As paredes tem ouvidos

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120 d.C

O som das enormes portas de madeira corroidas pela maresia do Castelo Derivamarca sendo abertas foram ouvidas por todos os presentes que ali estavam, Daerys Targaryen que ainda mantinha seu pequeno irmão Joffrey em seu colo ainda se encontrava desolada e coberta por pensamentos sobre como agora estava pisando no mesmo solo que sua tia Laena Velaryon pisará mesmo em seus últimos suspiros de vida, pensamentos esses que a fizeram perder um pouco das forças e pedir a sua mãe, Rhaenyra Targaryen, para que pegasse Joffrey de seu colo agora, olhou disfarçadamente para o lado e viu seus tios e tia juntamente com seu avô Viserys e a Rainha Alicent lado a lado, percebeu que Aegon a olhava a todo segundo com uma expressão de tristeza, ressentimento e ansiedade em seus olhos para provavelmente conversar com a mesma, balançou minimamente a cabeça em um aceno positivo para seu tio em uma forma de acalmá-lo e voltou a olhar para frente tendo a visão das portas totalmente abertas dando finalmente a chance de entrarem do grande castelo.

Passos ecoavam pelo grande corredor se misturando com os sons das ondas do lado de fora até o salão do Trono de Madeira onde iriam encontrar a Corlys Velaryon e sua esposa Rhaenys Targaryen que os esperava desolados, Daerys não prestou muita atenção nos comprimentos que eram dados e recebidos de seus parentes, procurou pela figura de suas primas Baela e Rhaena no grande salão mas não obteve sucesso, assim como a de seu tio Daemon que esperava vê-lo para comprimentar sua mãe e irmão mas também não o viu, além de que sua mente também vagava mais uma vez para longe antes mesmo que pudesse perceber, até sentir uma presença a sua frente que a fez olhar lentamente para cima e encontrar os olhos de sua dita avó que nesse momento tinha seus olhos fixados em cada detalhe do rosto de sua neta até que finalmente falasse. —Olá Princesa Daerys. — Um breve comprimento rouco e baixo foi lançado em direção a mais nova que respondeu nervosamente. — Olá Princesa Rhaenys...Meus sentimentos...— Não sabia muito bem como chamá-la, sempre ouviu que Rhaenys era dita como a Rainha que nunca foi, mas achava aquele nome que lhe foi dado muito rude e por isso jamais o diria diretamente a mesma. —Exatamente como Laena descrevia. — Aquela fala da mais velha fez Daerys franzir as sobrancelhas. —Desculpe?. — Sem entender perguntou. —Você é exatamente como minha filha me dizia, tem um semblante forte assim como nossos ancestrais Valirianos. — Rhaenys dizia enquanto lentamente levou uma de suas mãos ao rosto de Daerys, fazendo lhe um suave carinho abaixo de seus olhos, mantendo um leve sorriso fechado em seu rosto enquanto mantinha a cabeça inclinada levemente, deixando a menor paralisada sem saber como agir diante aquilo, mas antes mesmo que pudesse pensar em uma resposta Rhaenys a deixou indo em direção a seu Avô e Rei.

Algum tempo havia se passado desde que haviam chegado a Derivamarca, neste momento já estavam em seus devidos aposentos que foram os ditos diretamente por Corlys Velaryon, esse que Daerys não havia trocado palavras até então mesmo sem saber o motivo verdadeiro pelo fato de tê-lo visto em sua chegada ao castelo, mas pensou que talvez o mesmo estivesse sobrecarregado demais com toda a dor de perder sua amada filha, dor essa que a jovem Princesa também carregava no mesmo momento em que agora estava se trocando depois de um breve banho que lhe foi preparado,  já totalmente vestida com um vestido azul escuro com detalhes em dourado para representar a Casa de sua tia em um dia tão triste e trágico, enquanto olhava a si mesma ouviu batidas na porta de seus aposentos que achou ser sua mãe quando concedeu a entrada, mas para sua surpresa ela foi aberta por uma figura que ela nem imaginaria que veria naquele momento, seu pai Leanor parado em frente a porta que agora foi fechada, a expressão em seu rosto era de um homem perdido e sem saber como iniciar um diálogo com sua própria filha que não via a meses e que agora estava ali em sua frente. —Meu pai?. — Foi a única coisa que Daerys conseguiu dizer enquanto o olhava com uma feição de dúvida e um pouco de mágoa esperando uma resposta, mas a única reação que Leanor teve foi a de ir em direção a sua filha caindo de joelhos em sua frente e a abraçando fortemente, a Princesa em questão ficou sem saber como reagir a aquele abraço repentino vindo de seu pai, esse que depois de algum tempo de seu crescimento deixou de demonstrar afeto em relação a mesma e seus irmãos. —Esse é meu castigo por todo o mal que causei em minha vida, Laena se foi e eu quase perdi minha família...Me perdoe minha pequena...por favor perdoe-me por me afastar de você... — Percebeu que seu pai agora chorava ainda abraçado a si, resolveu retribuir vagamente o abraço e tentar acalmá-lo até perceber o cheiro ruim de álcool que vinha do homem. —Papai o senhor está bêbado?. — Não sabia ao certo como montar suas falas diante de que era a primeira vez que via seu pai daquela forma. —Sua mãe não sabe que estou aqui... — Leanor disse após levantar seu rosto banhado em lágrimas em direção a sua filha, não sabia como iria falar com sua esposa depois dali. —E porquê o senhor não falou com ela primeiro?. — Daerys perguntou confusa pois sabia que o quarto de sua mãe ficava de frente ao seu no castelo. —Estou...estou me sentindo envergonhado por todo esse tempo que fiquei sem voltar, e por este motivo não sei como me dirigir a ela... — Explicou o mais velho entre soluços que Daerys não sabia se eram causados pelo choro ou pela bebida, até que sentiu uma das mãos do homem irem em direção a sua cabeça onde foi feito um leve carinho, Leanor havia percebido mesmo um pouco alterado o quanto sua filha havia crescido desde a última vez que a viu, mais lágrimas começaram a cair de seus olhos ao perceber o quanto o olhar de Daerys se parecia com o de sua falecida irmã ao direcionar sua atenção a si mesmo em momentos em que se sentia deprimido e era acolhido nos braços da mesma. —Não diga nada a sua mãe que estive aqui por enquanto, irei falar com ela no momento certo... — Disse seu pai ao levantar-se do chão ainda com uma mão em sua cabeça, o olhava confusa ao notar que as lágrimas começavam a cair novamente dos olhos do mesmo, mas antes que pudesse dizer algo viu quando Leanor foi em direção a porta e antes de sair virou-se em direção a sua filha mais uma vez. —Os Deuses te abençoaram com o mesmo olhar de Laena minha filha. — Finalizou e enfim fechou a porta, deixando Daerys ainda parada no meio do grande quarto com os pensamentos aflorados em sua mente.

A Bastarda Legítima(O retorno da magia de Valiria) Onde histórias criam vida. Descubra agora