Capítulo Final

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Z♡S

A primeira coisa que Sanji sentiu ao acordar foi o incômodo ao se sentar na cama. O turbilhão de emoções veio depois que se lembrou do que e como fizeram no dia anterior. Na mesa da cozinha, na pia, em cima do fogão, com as costas na geladeira. Sua linda e inocente cozinha profanada.
E Zoro? Da última vez que ousou beijá-lo, num momento de coragem e falta de noção, eles passaram semanas sem se encarar direito, trocando apenas palavras monossilábicas. Mas, afinal, por que fez aquilo?
Se Robin estivesse ali poderia dizer que inconscientemente ele sempre quis prová-lo e aproveitou de seu momento “sem filtro” para fazê-lo. Fazia sentido, mas não o mostrava como lidar com a situação daqui em diante.
Sanji, então, escolheu a velha e prática opção de fingir demência. Sendo assim, ele se levantou, foi escovar os dentes e dirigiu-se para  a cozinha onde Nami estava tendo uma conversa calorosa com Usopp.
— É claro que não, seu idiota. Fantasmas não existem e você com certeza bateu a cabeça quando caiu do céu.
— Está me xingando ou me cantando? — Disse rindo da ruiva que não levou na esportiva, revidando assim com um socão na cabeça.
— Imbecil. — Bufou virando-se para o loiro. — Bom dia, Sanji.
— Bom dia, minha querida. — Respondeu o cozinheiro pegando os ingredientes na geladeira para preparar o café.
Tudo naquela cozinha atiçava suas lembranças da noite passada. E agora, a bela e inocente Nami estava com suas lindas e delicadas mãos naquela mesa obscena. “Eu sinto muito, Nami-swan.” Pensou frustrado.
— Está tudo bem, Sanji? — Perguntou Nami.
— Ele deve ter dormido mal por causa do fantasma do ontem. — Comentou o atirador.
— QUER PARAR DE FALAR BESTEIRA!? — Gritou. — Já disse que isso tudo é coisa da sua cabeça oca.
— Mas eu ouvi ele ontem, quando eu vim na cozinha beber água. — Insistiu aterrorizado. — As mesas arrastando, o fogão e a geladeira batendo. Foi horrível.
— Quanta abobrinha para uma pessoa só. Não é Sanji? — Perguntou a ruiva encarando as costas do cozinheiro que fingia estar concentrado nos alimentos.
Se ele pudesse, se enterraria num buraco neste exato momento. E tudo piorou quando uma voz conhecida soou na cozinha.
— Com certeza essa é só mais uma história exagerada do narigudo. — Disse Zoro com um meio sorriso. — Eu também não consegui dormir ontem, mas não ouvi fantasma nenhum quando vim na cozinha.
Sanji estremeceu irritado. A ideia de ignorá-lo indo completamente para o saco.
— Como se você fosse ouvir alguma coisa, brutamontes velho. A gente poderia passar por milhões de tormentas que você continuaria dormindo. — Comentou sem encará-lo.
Zoro sorriu ainda mais.
— Mas eu não dormi ontem. Fiz algo bem melhor.
Ele viu as costas de Sanji enrijecerem.
— E eu não me importaria de fazer de novo. — Falou tão atento às reações do loiro que, infelizmente, ele não viu o punho vindo na direção da sua cara.
Nami o acertou em cheio, embora ainda atordoado, Zoro presenciou a ruiva pronunciando vários insultos a sua pessoa e ao loiro que olhava a tudo com os olhos arregalados.
Usopp fora arrastado para fora por Nami, que parou de gritar xingamentos para os dois para falar com o outro, que estava sem entender nada.
— Pode ficar tranquilo, narigudo. Não tem nenhum fantasma, só duas assombrações.
— O-o quê?? — Indagou assustado.
— Não se preocupa que essas são inofensivas.
Sanji, que havia se virado para ver a confusão, encarou Zoro perplexo. Quando Nami chegou novamente na porta eles se voltaram para ela.
— E, da próxima vez que decidirem transar, façam isso em um lugar próprio. Que nojo! Eu coloquei minhas mãos na cozinha toda. — Fez um semblante exagerado de horror. — Você pelo menos limpou ela, Sanji? — Perguntou apontando para a mesa.
O loiro olhou para baixo envergonhado.
— Oh Céus, estou cercada por um bando de incompetentes. — Bufou. — Aliás, vamos atracar em três dias. ENTÃO PROCUREM UM MOTEL! — Falou antes de sair batendo a porta.
O loiro encarou o teto desnorteado. Em um dia havia tomado a pior decisão da sua vida e no outro a sua querida donzela já estava sabendo. Esse seria definitivamente o seu fim.
— Raios. Que mulher escandalosa. — Disse o espadachim com as bochechas vermelhas.
— Não fala assim da senhorita Nami, marimo de merda. — Disse se recompondo. — Ela está certa e isso não vai mais acontecer.
Zoro ficou em silêncio sentado à mesa encarando o cozinheiro “desinfetando” a cozinha com álcool e um paninho.
— Quando chegarmos na ilha, vamos procurar um motel de luxo e botar na conta de senhorita Nami. — Comentou Zoro zombeteiro.
— Qual a parte do “não vai mais acontecer” você ainda enten-
Se tem uma coisa que Zoro podia ser era extremamente rápido quando queria. Uma hora Sanji estava limpando a geladeira e na outra estava sendo prensado contra ela como na noite anterior.
O beijo havia sido rápido, mas profundo e o marimo não se preocupou em se afastar depois que suas bocas descolaram.
— Hotel de luxo, mas você paga. — Sanji impôs sua condição.
— Três estrelas na conta da bruxa. Quer dizer… — Se corrigiu vendo o semblante alheio fechar. — Da queridíssima senhorita.
O loiro o olhou ainda meio atordoado pelo beijo e proximidade repentinos. Estaria mentindo se dissesse que não foi simplesmente a melhor ficada da sua vida. E se tem uma coisa que tem uma coisa que Sanji aprendeu a fazer durante anos de sua vida era ouvir seu pau. Ele sempre fora sincero consigo e queria aquilo mais que tudo. Então não havia problemas em continuar pegando seu colega de equipe, pois era o que seu corpo e seu coração mandavam. Mesmo que o último ainda fosse de forma inconsciente.
— Fechado. — Disse se auto censurando por sentir-se tão bem ao proferir uma simples palavra. — Mas eu quero comer sushi no seu corpo todo.
Zoro arqueou uma sobrancelha, então deu de ombros.
— Como quiser. Desde que eu possa comer você depois.
— Marimo! — Disse tapando-lhe a boca de repente.
Os olhos azuis se voltaram assustados para a mulher morena que os encarava de volta com uma feição divertida e serena.
— Não liguem para mim. Só vim pegar um café. Não vim julgar suas fantasias sexuais. — Falou caminhando em direção a porta da cozinha. — Aliás, cozinheiro, é uma bela fantasia. Acho que inconscientemente, significa que você quer devorá-lo.
A passada lenta e calma da mulher foi desaparecendo no corredor. Primeiro a Nami-swan, depois a Robinzita e o dia nem começou ainda.
— Marimo, me solta que eu preciso trabalhar. — Falou se livrando do agarre do outro.
— Tudo bem, Cook. Só não se esqueça, você é o cozinheiro mas quem vai te devorar sempre sou eu e não o contrário. — Disse rindo do semblante irritado e envergonhado do menor, xingando e mandando-o sair.
No entanto, ele travou quando deu de cara com um imbecil parado na porta.
— Mas hein!? Como assim você vai devorar o Sanji, Zoro. Virou canibal, é? Porque se for vai comer outro. Senão quem vai fazer a minha comida? — Cruzou os braços emburrado. — Vai comer a Nami ou o Usopp e até o Chopper, mas deixa o Sanji em paz.
— NÃO É NADA DISSO, SEU IMBECIL. — Gritou Zoro com as bochechas vermelhas. Cansado demais de ser flagrado, ele decidiu sair e ir malhar, deixando um Sanji puto sozinho com as indagações de Luffy.
Eles poderiam até discutir, mas depois se resolveriam no motel de qualquer jeito. Afinal, desde que um loiro bêbado de rum resolveu lhe beijar naquela noite, ele traçou um caminho sem volta.

Fim♡

Espero que tenham gostado. Nos vemos em uma próxima. Beijos 😘

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