Bem vindo de volta!

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Abrir os olhos depois de tanto tempo fechados foi quase impossível. A luz que entrava pelas persianas da janela parecia atravessar suas pálpebras fechadas, criando um incômodo pulsar atrás dos olhos. Lentamente, com um esforço que parecia drenar suas últimas forças, ele conseguiu entreabrir os olhos, apenas para fechá-los rapidamente diante da clareza ofuscante. O segundo esforço foi mais bem-sucedido, e ele manteve os olhos abertos, piscando repetidamente até que sua visão se ajustasse à luz.

A primeira visão foi o teto branco, com pequenas manchas de umidade espalhadas aqui e ali, um contraste gritante com o vazio absoluto que o envolvera durante o coma. Aquele teto, de certa forma, era reconfortante – uma prova de que ele estava de volta à realidade, por mais que fosse apenas um teto branco e sem graça do hospital.

Mover-se parecia uma missão impossível; seu corpo não respondia aos seus comandos. Claro, depois de tanto tempo em coma, seria difícil voltar, ainda que ele estivesse ali acordado e tivesse consciência disso, ainda parecia estar anestesiado de alguma forma, não conseguindo entender seus sentimentos ou simplesmente ficar feliz por ter acordado.

Com os olhos, ele explorou o ambiente. Havia um monitor cardíaco ao lado da cama, emitindo bipes rítmicos que coincidiam com as batidas do seu próprio coração. Tubos e fios saíam do seu braço direito, conectando-o a bolsas de soro e dispositivos de monitoramento. Havia um botão de emergência que ele imaginou que traria alguém até seu quarto.

Com um esforço incrível, ele levantou sua mão esquerda com uma dificuldade fora do normal, mas o suficiente para colocar o dedo anelar em cima do botão. Já era uma vitória. Respirando fundo novamente, ele pressionou o botão para baixo com toda a força que tinha, finalmente o apertando. O botão fez um "pip". Era o primeiro som que passava por seus ouvidos depois de acordar e, embora fosse irritante, era animador.

Ele voltou a encarar o teto branco, perguntando-se se estava realmente acordado ou se era uma alucinação, pesadelo, ou apenas sua imaginação lhe pregando uma peça e lhe enchendo de esperança que depois acabaria consigo.

Não demorou muito para escutar alguns passos no corredor. Julgando pelo barulho, poderiam ser mais de uma pessoa. Os passos pararam e ele pôde escutar uma voz feminina.

— Vou só verificar o paciente do quarto 202. Ele pode ter tido algum espasmo. Já vou lhe ajudar. — Ela se despedia da outra enfermeira e finalmente abriu a porta, entrando no ambiente e fechando-a novamente.

Caminhou calmamente até a cama, esperando encontrar a mesma cena de todos os dias: o paciente deitado em silêncio, preso em um sono profundo e sem fim.

No entanto, ao chegar perto da cama, ela notou imediatamente algo diferente. Os monitores estavam registrando uma atividade incomum, e seus olhos se fixaram no paciente, que agora tinha os olhos abertos e focados nela.

Por um momento, ela ficou paralisada, o choque percorrendo seu corpo como uma descarga elétrica. Seu coração acelerou, e sua mente correu para processar o que estava vendo. Ela piscou várias vezes, quase sem acreditar no que seus olhos registravam. Pacientes em coma há tanto tempo raramente relatavam acordados, e quando o faziam, era um evento raro.

— Meu Deus — sussurrou, ainda incrédula, antes de recuperar a compostura profissional. Aproximando-se rapidamente da cama, ela tentou transmitir calma e conforto, apesar de ainda sentir a adrenalina pulsando em seu corpo.

— Olá, eu sou a enfermeira Ana. Você pode me ouvir? — Ela disse, sua voz suavemente trêmula. O paciente piscou lentamente, sinalizando que entendia.

Ela verificou os monitores, ajustou os tubos e dispositivos, certificando-se de que tudo estava funcionando corretamente. Apesar de sua experiência, ela não conseguiu afastar o espanto e a alegria que sentiu ao ver o paciente, que por tanto tempo havia sido uma presença silenciosa e imóvel, agora interagir minimamente consigo.

Meu prostituto favorito - SeungchanOnde histórias criam vida. Descubra agora