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O sol refletia na água fria do mar do Rio de Janeiro, marcando o nascimento de uma nova manhã enquanto S/n percorria o caminho até seu apartamento no outro lado de Copacabana. Com seus tênis de corrida batendo contra a areia da orla, a morena cantarolava junto com a música de Luísa Sonza que tocava em seus fones. Durante a caminhada, S/n refletia sobre como tinha alcançado muitos dos seus sonhos de juventude: formou-se em Fotografia, fez o tão desejado intercâmbio para a Itália, saiu da casa dos pais em São Paulo e mudou-se para o Rio de Janeiro. Lá, conheceu pessoas incríveis que se tornaram sua família longe de casa e conseguiu uma ótima oportunidade de trabalho. Quase todos os sonhos da pequena S/n se realizaram, exceto um: o de se casar, que ainda permanecia vivo, embora um pouco escondido.

Ela estava desistindo aos poucos disso....

A vida de S/n sempre foi cheia de amor. Seus pais eram um casal admirável, raramente brigavam e sempre demonstravam o quanto eram apaixonados um pelo outro. Ela acredita que essa influência veio de seus avós paternos, que se amaram profundamente e mantiveram suas promessas até a morte. Durante a infância e a adolescência, S/n ouvia sua irmã, Rafaela, falar sobre como seria o casamento dos sonhos e o marido ideal. Suas primas falavam sobre suas paixões na escola, seu irmão, Gabriel, sobre suas namoradas, e suas amigas sobre os crushes intensos. O amor estava presente em todos os lugares ao seu redor.

Foi então que ela conheceu Luiza, a primeira pessoa por quem S/n realmente se interessou amorosamente. Foi uma loucura! Ela ficou verdadeiramente apaixonada e, no final, descobriu que a loira sentia o mesmo, o que resultou no seu primeiro namoro. Quando ela se assumiu para a família, ninguém ficou chocado. Disseram que S/n nunca tinha escondido, então não foi tão complicado como ela imaginava. Quando ela e Luiza assumiram o namoro, suas famílias apoiaram sem hesitar. Inicialmente, tudo era lindo, um clichê adolescente dos sonhos. Mas, no último ano do ensino médio, tudo começou a desmoronar.

Luiza queria controlar S/n de todas as formas possíveis: com quem ela conversava, o que fazia, o que vestia, o que sonhava e, às vezes, até o que comia. Todos perceberam que aquilo não era mais amor, estava se tornando perigoso para ambas. Foi então que os pais de S/n sentiram a necessidade de intervir. Conversaram com a filha e a fizeram entender que ela merecia alguém melhor, merecia o verdadeiro amor. Confiando nos pais mais do que em qualquer outra pessoa, S/n decidiu dar um ponto final naquele relacionamento.

S/n ficou traumatizada com a experiência, mas o sonho de encontrar alguém que mostrasse o que o amor realmente era ainda vivia dentro dela. Ela não conseguia mais se envolver com ninguém. Durante a faculdade, fez terapia, o que a ajudou a sair com algumas pessoas e ter alguns casos, mas nada que pudesse ser chamado de namoro. Ela percebeu que, no mundo atual, encontrar alguém que quisesse algo além de uma noite era raro e exaustivo.

Em uma longa conversa com uma de suas melhores amigas, Renata, S/n percebeu que não precisava ficar procurando. Eventualmente, a pessoa ideal chegaria. Ela apenas tinha que continuar com sua vida.

Hoje, aos 24 anos, S/n se tornou uma sensação no mundo da fotografia, especialmente na área esportiva. Ela já fotografou grandes atletas como Gabriel Medina, Mayra Aguiar, Bruno Schmidt, César Cielo, Guilherme Basseto e Rebeca Andrade. Atualmente, está se juntando à Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) para capturar imagens oficiais durante treinos, jogos e eventos da seleção feminina de vôlei. Ela não poderia estar mais realizada.

Ao chegar em seu apartamento, S/n tirou os tênis e correu direto para o banheiro. Hoje seria seu primeiro dia fotografando as jogadoras, que retornariam de um longo campeonato internacional, e ela precisava estar apresentável. Alguns minutos depois, saiu do banho, vestiu suas roupas íntimas e foi até o quarto enquanto secava os cabelos castanhos com a toalha. Decidiu vestir uma camiseta branca com a estampa de um de seus artistas favoritos, Frank Ocean, um short preto simples e um tênis preto da Adidas. Não era nada muito formal, para não parecer rígida, mas também nada muito casual, para não dar a impressão de despreparo. Era o equilíbrio perfeito.

END GAME • JULIA BERGMANN Onde histórias criam vida. Descubra agora