Azriel
O vento soprava frio e constante contra meu rosto enquanto eu voava em direção a Velaris.
O peso leve de Elain em meus braços. A vastidão do céu noturno se estendia acima de nós, pontilhada por estrelas que pareciam sussurrar segredos antigos. Abaixo, o mundo passava em um borrão de sombras e luzes distantes. Cada batida das minhas asas era um lembrete do poder e da liberdade que eu possuía, mas naquela noite, minha mente estava distante, presa em memórias recentes e inquietantes.
Lembrava-me vividamente da noite na Corte dos Pesadelos, quando Lyana carregou a cabeça de Keir como um troféu macabro. A visão dela, firme e implacável, marcou-me profundamente. Desde que chegara a Prythian, nunca havia tido muita proximidade com ela, mas sempre senti sua presença poderosa. Ela era tão formidável quanto seu irmão Rhysand, talvez até mais em certos aspectos. A imagem dela naquela noite, os olhos brilhando com uma determinação feroz, não sairia tão cedo de minha mente.
Virei meu olhar para Elain. Ela parecia diferente agora, uma mudança sutil mas inegável. Antes de tudo o que aconteceu, gostava do silêncio de sua companhia, a serenidade que ela trazia ao meu redor. Mas desde que fui capturado por Hybern, Elain parecia... diferente. Havia uma tensão em seu corpo, uma sombra em seus olhos que não estava lá antes. Ela se sentia ameaçada, constantemente em alerta.
Quando ela insistiu que eu a levasse em voo para Velaris, alegando gostar de voar, hesitei. Não queria estar com ela naquele momento, mas cedi. Mesmo agora, ela mantinha os olhos fechados, como se preferisse não encarar o mundo abaixo de nós. As sombras que eu dominava estavam agitadas, dançando inquietas ao nosso redor, refletindo minha própria turbulência interna.
No banquete, antes de tudo acontecer, Surya estava magnífica naquele vestido. O tecido parecia quase líquido, deslizando sobre suas curvas de uma maneira que fez meu coração acelerar. O tecido cintilava à luz das velas, uma visão que era ao mesmo tempo tentadora e provocante.
Senti o ar fugir do meu corpo ao vê-la assim, cercada por olhares de admiração. Mas disfarcei isso como preocupação, como proteção. Surya havia se tornado especial para mim de uma maneira que eu não conseguia articular completamente. Ela salvou minha vida mais de uma vez. E embora a dor de ver outros olharem para ela com desejo me corroesse, sabia que minha devoção por ela era mais forte.
Durante o banquete, fiquei tentado a me aproximar, mas a presença de Maxon, me conteve. Maxon era uma presença imponente, muito alto e forte, com cabelos prateados e pele bronzeada, características típicas do povo da Corte Diurna. Não gostei da maneira como ele se aproximava de Surya, como se a conhecesse intimamente.
Não conseguia desvendar se ela estava repudiando ou aceitando a proximidade de Maxon. Havia uma ambiguidade em suas ações que me deixava inquieto. Queria intervir, fazer algo, mas ao mesmo tempo, não queria parecer irracional, ou... esquisito. A interrupção de Lyana no banquete foi um alívio inesperado. Sentia-me salvo de cometer uma atitude impensada, algo que poderia ter consequências desastrosas.
Finalmente, Velaris surgiu à vista, suas luzes brilhando como estrelas contra a escuridão. Desci suavemente, pousando no jardim da casa da cidade. Onde Elain insistia em ficar, mesmo sabendo que a maioria de nós acompanhou Rhys e Feyre para uma casa maior. Elain abriu os olhos devagar, seu olhar perdido por um momento antes de focar em mim:
— Obrigada, Azriel — murmurou, sua voz suave e doce.
Assenti, colocando-a de pé com cuidado:
— De nada, Elain. Vamos entrar.
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Corte de Luz e Sombras - Livro 1 - Fanfic ACOTAR
FanfictionApós anos sobrevivendo nos calabouços de Hybern, duas amigas conseguem escapar por um triz, retornando a Prythian. Lutando por seu lugar de direito na Corte Diurna e se estabelecendo dentro do círculo íntimo, Surya e Lyana tentam unir aliados para d...