𝟷𝟺

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Ray Drake

Peguei as malas de Olívia e coloquei em frente o jatinho, e a vi pulando de alegria, com um sorriso inocente.. ah, nem parecia que na noite anterior tinha implorado pra eu meter mais forte.
Ana estava fazendo carinho na cabeça dela. Ela se virou pra mim, e viu a minha expressão de culpa e preocupação, pelos motivos de levá-las a uma festa tão perigosa e a nossa conversa no outro dia sobre falar a verdade à Olívia. Ana suspirou, e se virou para Olivia, deu um sorriso e disse algo; em seguida, veio até mim.

"Ray, a Olivia não pode ver essas armas" ela tocou na minha mão, que segurava uma pistola.

"Ana, ela sabe que eu sou dono de uma máfia" respondi, olhando-a de cima a baixo, com uma voz seca e fria.

"Mas ela pode ficar assustada" ela tinha um olhar que me fez ter pena. Não só dela, da Olívia.

"Certo, irei esconder.." peguei uma bolsa no fundo do porta malas, e joguei a pistola e outras armas lá dentro, sem olhar pra Ana.

"Ela não sabe que é um encontro de máfias, correto?"

"Sabe, eu contei pra ela.."

"O que? Ray! Eu te disse pra não falar! Ela não ficou com medo?"

"Não. Ela agiu muito feliz. E ela não é burra. Saberia de qualquer maneira ao ver todos aqueles idiotas com prostitutas e seguranças. E ela vai ver a Judith"  Olhei pra Olívia, que estava na mala automática de rodas, parecendo ficar tonta.

"Ah.. bem.. já é estranho ela aceitar isso.. Ray, você não contou pra ela do acordo, correto?" Ana segurava minha mala de coisas pessoais da máfia.

"Não." Respondi secamente. Peguei a mala da mão de Ana com força e fui até o segurança. Entreguei as malas a ele, e em seguida olhei Ana, que me olhava meio triste. Ignorei ela, e passei por Olívia, indo em direção as escadas. "Vamos".

Olívia desceu da mala giratória, pegou e a entregou ao segurança. Ana veio atrás de mim, e Olívia logo atrás dela. Entrei no jatinho e bati minha cabeça no teto. Olívia disse que eu era muito alto e elas riram juntas. Revirei os olhos e me sentei, e Ana se sentou na minha frente. Olivia disse que queria privacidade. Eu observei ela ir pra cabine dos fundos e suspirei. Ana pegou um copo de vinho e começou a beber, e eu rapidamente tomei da mão dela.

"Não se lembra da última vez?" Perguntei, encarando ela com um olhar mortal.

"Eu só vou beber um pouco!" Ela diz, tentando tomar o vinho da minha mão.

"Ana! Da última vez, nós dois ficamos bêbados, e a gente.."

"Nós transamos.. m-mas.. eu prometo.."

"Ana. Por favor.. eu quero deixar de lado isso, porque a bebida me lembra do meu passado.."

"Ray, aquilo não foi sua culpa.. você era jovem, e não tinha maturidade ainda.."

"Ana. Como pode dizer isso, se você foi uma das vítimas?"

".. e-eu.. Ray, me escut-"

"Ana, chega!"

"Ray eu te perdoo por aquilo, foi a 10 anos-"

"CHEGA, ANA!"

Ana estremeceu, e se sentou. Ela desviou o olhar, e começou a olhar pro chão. Comecei a bater o pé na mesa, e me levantei depois de uns segundos, pegando um cigarro. Ana apenas apontou pra placa onde dizia "Favor, não fumar dentro do avião". Eu não sabia o que havia comigo, a raiva parecia me dominar após aquela conversa. Peguei a placa e arranquei da parede, e a joguei no chão. Ana estremeceu novamente, e se afastou de mim, se sentando do outro lado. Andei até a banheiro, e continuei a fumar lá dentro. O cigarro não parecia o suficiente. Me apoiei na pia, e comecei a me lembrar.. do meu passado. Jovem e imaturo, eu estava tão animado que iria dominar toda a máfia, e teria mulheres pra mim, dinheiro, fama, poder.
Para comemorar, naquele dia eu fui até um bar muito chique, onde só mafiosos iam e meu pai tinha me dito. Entrei lá e todos olharam pra mim, sabendo que eu era o mais novo chefe da máfia mais poderosa. Vi as prostitutas no palco dançando, e dentre elas, estava Ana. Subi as escadas de ouro, e cheguei na área "vip". Me sentei e comecei a beber descontroladamente. Uma prostituta sentou no meu colo, e me ofereceu um cigarro. Foi onde tudo começou. Enquanto fumava o cigarro, comecei a transar com ela na frente de todos da área VIP, mas ninguém se importava, como se fosse "comum". O barman apenas limpava os copos e fazia mais bebidas. Mas.. a última prostituta da noite.. eu estava tão bêbado que não sabia o que era certo e errado. A última veio até mim nos fundos do bar e me ofereceu uma toalha, para um banho na casa de banho ali perto. Olhei pro corpo dela, e eu.. estava tão..

"Me solta!" Foram as últimas palavras que me lembro que ouvi dela, antes de levar ela pra um canto escondido do bar, já que nos fundos tinha pessoas. Era Ana.

Na manhã seguinte, acordei numa cama e do lado estava ela. Me levantei rapidamente, e percebi que estava nu. Peguei minhas roupas espalhadas pelo quarto e vesti. Eu estremeci, sabendo que tinha ido longe de mais. Eu sabia que se eu fosse embora eu seria um abusador, então fiquei esperando ela acordar, enquanto explorava a casa dela. Era pequena, e as paredes caiam literalmente aos pedaços. Tinha uma porta no final do corredor, meio aberta. Cheguei nela, e abri a porta. Dentro do quarto, era um quarto branco com paredes descascadas, uma escrivaninha meio amarelada mofada, e uma cadeira em péssimas condições, e uma cama no fundo do quarto. Nessa cama, tinha uma menina de cabelos pretos. ela aparentemente tinha nove ou 10 anos, e eu a observei com afeto, como se quisesse ter ela como filha. A minha vida toda eu sempre quis ter uma menina, para tratar ela como uma princesa. Me aproximei dela, e estendi a mão para acariciar o seu rosto. De repente, ouvi um barulho atrás de mim.

" por favor não toque na minha filha!" Era Ana. " eu faço que você quiser, apenas não toque nela"

"Senhora, eu não iria tocar nela.." eu disse, e me aproximei dela "por favor, me perdoe por ontem.."

Me ajoelhei diante de Ana, e implorei pelo perdão, dizendo que nunca foi minha intenção. Eu disse que sabia que dinheiro não era bastante, e que eu só queria o perdão dela. Eu tinha errado, e prometi nunca mais aparecer na vida dela. Ela me olhou, e estendeu a mão. Peguei ela, e ela me levou até a cozinha. Era o único cômodo "limpo", obviamente por ser onde comiam. Ela me ofereceu um chá, e disse que me perdoava. Eu agradeci, sorrindo.
Dali em diante, viramos amigos. Eu nunca conheci a tal filha dela, e nem sabia o nome dela. Acho que Ana tinha uma razão pra eu não conhecê-la. Um dia, Ana ficou muito bêbada e eu a levei para casa, onde encontrei a menina vendo TV na sala sozinha. Ela abraçou a mãe, e ficou me encarando.

Nota: Oie gente, sumi por um tempo por questões pessoais, mas agora estou de volta. Decidi fazer capítulos pequenos pra ficar mais fácil. É isso, beijos 💕

𝗠𝗲𝘂 𝗾𝘂𝗲𝗿𝗶𝗱𝗼 𝗽𝗮𝗱𝗿𝗮𝘀𝘁𝗼Onde histórias criam vida. Descubra agora