57° Capítulo [penúltimo capítulo]

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* passado uma semana *

- Austin, estou com um desejo enorme. - disse pela milésima vez.

- o quê? -perguntou franzindo a sobrancelha.

- quero aquelas bolachas que se compra naquela loja, tu sabes, aquelas bolachas com chocolate. - disse feliz.

- mas é tarde Sara - ele falou como se estivesse a reclamar.

-a loja só fecha daqui a uma hora. - disse triste. - eu vou lá num instante.

- vais sozinha? - Austin perguntou.

Assenti com a cabeça.

- Estás muito doente amor, portanto vais ficar no sofá muito sossegado - disse chegando-me ao pé dele.

Dei-lhe um beijo bastante demorado, peguei na carteira, gritei um " eu já volto, amo-te muito ", ouvi um " amo-te mais princesa", fechei a porta, peguei no carro e fui comprar as minhas bolachas.

Comecei o meu caminho, normalmente, pus o rádio mais alto e mais 20 minutos e estava lá.

Ia descansada quando, de repente, numa intersecção, o camião passa a estrada, tento travar mas impossível.

* PUUUMMM * um estrondo enorme fez-se ouvir.

* Austin pov *

Estava em casa, liguei a televisão e fiquei a ver um programa qualquer que estava a dar, estava um bocado preocupado com Sara, mas aposto que ela está bem.

* Notícia de última hora, um carro bateu num camião após este ter passado na intersecção.
A rapariga que ia no carro, bastante jovem ainda, morreu e o seu carro ficou desfeito, o camião ficou com alguns problemas mas o condutor está bem, ainda não temos imagens do caso mas já estamos a ir para o local " falou um senhor do telejornal.

AI A MINHA SARA, VOU LIGAR PARA VER SE ELA ESTÁ BEM.
Liguei uma vez, não atendeu, liguei novamente, não atendeu.

Atende Sara - berrei para o telemóvel.

Vou esperar mais um bocado, já deve estar a chegar a casa.

*Já estamos aqui no local onde ocorreu o acidente. A jovem rapariga era um bocado famosa, porque já tivera pousado para algumas revistas e era namorada de um cantor jovem com uma carreira, mais ou menos, iniciante. *

Ouvindo isto, pensei logo que fosse a Sara.
Mas não pode ser.
Continuei a ver a notícia e vi que o carro era parecido com o da Sara.
Fiquei sem saber o que fazer. Peguei no telemóvel, saí de casa, peguei no carro e acelarei bastante até ao local.

Cheguei lá só se polícias, médicos,...

Tentei entrar no local mas logo fui parado por um polícia.

- peço-lhe por tudo, deixe-me entrar - implorei.

Ele lá me deixou entrar quando se apercebeu que era eu.

As minhas lágrimas escorreram ainda mais, quando vi a minha menina, a ser embrulhada naquele papel.

- SARAAAA - gritei.

Toda a gente olhou para mim e um rapaz veio ter comigo.

- Lamentamos o que aconteceu Austin - o rapaz falou com uma cara triste.

Eu conhecia-o, era um amigo meu, desde infância e ele conhecia a Sara também.

- diz-me que não é ela - eu disse entre choro.

- lamento mesmo Austin - o rapaz abraçou-me.

Larguei-me dele.

O meu mundo tinha acabado. A minha razão de viver tinha acabado. Porquê ela? Porque é que não fui eu? Queria tanto voltar atrás no tempo e ter impedido Sara de ir comprar a porcaria de umas bolachas. Estavamos tão felizes e , tudo acaba assim. PORQUÊ?

- Deixa-me vê-la uma última vez - pedi ao rapaz e ele arregalou os olhos.

- Tens a certeza? - ele perguntou franzindo a sobrancelha.

Assenti com a cabeça. Lágrimas escorriam pela minha cara.

O rapaz levou-me ao sítio onde ela estava, tirou um bocado daquele papel para cobrir os mortos e eu vi-a.
A minha menina, é mesmo a minha menina.

- eu já volto - falou o rapaz.

Assenti com a cabeça.

- Sara, sei que não me vais ouvir mas quero que saibas que te amo mais que tudo e todos, para sempre. A minha vida acabou agora porque és tu a minha vida.
O meu sorriso desapareceu tal como a razão dele, tu.
Eu, não sei o que te dizer, eu estou parvo com isto tudo. E agora? Quem me vai acordar aos berros a dizer que quer as minhas panquecas? Quem me vai acordar com beijos ? Quem me vai dizer que me ama? Quem me vai fazer feliz como tu fazias?
Se eu pudesse Sara, eu tinha-te impedido de teres saído de casa. Eu tinha parado o tempo antes de bateres naquele camião, eu tinha feito tudo, mas não fiz nada e perdi-te.

Disse tudo a chorar.

- Austin, lamento mas temos de ir - o meu amigo informou. IAM LEVAR A MINHA MENINA.

Assenti com a cabeça e começou a chover de repente.
Saí daquele local com o carro, enquanto lágrimas me escorriam pela cara.

* DIA DO FUNERAL *

Estava cheio o cemitério. Se eu pudesse não estava aqui , não gosto de chorar em frente às pessoas. O padre já foi embora, o funeral acabou, mas pessoas continuam aqui.

A mãe dela está a chorar. Deu durante o funeral todo fiz um enorme esforço para não chorar, engolindo em seco cada palavra que o padre dizia, às vezes escorriam lágrimas mas eu limpava-as logo.

- Austin - uma voz atrás de mim falou.

Era o Juss, estava a chorar também.
Ele abraçou-me forte assim que me virei.

A pessoa de quem já tive ciúmes está agora agarrada a mim a chorar. Fui tão estúpido por ter discutido tantas vezes com a minha menina por causa de ciúmes estúpidos.

Ela ia sorrir se tivesse a ver este abraço.

- ela ia sorrir se estivesse a ver este abraço Austin - Justin falou.

Parece que leu a minha mente.

- tens um irmão aqui para toda a vida, eu sei que custa, mas eu estou aqui - Justin contiuou.

Assenti.

Larguei-me e logo desviei o olhar para a mãe dela. Vem em direcção a mim e agarra-me a chorar.

- Temos que ser fortes - ela disse a chorar. -ela amava-te imenso, sabes disso, não sabes?

Larguei-a e assenti fixando o nossos olhos.

PORQUÊ SARA? PORQUE É QUE ME DEIXASTE AQUI?


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