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Era final de abril, e em três dias, as meninas voltariam para o Brasil para começar os treinos para a VNL. Hoje seria o último jogo da seleção, contra a Sérvia. Embora o resfriado de S/N tivesse melhorado um pouco, Zé Roberto preferiu deixá-la de fora, chamando o fotógrafo reserva, Gabriel, para substituí-la. No hall do hotel, Julia se despediu de S/N, mas não sem antes se certificar de que ela estava tomando todos os remédios necessários. Julia pediu que S/N ligasse caso precisasse de qualquer coisa. S/N, por sua vez, assegurou que estava bem, desejou um bom jogo e avisou que assistiria pela TV.

E foi isso que ela fez, quando o horário do jogo chegou, se sentou na cama do quarto de hotel, ligou a TV e esperou a bola começar a voar pela quadra.

Enquanto esperava o jogo começar, S/N ajustou os travesseiros atrás de si e puxou a coberta até a cintura. Ela sentia-se um pouco melhor, mas o cansaço ainda pesava em seus ombros. O som da torcida na arena invadia o quarto silencioso, e por um momento, S/N fechou os olhos, tentando imaginar como seria estar lá, na linha lateral da quadra, capturando cada momento intenso com sua câmera.

Assim que o jogo começou, S/N viu Julia entrar em quadra, concentrada e determinada. S/N conhecia cada expressão de Julia, e apesar da distância, sentiu o nervosismo da namorada. Ela observou atentamente cada lance, torcendo em silêncio, enquanto o time brasileiro lutava ponto a ponto contra a forte equipe da Sérvia.

O primeiro set foi tenso e equilibrado. As brasileiras pareciam focadas, mas a Sérvia não facilitava. Julia estava jogando bem, com ataques potentes e defesas sólidas. Em um momento crítico, Julia fez um bloqueio espetacular que fez S/N quase pular da cama, comemorando sozinha no quarto. Ela pegou o celular, querendo enviar uma mensagem para Julia, mas se conteve, sabendo que ela precisava de foco total.

O jogo seguiu, e S/N sentia um misto de orgulho e saudade. A saudade de estar perto das meninas, de capturar aqueles momentos com sua lente, e de apoiar Julia de perto. Gabriel estava fazendo um bom trabalho nas fotos, mas S/N não pôde deixar de pensar como teria capturado cada expressão, cada emoção.

No segundo set, as brasileiras começaram a abrir vantagem, e S/N sorria ao ver a confiança crescer no time. Julia estava brilhante, liderando com sua energia contagiante. O jogo terminou com uma vitória convincente do Brasil, e S/N comemorou discretamente no quarto, com um sorriso satisfeito.

Logo depois do apito final, S/N viu uma mensagem entrar no celular: era Julia.

"Vencemos!! Como você está?"

S/N sorriu, rapidamente respondendo. "Eu vi, vocês foram incríveis! Estou melhorando! Gabriel me pareceu esforçado, as fotos vão ficar incríveis"

Julia respondeu: "Eu senti sua falta lá, mas agora quero saber, você descansou de verdade?"

S/N riu sozinha, sentindo o calor da preocupação de Julia.:"Sim, doutora Bergmann. Tomei todos os remédios e agora estou relaxando."

Antes que pudesse enviar mais alguma coisa, o telefone tocou. Era Julia em uma chamada de vídeo. S/N atendeu, vendo o rosto suado e sorridente de Julia.

"Eu precisava te ver" - disse Julia, com um brilho nos olhos- "E ouvir você, só pra ter certeza de que está bem."

S/N sentiu o coração aquecer- "Agora estou melhor ainda. Vocês jogaram muito! Foi lindo de ver."

Elas conversaram por alguns minutos, aproveitando a companhia uma da outra, ainda que virtual. Julia despediu-se, prometendo ligar novamente depois do jantar da equipe. S/N fechou a ligação com o coração aquecido e um sorriso no rosto, pronta para descansar e se recuperar por completo.

END GAME • JULIA BERGMANN Onde histórias criam vida. Descubra agora