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Mais uma vez, estou aqui. Observando a neve cair da janela do meu quarto enquanto deixava as lágrimas escorrendo por meu rosto.
Ele não veio. Mais um ano onde meu pai estava ocupado demais salvando outras pessoas para vim visitar o/a próprio/a filho/a.
Já me acostumei com isso, afinal, costumo vê-lo apenas uma vez por semana, quando ele tem tempo para mim. Parece engraçado, eu deveria estar feliz por meu pai ser um grande herói...
De que adianta ganhar o mundo e perder sua família?
Minha mãe morreu quando eu era apenas uma criança, e agora que cresci, passo a maior parte do tempo estudando e treinando para ser um/a herói/ina tão forte quanto meu pai. Mas... de que adinta se ele não está aqui para ver minhas conquistas.
O relógio marcou meia-noite. É... meu aniversário acabou, e eu sequer recebi uma mensagem dele.
O que eu ainda estou fazendo acordado/a? Por que eu ainda acho que ele vai vir? Ele nunca vem. Não seria diferente agora.
Decido que o melhor a se fazer é ir dormir, então, com um suspiro exasperado desligo as luzes e deito em minha cama, tentando esquecer esse dia.
Horas mais tarde...
Senti algo tocar meu ombro, mas estava com tanto sono que apenas resmunguei e continuei a dormir, mas logo, senti novamente algo tocar meu ombro e me obriguei a abrir os olhos.
— Mas o que diabos... Pai?
Arregalo os olhos ao ver meu pai ali, com uma expressão cansada e os cabelos levemente bagunçados.
Ele colocou uma mão sobre a minha, olhando em meus olhos.
— Eu sinto muito por não ter chegado a tempo do seu aniversário. Eu até teria chegado mais cedo, mas precisei de muito trabalho para tre trazer isto...
Ele estende uma caixa para mim, embrulhada com um papel de presente.
Franzo a testa e seguro a caixa, confuso(a) com aquilo.
— O que é isso?
— Seu presente de aniversário.
Olho para ele novamente, arregalando os olhos com surpresa.
Um pequeno sorriso se abre em seus lábios, e vejo ele apontar para a caixa.
— Abra. Quero ver sua reação.
Sorrio e começo a desembrulhar a caixa, e assim que meus olhos encontram o conteúdo dentro dela, sinto pequenas lágrimas se formando em meus olhos.
Dentro da caixa, havia um colar, que eu bem sabia de onde era.
— Era da sua...
— Da minha mãe. — Interrompo segurando o colar na mão. — Eu vi nas fotos do nosso álbum.
Minha mãe havia morrido no meu parto, e eu nunca soube como era tê-la comigo, mas desde criança, pedia ao meu pai para que me desse algum pertence dela, para que eu pudesse a sentir comigo.
— Eu espero que você tenha gostado... —Meu pai começa a falar, mas o interrompo pulando em cima dele para o abraçar, consequentemente o derrubando na cama.
— Obrigada, pai! Eu te amo!
Senti as lágrimas molhando minhas bochechas, e consegui ouvir uma pequena risada antes de meus cabelos serem acariciados.
— Eu também te amo, filho(a). Me perdoe por não ser tão presente...
Ele deixou um beijo em minha testa, abraçando meu corpo com carinho.
Eu não me importava se ele não estaria ali na noite seguinte, o que importa é que ele está aqui agora, e sei que sempre está pensando em mim, mesmo quando está salvando outras pessoas.
