ᅠᅠEXISTIA UM SENSO de desolação quase que primitivo nas horas que Adrian permanecia plantado em frente da tela do computador, com aquela expressão flácida de contemplação mínima a sua existência tangente ao miserável. De planilhas do Excel para o telefone que sempre tocava, para as pilhas de papéis corpulentas e as reuniões que devia marcar. Na maioria dos dias, se não todos, cada piscada parecia um abismo recorrente entre consciência e o sono, a mente ligada graças a taurina, cafeína e o inositol com adição de vitaminas B em suas veias após alguns energéticos.
As órbitas delineadas pelas olheiras não eram tão notórias, mas o comportamento por si só transmitia a mensagem do óbvio. Os ombros caídos, aquela postura incorreta e a apatia recorrente no rosto, não era raridade para os recém-chegados no escritório pensarem que Adrian revelaria um revólver no bolso a qualquer momento para atirar no primeiro que dirigisse a palavra para ele. Não era apenas estresse, mas também um cansaço que se iniciava antes mesmo do trabalho começar, e que prevalecia quando seu turno se encerrava.
Seu pequeno cubículo era como um mundo a parte do que existia dentro do escritório, uma vez dentro significava ficar quase incomunicável com o que estava além daquelas micro paredes. Dia após dia o mesmo cenário parecia se desenrolar daquela maneira esquisita, onde cada dia era diferente pois coisas variadas ocorriam, mas ainda assim, era a mesma rotina que Adrian estava acostumado desde 5 anos atrás quando havia entrado para a compania.
O Martin sabia precisamente as tarefas que precisava realizar como assistente de escritório, a experiência dos últimos anos o tornavam um dos funcionários mais proeminentes aos olhos de seus superiores. Ele era um cachorro "velho" fazendo os truques que fora instruído a fazer, sem ter ouvido a promessa de um aumento fazia já um tempo, e as cortinas já estavam se fechando para este performista exemplar. Adrian estava ficando cansado de seu emprego, e já estava na hora de admitir isto para si mesmo.
Mas no ponto de vista positivo, aquele era seu último dia antes das suas férias, e estava considerando fazer daquele o seu último dia definitivo.
— Você vai dar o aviso pro chefe antes de ir? — Indagou o colega que trabalhava ao cubículo ao lado, um que Adrian não conversava o suficiente para ter memorizado o nome dele. Talvez fosse Ruppert, Robert, alguma coisa nestas linhas.
