* passado uma semana *
- Austin, estou com um desejo enorme. - disse pela milésima vez.
- o quê? -perguntou franzindo a sobrancelha.
- quero aquelas bolachas que se compra naquela loja, tu sabes, aquelas bolachas com chocolate. - disse feliz.
- mas é tarde Sara - ele falou como se estivesse a reclamar.
-a loja só fecha daqui a uma hora. - disse triste. - eu vou lá num instante.
- vais sozinha? - Austin perguntou.
Assenti com a cabeça.
- Estás muito doente amor, portanto vais ficar no sofá muito sossegado - disse chegando-me ao pé dele.
Dei-lhe um beijo bastante demorado, peguei na carteira, gritei um " eu já volto, amo-te muito ", ouvi um " amo-te mais princesa", fechei a porta, peguei no carro e fui comprar as minhas bolachas.
Comecei o meu caminho, normalmente, pus o rádio mais alto e mais 20 minutos e estava lá.
Ia descansada quando, de repente, numa intersecção, o camião passa a estrada, tento travar mas impossível.
* PUUUMMM * um estrondo enorme fez-se ouvir.
* Austin pov *
Estava em casa, liguei a televisão e fiquei a ver um programa qualquer que estava a dar, estava um bocado preocupado com Sara, mas aposto que ela está bem.
* Notícia de última hora, um carro bateu num camião após este ter passado na intersecção.
A rapariga que ia no carro, bastante jovem ainda, morreu e o seu carro ficou desfeito, o camião ficou com alguns problemas mas o condutor está bem, ainda não temos imagens do caso mas já estamos a ir para o local " falou um senhor do telejornal.AI A MINHA SARA, VOU LIGAR PARA VER SE ELA ESTÁ BEM.
Liguei uma vez, não atendeu, liguei novamente, não atendeu.Atende Sara - berrei para o telemóvel.
Vou esperar mais um bocado, já deve estar a chegar a casa.
*Já estamos aqui no local onde ocorreu o acidente. A jovem rapariga era um bocado famosa, porque já tivera pousado para algumas revistas e era namorada de um cantor jovem com uma carreira, mais ou menos, iniciante. *
Ouvindo isto, pensei logo que fosse a Sara.
Mas não pode ser.
Continuei a ver a notícia e vi que o carro era parecido com o da Sara.
Fiquei sem saber o que fazer. Peguei no telemóvel, saí de casa, peguei no carro e acelarei bastante até ao local.Cheguei lá só se polícias, médicos,...
Tentei entrar no local mas logo fui parado por um polícia.
- peço-lhe por tudo, deixe-me entrar - implorei.
Ele lá me deixou entrar quando se apercebeu que era eu.
As minhas lágrimas escorreram ainda mais, quando vi a minha menina, a ser embrulhada naquele papel.
- SARAAAA - gritei.
Toda a gente olhou para mim e um rapaz veio ter comigo.
- Lamentamos o que aconteceu Austin - o rapaz falou com uma cara triste.
Eu conhecia-o, era um amigo meu, desde infância e ele conhecia a Sara também.
- diz-me que não é ela - eu disse entre choro.
- lamento mesmo Austin - o rapaz abraçou-me.
Larguei-me dele.
O meu mundo tinha acabado. A minha razão de viver tinha acabado. Porquê ela? Porque é que não fui eu? Queria tanto voltar atrás no tempo e ter impedido Sara de ir comprar a porcaria de umas bolachas. Estavamos tão felizes e , tudo acaba assim. PORQUÊ?
- Deixa-me vê-la uma última vez - pedi ao rapaz e ele arregalou os olhos.
- Tens a certeza? - ele perguntou franzindo a sobrancelha.
Assenti com a cabeça. Lágrimas escorriam pela minha cara.
O rapaz levou-me ao sítio onde ela estava, tirou um bocado daquele papel para cobrir os mortos e eu vi-a.
A minha menina, é mesmo a minha menina.- eu já volto - falou o rapaz.
Assenti com a cabeça.
- Sara, sei que não me vais ouvir mas quero que saibas que te amo mais que tudo e todos, para sempre. A minha vida acabou agora porque és tu a minha vida.
O meu sorriso desapareceu tal como a razão dele, tu.
Eu, não sei o que te dizer, eu estou parvo com isto tudo. E agora? Quem me vai acordar aos berros a dizer que quer as minhas panquecas? Quem me vai acordar com beijos ? Quem me vai dizer que me ama? Quem me vai fazer feliz como tu fazias?
Se eu pudesse Sara, eu tinha-te impedido de teres saído de casa. Eu tinha parado o tempo antes de bateres naquele camião, eu tinha feito tudo, mas não fiz nada e perdi-te.Disse tudo a chorar.
- Austin, lamento mas temos de ir - o meu amigo informou. IAM LEVAR A MINHA MENINA.
Assenti com a cabeça e começou a chover de repente.
Saí daquele local com o carro, enquanto lágrimas me escorriam pela cara.* DIA DO FUNERAL *
Estava cheio o cemitério. Se eu pudesse não estava aqui , não gosto de chorar em frente às pessoas. O padre já foi embora, o funeral acabou, mas pessoas continuam aqui.
A mãe dela está a chorar. Deu durante o funeral todo fiz um enorme esforço para não chorar, engolindo em seco cada palavra que o padre dizia, às vezes escorriam lágrimas mas eu limpava-as logo.
- Austin - uma voz atrás de mim falou.
Era o Juss, estava a chorar também.
Ele abraçou-me forte assim que me virei.A pessoa de quem já tive ciúmes está agora agarrada a mim a chorar. Fui tão estúpido por ter discutido tantas vezes com a minha menina por causa de ciúmes estúpidos.
Ela ia sorrir se tivesse a ver este abraço.
- ela ia sorrir se estivesse a ver este abraço Austin - Justin falou.
Parece que leu a minha mente.
- tens um irmão aqui para toda a vida, eu sei que custa, mas eu estou aqui - Justin contiuou.
Assenti.
Larguei-me e logo desviei o olhar para a mãe dela. Vem em direcção a mim e agarra-me a chorar.
- Temos que ser fortes - ela disse a chorar. -ela amava-te imenso, sabes disso, não sabes?
Larguei-a e assenti fixando o nossos olhos.
PORQUÊ SARA? PORQUE É QUE ME DEIXASTE AQUI?