Dor, é o primeiro pensamento na mente do jovem Jake. Dormir num sofá não é muito recomendado pelos ortopedistas, mas não é como se seus pais tivessem o levado a uma consulta em algum momento de sua vida. Levantou contra sua vontade, querendo quebrar o despertador que soava uma música ruim na mesa a sua frente.
Ao levantar, Jake pensa que antes de ir para escola, devia comer alguma coisa, então frita dois ovos e faz um café amargo para começar seu dia.
Tomou seu banho, se vestiu e colocou uma touca por cima dos cabelos desarrumados antes de sair.
Andando pela rua a caminho da escola, você pensa em muita coisa olhando para o céu, às vezes nem se percebe esse pensamento intruso, mas é bastante comum se questionar "O que eu vou fazer com minha vida depois da escola?", "Onde eu vou fazer minha faculdade?", "Alguém vai se orgulhar de mim?" E "Cadê minha mochila?"
Ao correr de volta até à "casa" (Jake morava na garagem de um vizinho, já que sua casa de fato havia sido tomada pelo governo e ele impedido de entrar.) O rapaz pega a mochila e tenta correr para não ser visto pelo seu vizinho, o Senhor Maldez. Infelizmente a vida normalmente tem um timing perfeito e o senhor acabava de sair para buscar o seu jornal.
— Niño! Bom dia, Jay. Tenha um bom dia de aula, viu? Não vai sair pegando todo mundo na aula viu? E NÃO SEJA MAL EDUCADO COM OS PROFESSORES. — O senhor Maldez acenava animadíssimo enquanto o jovem saiu envergonhado, seu cuidador era da Espanha por isso tinha um sotaque carregado.
O garoto escutava músicas dos anos oitenta no fone e andava em passos largos e calmos, sem se preocupar com o mundo a sua volta. Ao chegar, como sempre ninguém o cumprimentou, o jovem se dirigiu até sua aula esperando o professor chegar.
Jake observava com uma mistura de preocupação e raiva enquanto Carlos Henrique, conhecido como Caíque, implicava com seu único amigo, Dylan Hamish Jensen. (Amigo é uma expressão muito forte, eles se conheciam e conversavam) Jake não suportava ver alguém indefeso sendo intimidado, mas antes que pudesse planejar uma reação, Joshua "Josh" Connors, o popular da escola, decidiu intervir.
— Você não cansa de implicar com todo mundo que é menor que você, Caíque? — Josh era conhecido por sua habilidade no basquete, sua intolerância a injustiças e estar sempre disposto a ajudar os mais fracos. Jake achava isso uma mania irritante para um fã muito obcecado do Capitão América, Josh se aproximou de Caíque e Dylan, interrompendo a situação tensa.
— Você é o que mais me irrita com essa sua síndrome de Capitão América, eu não tenho medo de você. — Caíque ergueu o queixo, encarando Josh nos olhos e esperando uma reação do jogador, Jake quase sorriu da comparação que ele mesmo fazia em sua mente.
— Larga o garoto e fica tranquilo na sua cadeira, não vou pedir de novo. — Algumas garotas prestaram atenção na tensão palpável no ar, e no maxilar travado do popular, demonstrando a raiva que sentia.
A luta começou com um movimento rápido de Caíque, que avançou com um soco poderoso em direção a Josh. Josh, ágil e alerta, desviou habilmente do golpe e contra-atacou com outro soco. Caíque, surpreso pela agilidade de Josh, recuou temporariamente, mas logo se recompôs e retaliou com uma força avassaladora.
Jake puxou Dylan para longe da briga, mas alguns alunos, aproveitando a confusão, empurraram a dupla para dentro do círculo da briga.— Gente, parem de brigar, acabou. — Thomas Tanaka, um aluno conhecido por sua calma e racionalidade, que o tornava insuportável. Tommy entrou no meio da briga, tentando separar os lutadores e acalmar a situação.
— Cala a boca, xing ling. — Algum dos alunos que cercavam a briga gritou. Patrick Jeredy, um rapaz gordinho com um sorriso zombeteiro no rosto, estava bem no centro da ação, observando com interesse malicioso enquanto Josh e Caíque trocavam golpes. Seu riso alto ecoava sobre a confusão, adicionando uma camada extra de tensão ao ambiente já carregado. Patrick fora empurrado e acabou caindo por cima de Thomas, que caiu de cara no chão, enquanto Dylan tentava fugir, Jake ria do gordinho em cima de Thomas.
— O que está acontecendo aqui? — Um professor se aproximou, com a expressão pesada e um óculos ridiculamente grandes.
Com a chegada de um professor, a confusão finalmente foi interrompida.
— Josh, Caíque, Jake, Dylan,Tanaka e Jeredy, todos para a detenção. — Jake e Dylan se olharam, Wilson estava com um olhar irritado, se Dylan fosse menos frouxo nada disso teria acontecido.
Seguiu o resto do dia como se nada fora do ordinário tivesse acontecido, uma detenção não era nada demais, o senhor Maldez já estava acostumado com sua personalidade desordeira.
Antes de poder ir embora, caminhou até a sala da detenção, Dylan estava sentado de frente ao professor, então Jake acabou sentando atrás do amigo, percebendo que havia muita gente nesta sala.
— Tudo bem, seus desordeiros miseráveis e sem amor paterno. Eu vou dar uma mijada e se um de vocês não estiver aqui quando eu voltar, mais um mês de detenção pro desgraçado. — O professor se levantou e saiu da sala, em poucos segundos todos estavam em algazarra e Jake percebeu uma garota indo até a porta.
A garota negra, tinha cabelos longos e volumosos trançados em dreads, que balançavam de forma livre com cada movimento que ela fazia. Seus olhos, um castanho claro, brilhavam com uma mistura intrigante de um selvagem mistério, como se escondessem segredos profundos que Jake ansiava por descobrir.
— Vai comer outro Big Mac, gordinha? — Caíque disse, chamando a atenção da garota, que se virou.
— No dia que você conseguir soletrar seu nome, a gente conversa. — A garota respondeu e deu o dedo para o rapaz com o nariz quebrado.
Jake quase sorriu para a resposta da garota, se levantando com a intenção de segui-la, quando Dylan o parou.
— Aonde você vai? — Jake só o encarou e respondeu "lá fora", se soltando e andando até a porta. — Você que vai ficar mais um mês aqui.
Seus olhos se encontraram, num momento de silêncio a garota começou a se aproximar e Jake pôde sentir seu coração acelerar, uma sensação elétrica percorrendo seu corpo enquanto ele era cativado pela sua presença.
Era como se o tempo parasse ao redor dela, e por um momento, Jake e a garota estavam sozinhos no mundo, e naquele instante, Jake soube que essa garota, com sua beleza, tinha o poder de mudar tudo.
— Você é bem esquisito, né? — A garota perguntou com um olhar encriptado.
— Qual seu nome? — Jake ignorou a pergunta, encarando os olhos castanhos da garota que não desviou o olhar.
— Janet Jordan. E o seu? — A garota desceu os olhos em direção aos lábios de Jake, que parecia desconfortável.
— Jake Wilson... Vai aonde? — Jake sentia desconforto tentando flertar com uma menina tão linda, nunca tinha tido interesse por uma menina antes e não sabia o que fazer.
— Embora, aquele tarado nem vai perceber. — Se virou e começou a caminhar. — Se eu estivesse sozinha em casa eu até te chamava pra gente se pegar, mas vai ter que ficar pra próxima.
Jake observava a linda beldade andando na direção da porta e a cada passo dela o rapaz lembrava de um conselho do Senhor Maldez. "Quando você gostar de uma niña que também goste de você, não perca a oportunidade de beijar ela, alguém não vai perder essa oportunidade."
E com esse pensamento, Jake caminhou até a Janet, puxou a menina pela cintura, dando um beijo na jovem que se surpreendeu e retribuiu, passando a mão na nuca do menino, quase tirando a touca de Jake pela intensidade.
Enquanto seus lábios se encontravam em um beijo intenso, cada toque, e suspiro, era uma explosão de paixão que os consumia. Eles estavam perdidos no momento, imersos em um mundo só deles, nada poderia interromper esse momento, até que uma explosão ensurdecedora ressoou do lado de fora da escola, interrompendo abruptamente o beijo e fazendo-os se separarem com um sobressalto.
O som foi seguido pelo estremecimento do prédio e pelo barulho de estilhaços voando pelo ar, Janet olhou para Jake, seus olhos arregalados de surpresa e medo. Sem trocar palavras, eles se entreolharam por um momento, compartilhando um instante de pânico silencioso...
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Último Dia
TerrorMuitas pessoas acordaram naquela manhã... Muitos seguiram uma rotina comum, foram ao trabalho, caminharam tediosamente para mais um dia de aula, mas essa foi a última memória do último dia de normalidade nessa terra.