▸ 𝗖𝗛𝗔𝗣𝗜𝗧𝗥𝗘 𝟬𝟭

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01.𝐖𝐇𝐀𝐓'𝐒 𝐔𝐏, 𝐒𝐓𝐑𝐎𝐍𝐆?
prólogo

Sentado sobre o parapeito da varanda, ele soltou a fumaça do cigarro e afastou a mão com o fumo entre os dedos. Um de seus pés pendia para o lado de fora da sacada, balançando às vezes quando o vento batia.

O olhar perdido de Aemond Targaryen desviou para o horizonte escuro onde os primeiros raios de sol começavam a surgir, levantando-se em finas listras alaranjadas sob o céu azul-marinho.

Deu outra tragada. Fumar era uma de suas válvulas de escape, para aliviar as frustrações e irritações. Mesmo sendo um veneno que intoxicava seus pulmões dia após dia, ele não conseguia largá-lo.

Aemond curvou os lábios num meio-sorriso disfarçado.

Manhãs assim pareciam transportá-lo de volta no tempo, cheio de memórias turvas e sentimentos caóticos; um rosto familiar como centro de cada lembrança.

Seu peito doía, a garganta queimava e a visão embaçada pelas lágrimas não derramadas.

Um misto de emoções, mas a saudade sempre foi o centro delas.

Deixou as primeiras lágrimas descerem pela bochecha até o queixo. Sua mão voltou a colocar o cigarro entre seus lábios, e desceu o olhar até o peitoral desnudo. Aemond se arrependia de várias merdas que fez na adolescência, mas aquela tatuagem, nunca seria uma delas.

“Take my whole life too”.

Pequena e simples; a caligrafia horrorosa com muitos significados.

Se fizesse um pouco de esforço, conseguiria ouvir o ruído da máquina de tatuagem e sentir a dor latente das agulhas perfurando a pele, deixando sua tinta. Já se passaram bons sete anos, muita coisa se perdeu no tempo, e aquele dia continuava sendo o mais especial de sua vida.

— For I can't help, falling in love with you… — cantarolou, a voz trêmula sumindo a cada nova palavra.

E, Aemond sentiu o corpo arrepiado; a voz gentil preencheu seus pensamentos. Quase um sussurro que canta aquela mesma música. Era nostálgico e, ao mesmo tempo, cruel.

Os olhos violeta escurecendo, restando apenas uma pontinha fina de cor em volta da pupila dilatada. Foi automático, ele sequer pareceu notar quando a mão livre foi até o peito e deslizou a ponta dos dedos sobre a linha da tatuagem. Sorrindo fraco ao encarar o céu.

Era inevitável.

Sempre que lembrava daquela velha música, seu corpo agia daquela forma.

Sinto sua falta, Hela.

— Se rolar segundo round, eu meto o pé!

De repente, um grito divertido ecoou no silêncio. Aemond piscou, desviando o olhar para baixo e reconhecendo o próprio carro.

E, a silhueta encostada ao capô do carro numa postura relaxada, mas enigmática, com a perna dobrada e apoiada no para-choque. O óculos de sol sobre os cabelos, braços cruzados e o sorriso filho da puta presente nos lábios.

Lá está ele, seu melhor amigo.

Jacaerys.

Aemond fungou baixinho e deixou um sorriso cafajeste escapar, se engasgando com a fumaça do cigarro antes de atirá-lo pela janela. Saiu da varanda exibindo o dedo do meio.

— Vai se foder! — gritou risonho, abaixando a mão.

Quando se endireitou, uma fina latência espetou suas costas e desceu pela coluna. Ele fechou um dos olhos, estremecendo por conta dos arranhões, por fim, pegando a camisa jogada no chão e a carteira.

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⏰ Última atualização: Jul 26 ⏰

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