Eu mal reconheço essa cidade, sinto que nem mesmo nasci aqui. As pessoas, o comércio, a comida, o ar são completamente diferentes para mim apesar de ser tão iluminada quanto Nova York nem de longe se assemelha a correria e ao estresse daquela cidade.
O que mais me deixa impressionado é que ainda consigo entender quase tudo do que falam, apenas meu sotaque que me incomoda um pouco mas nada que atrapalhe, graças a minha Yāy (avó), já que até a mesma falecer quem a cuidava era eu.
O hotel era extremamente confortável e a vista uma maravilha, eu já começava a me sentir um pouco mais habituado ao clima que estava quente. Liguei o ar condicionado e me joguei na cama; o voo fora extremamente cansativo, contudo também não é todo dia que cruzo oceanos e continentes.
Meu telefone toca interrompendo meu precioso descanso.
- Amor, chegou em segurança?
- Cheguei sim, meu bem.
- Já estou com saudades, tinha mesmo que ir?
- Já conversamos sobre isso Pan, não pretendo ficar tanto tempo também.
- Eu sei, mas você sabe como eu sou.
- A mulher mais incrível deste mundo?
Ouço sua risada enérgica e cheia de graça.
- Só não se esqueça de mim, e não se esqueça que você pertence aqui no final das contas.
- Eu jamais esqueceria, agora eu preciso dormir estou acabado!
- Tudo bem então amor, durma bem e vai me dando notícias.
- Pode deixar.
- Eu te amo.
- Também.
Acordei as 9:00h do dia seguinte, fui a floricultura e comprei a Impatiens psittacina* e umas ferramentas para jardinagem, depois peguei um taxi até o bairro aonde eu nasci e minha avó viveu boa parte da vida. Encontrei o parque que ela tanto falava, e plantei as flores, o sonho dela era voltar para Bangkok antes de falecer entretanto não conseguiu realizar, parte por minha culpa pois sempre fui ocupado demais e me sinto mal por isso, estas flores vão representar o quanto ela amava este país.
É um bairro simples, humilde mas muito alegre, assim como ela era.
Não posso evitar de sorrir ao pensar nisso até que ouço uma voz.
- Acho que te conheço.
Era uma senhora já com seus cabelos brancos e sorriso gentil.
- Você é neto da Buppha*?
- Isso, eu era sim.
- Sabia que o conhecia, sua avô mandava fotos as vezes para cá, eu era amiga dela.
- Desculpe mas a senhora é a famosa Dawan?
- Sim, sou eu, fico feliz em saber que ela falava de mim.
- Mas como sabe que ela se foi?
- A última carta que me enviara fora falando de sua doença e uma foto de vocês dois, após isso ela nunca mais enviou nada então já sabia.
Eu ri.
- Do que está rindo? - disse ela dando um sorriso.
- Nada, mas é a cara da minha Yāy enviar cartas nos dias de hoje.
- Ela era uma mulher tradicional, gostaria de entrar e provar a boa e velha comida tradicional tailandesa?
- Eu adoraria.
VOCÊ ESTÁ LENDO
THE FOREIGNER - JESBIBLE
FanficApós anos morando fora da Tailândia, Bible voltará a sua cidade para poder se conectar com suas raízes todavia irá se deparar com um amor inesperado.