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𝒮𝑢𝑟𝑦𝑎



Acordei sentindo o corpo mais leve, como se uma carga imensa tivesse sido retirada dos meus ombros. O colchão macio e os lençóis de seda eram um luxo que eu não experimentava há dias, talvez semanas. Sentar na beirada da cama, no quarto que me fora oferecido na Corte Crepuscular, me trouxe uma sensação de conforto e alívio que eu mal podia descrever.

Levantei-me lentamente, os pés descalços tocando o chão frio de mármore que irradiava um frescor agradável. O ambiente ao meu redor era suntuoso: tapeçarias de tons roxos e dourados pendiam das paredes, contando histórias antigas da criação das cortes. As janelas altas deixavam entrar a luz do crepúsculo, banhando tudo com um brilho suave e misterioso. O teto abobadado, pintado com constelações, parecia infinito.

Enquanto caminhava pelos corredores, minhas mãos roçavam as paredes esculpidas, como se buscassem algo que meus olhos não conseguiam encontrar. Minha mente estava um turbilhão de pensamentos e memórias. Os dias intermináveis de luta e a recente descoberta da minha nova habilidade de transformação me assombravam. Eu precisava de respostas, e algo me dizia que eu as encontraria na Corte Noturna.

Os corredores do palácio Crepuscular eram majestosos e misteriosos, com paredes de pedra escura adornadas por tapeçarias que pareciam se mover com a brisa inexistente. O chão era coberto por um tapete macio de um tom profundo de roxo, que amortecia meus passos enquanto eu caminhava sem rumo definido.

Cada sala por onde passava era uma obra de arte. Lustres de cristal pendiam do teto alto, refletindo luzes douradas e prateadas que criavam uma dança de sombras nas paredes. O silêncio era quebrado apenas pelo ocasional som distante de conversas abafadas ou o farfalhar de asas de criaturas noturnas.

Meus passos me levaram a um grande salão, onde avistei Thesan, murmurando algo com outro alguém. Apoiei as mãos na grande porta empurrando-a suavemente até avistar meu pai a sua frente. As expressões em seus rostos eram graves, e as palavras trocadas não chegaram até mim. Fiquei parada, observando de longe, até que Helion me viu:

— Surya — A emoção em sua voz foi instantânea e me abalou. Ele atravessou o salão em poucos passos, me envolvendo em um abraço apertado.

— Pai — eu murmurei, sentindo a familiaridade de seu toque, mas também a preocupação que o enchia.

— Eu temi por você — Respondeu ele, a voz quebrada, olhando em meus olhos — Temi perder você novamente.

— Estou aqui, pai — sussurrei. — E estou bem.

— Não quero te perder de novo, Surya. Esta guerra... ela está vindo. Hybern não vai parar até destruir tudo.

— Helion, precisamos ser estratégicos. Não podemos nos precipitar — disse Thesan com sua voz calma e autoritária.

— Thesan, Hybern está cada vez mais perto. Tamlin ja provou ser mais do que um traidor! — a voz de meu pai estava carregada de frustração. — Precisamos nos preparar para a guerra.

— Pai, eu... — comecei, mas as palavras morreram em minha garganta. O medo em seus olhos era claro, e a culpa que ele atribuía a Tamlin era pesada.

Sem que eles percebessem, desvencilhei-me suavemente do abraço e me afastei. Precisava de ar. Precisava pensar.

Andei sem rumo pelo palácio, perdida em meus pensamentos. A forma bestial, a iminente guerra, o medo de meu pai... tudo se misturava em minha mente. Sussurrei para mim mesma, tentando organizar as ideias, mas as respostas escapavam como areia entre os dedos.

Ate que finalmente encontrei um aposento tranquilo. Ultrapassando o arco que emoldurava uma grande porta entreaberta avancei em silêncio, tentando ver o que aquele cômodo escondia.

Corte de Luz e Sombras - Livro 1 - Fanfic ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora