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Lyana

A madeira estalava na lareira, enquanto as chamas crepitavam, suas labaredas dançavam como sombras de memórias que ainda insistiam em me assombrar. ]

O teto era alto, com vigas escuras e pesadas, esculpidas em formas intricadas de criaturas feéricas que observavam silenciosamente. Os móveis eram opulentos, feitos de madeira escura polida e adornados com detalhes em ouro e prata. Em um canto, uma mesa de ébano estava repleta de pergaminhos, penas e frascos de tinta, o legado de uma noite de trabalho intenso.

Eu estava enrolada em lençóis de seda negra que acariciava minha pele com a suavidade de um sussurro, sentada em um tapete luxuoso enquanto o calor das brasas aquecendo meu corpo e meus pensamentos correndo livres. Vestia uma túnica de veludo azul-escuro, bordada com fios prateados que formavam padrões de estrelas e constelações. O tecido brilhava à luz das chamas, e eu me sentia tanto uma rainha quanto uma prisioneira em meu próprio palácio. Os ecos da Corte dos Pesadelos ainda reverberavam em minha mente. A morte de Keir havia deixado um rastro de incerteza e caos, e eu não podia evitar de me pensar como a usurpadora em um tabuleiro de xadrez, movendo peças que nunca foram minhas. Os dias na Corte dos Pesadelos tinham sido tumultuados desde minha chegada com Eris.

O peso da coroa agora repousava em minha cabeça, e com ela, a responsabilidade de moldar um futuro que parecia sombrio. Enquanto observava as chamas, lembrei-me de como Eris me olhava, seus olhos verdes refletindo tanto amor quanto dor. Ele havia me presenteado com uma aliança de rubis no dia de nosso casamento, que agora reluzia no meu dedo, marcando não só nossa união, mas também o acordo que compartilhávamos — um laço que, embora forte, não era inquebrável quanto um verdadeiro laço de parceria. A marca em meu pescoço, idêntica à dele, pulsava como um lembrete constante de que nossa ligação era feita de acordos e não de corações.

Permitir que a esposa de Keir continuasse em sua residência e administrasse a riqueza da família foi um movimento estratégico. Não sabia se ela lamentava ou agradecia a morte do marido. A tristeza em seus olhos era profunda, mas havia um brilho de alívio que não passava despercebido. Era um jogo de poder que ela precisava jogar com cuidado, e eu, como nova regente, estava atenta a cada movimento.

Aquele dia, um dos irmãos de Keir tentou tomar para si as posses do falecido, incluindo a esposa. Ele era um grão-feérico corpulento, de cabelos grisalhos e rosto marcado por cicatrizes. Sua ganância não conhecia limites, e ele achava que poderia me desafiar. Eris cuidou disso, prendendo-o sem cerimônias. Não houve resistência, apenas um silêncio pesado e resignado entre os presentes.

Decidi exterminar os torturadores da corte para enviar uma mensagem clara. Cada um deles foi submetido às mesmas torturas que infligiram aos outros, utilizando apenas o poder dos meus pensamentos. Era necessário que todos vissem o que acontecia quando se cruzava meu caminho.

No dia após a partida de Rhysand, os irmãos de Eris, Nemesis e Davos, chegaram à Corte dos Pesadelos. Eris os apresentou como seus aliados mais leais antes de partir de volta a Corte Outonal. Nemesis era apenas um pouco mais velho que Davos, mas a semelhança entre ele e Eris era notável. Apenas os cabelos mais longos de Nemesis os diferenciavam. Seus cabelos ruivos caíam até os ombros, e seus olhos eram de um verde intenso, um pouco mais claros que os de Eris. Vestia uma armadura de couro escuro, adornada com detalhes em ouro, que destacavam sua figura esguia e atlética.

Davos, com seus cabelos castanhos, lembrava mais Beron do que sua mãe. Seus olhos eram de um verde profundo, e ele tinha um ar de juventude e determinação. Vestia um manto verde escuro, bordado com símbolos antigos em fio de ouro, que contrastava com sua pele pálida.

Corte de Luz e Sombras - Livro 1 - Fanfic ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora