Capítulo 01

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Na primeira vez em que Sanji enxergou Zoro de uma maneira diferente foi depois de beber até cair em Skypia. Os outros dançavam e conversavam ao redor da fogueira enquanto ele se mantinha mais como observador atrás do rum que entornava compulsivamente na garganta. 

— Já chega, cozinheiro. Já bebeu demais. — Disse uma voz irritante puxando a garrafa de sua boca bruscamente formando corte singelo no canto do seu lábio. 

— Seu desgraçado! Por que não vai ver se eu ainda estou em Alabasta e se joga daqui? — Gritou se levantando para buscar outra garrafa, mas foi impedido de continuar. 

— Se enxerga. Você está trêbado. — Comentou o segurando firme na cintura. 

Era inútil se debater mas, quem disse que Sanji estava em seu juízo perfeito? Tentou se mover e inutilmente acertar socos no rosto e peito de Zoro. Este apenas riu lhe debochando. 

— Vai ter que se esforçar mais se quiser me deter. — Elevou o loiro com facilidade e o jogou em seu ombro esquerdo. 

— Me larga! Agora! — Mandou Sanji sentindo a sua cabeça girar com o vai e vem da lenta caminhada de Zoro. — Para onde está me levando, seu musgo delinquente… estúpido.. maldito…

— Para de se remexer idiota. Estou te levando de volta para o Merry para você dormir. — Apontou o barco. 

A caminhada foi mais longa do que pensava com Sanji se acalmando, ele pensou que fosse vomitar ali mesmo quando Zoro o jogou sentado na cama. 

— Coloca com calma, seu ogro brutamontes. — Xingou apoiando-se na cabeceira. 

Zoro não se levantou, ficou encarando os lentos movimentos do loiro. 

— Vai ficar aí me olhando? — Perguntou de olhos fechados. — Eu não preciso de uma babá, sabia? — Questionou incomodado com a falta de resposta. Então ele abriu o olho se surpreendendo com a proximidade. Aparentemente, Zoro achava que ele era incompetente o suficiente para cair da cama antes que pudesse se deitar. — Para quê… você está me cercando? 

Sanji começou a rir da atitude impensada do outro, que rapidamente retirou os braços ao redor dele, apoiando-se agora no colchão invés da cabeceira. 

— Você… é muito estúpido mesmo. — Falou entre risos, vendo o semblante indignado do outro. — Marimo, a sua burrice me mata de rir. Se fosse o Chopper..

— Já chega, cozinheiro tarado. — Segurou os cabelos loiros pela nuca e o levou até o travesseiro. — Vê se dorme, logo e para de encher o saco.

Os olhos azuis se arregalaram surpresos ao passo que seu corpo estremeceu. 

— Caramba! – Exclamou. — Que mão calejada! — Disse puxando a mão de Zoro levando-a  até as suas bochechas. 

Zoro o olhou com cara de tacho. 

— Você fica o dia inteiro treinando e nem deve mais sentir nada aqui de tão grosa que está. — Alisou a palma mão, até roçou os lábios na mesma, para depois passar a língua. — A textura é mesmo-

— O QUE DEU EM VOCÊ? — Gritou o marimo retirando a mão logo em seguida. 

— Você está mesmo tirando tudo da minha boca hoje. — Disse Sanji indiferente. Não entendendo o porquê de tamanha agitação. 

— É a minha mão… — Falou ainda surpreso e desacreditado. 

Sanji, que havia se sentado para observar os movimentos de Zoro, sentiu-se frustrado tentando entender o que ele tinha feito de mais. 

— Eu sou cozinheiro, marimo. Gosto de sentir a textura e o sabor das coisas. — Explicou. 

— Que você é um tarado, eu sempre soube. Agora, canibal? É de fuder. 

Memórias de Rum e Saquê Onde histórias criam vida. Descubra agora