um pouco desajeitado ali, com os as mãos dentro dos bolsos da calça amarrotada, os cabelos um pouco revoltos por causa do sono.

— Bom dia...? — O Park disse, mas no final soou mais como uma pergunta. Afinal ele não fazia ideia se estava realmente de manhã.

O homem o olhou por um momento, parecia medir Jimin dos pés à cabeça, o Park encolheu um pouco os ombros, os olhos amarelos da criatura corvo era um tanto intimidantes. Jimin ouviu apenas um resmungo vindo do homem após ele voltar a cozinhar seja-lá-o-que.

Jimin decidiu ir ao banheiro ao perceber que o homem não estava a fim de conversar. O Park passou uma água no rosto e dessa vez se olhou no espelho arranhado em sua frente. Ele tentou se concentrar em si mesmo ao olhar para o espelho sujo, mas a imagem refletida não parecia corresponder à sua ideia de como ele deveria estar. Seus cabelos estavam emaranhados e seu rosto pálido, com marcas visíveis de uma noite mal dormida, seu pescoço estava com uma mancha roxa de tamanho médio, consequência do enforcamento do dia anterior. Durante esses dois meses Jimin estava acostumado com essa imagem, em Setealem ou não, essa pessoa que o encarava de volta no espelho era a mesma.

Jimin passou a mão molhada entre os cabelos para tentar dar uma arrumada e saiu do banheiro. Voltando para a cozinha, dessa vez o homem de olhos amarelos estava sentado em frente ao balcão, comendo uma substância sobre o prato que parecia ser a mesma coisa do dia anterior, de frente a ele estava outro prato intocado com talheres ao lado.