𝒳𝒳𝒳𝐼𝒱

62 4 0
                                    

Surya

Eu me sentia aliviada por ter passado despercebida na rota do sândalo. 

O perfume adocicado ainda pairava no ar, uma lembrança dos riscos que eu corria. Era um alívio não ter sido descoberta, mas meu coração ainda batia acelerado com a adrenalina da fuga.

Maxon, no entanto, era um enigma. Seu comportamento próximo a mim era confuso, oscilando entre a frieza e uma estranha preocupação. Não entendia suas motivações, mas sabia que ele guardava segredos, assim como eu.

Enquanto caminhava pelo Palácio Branco, admirei as paredes imaculadas e os corredores banhados pela luz do sol, refletindo um brilho etéreo. Hadassa me encontrou, segurando uma carta.

— Surya, esta é para você — disse ela, entregando-me o envelope com um sorriso.

Reconheci imediatamente a caligrafia de meu irmão Lucien. Com dedos trêmulos, abri a carta e li suas palavras ansiosas.

"Surya,

Estou retornando à Corte Noturna e gostaria muito de encontrar-me com você. Há assuntos urgentes que precisamos discutir.

Com carinho,
Lucien."

A notícia trouxe um misto de alegria e preocupação. Lucien estava voltando, e eu precisava vê-lo. Apressei-me a encontrar meu pai, buscando sua orientação e apoio.

Ao me aproximar dos aposentos de meu pai, ouvi vozes elevadas e cheias de tensão. Encostei-me na porta entreaberta, espiando através da brecha. Reconheci as vozes de Helion e Maxon.

— Beron declarou apoio a Hybern — dizia Helion, sua voz carregada de frustração. — Ele abriu as fronteiras da Corte Outonal. Precisamos de um conselho imediato. A Corte Estival e a Corte Invernal estão vulneráveis. É uma questão de tempo até que Tarquin ceda.

Maxon interveio, um toque de escárnio em sua voz.

— Eris e Lyana deixaram a Corte Outonal há alguns dias. Ninguém sabe onde estão. Provavelmente os recém-casados estão no cio, sem se importar com a guerra.

Senti a fúria crescer dentro de mim. Não podia permitir que Maxon desrespeitasse minha amiga. Empurrei a porta e entrei na sala, interrompendo a reunião.

— Exijo respeito por Lyana — declarei, meus olhos fixos em Maxon.

Ele abaixou o olhar, não ousando responder na frente do meu pai. Helion, no entanto, me repreendeu com severidade.

— Não é hora para isso, Surya.

Ignorando sua advertência, continuei.

— Estou partindo para a Corte Noturna agora mesmo. Encontrarei Lucien e providenciarei para que ele saiba do que está acontecendo aqui. E você deveria vir comigo.

Helion vacilou, claramente afetado pela menção de Lucien. Ainda era uma ferida aberta.

— Helion, Kallias precisa de proteção na Corte Invernal. É o que deve ser feito — disse Maxon, a voz mais controlada.

Eu estava determinada. Precisava encontrar meu irmão, e na Corte Noturna também teria uma chance de falar com Lyana.

— Preciso encontrar Lucien, pai. Na Corte Noturna, também será mais fácil informar Rhysand sobre os planos de guerra da Corte Outonal.

Helion balançou a cabeça, recusando a ideia.

— Eu sou a herdeira! Tenho o direito de ser a portadora dessas mensagens! — implorei, vendo uma hesitação em seus olhos.

Corte de Luz e Sombras - Livro 1 - Fanfic ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora