01 | Chegada.

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01.07.2021

Férias. Definitivamente, esse era o período mais aguardado por todos os estudantes, um tempo em que a rotina escolar dava lugar à liberdade. Era a época em que se podia sair com os amigos, curtir festas, beber um pouco mais do que o habitual e voltar para casa tarde da noite. Essa era a realidade vibrante do Rio de Janeiro, onde a vida pulsava em cada esquina e as celebrações pareciam não ter fim.

Mas em Nova York, as coisas eram diferentes. A cidade que nunca dorme oferecia um estilo de vida mais contido; as pessoas costumavam se reunir em shoppings, cinemas, restaurantes e até nas praias quando o tempo permitia. Essas atividades simples formavam o cotidiano dos nova-iorquinos, e Sasuke encontrava um certo prazer nessa rotina “simples”.

Entretanto, talvez essa simplicidade não fosse tão evidente assim. Sasuke era filho de pessoas influentes e renomadas: sua mãe era uma famosa modelo e atriz de prestígio em Nova York, sempre cercada por flashes de câmeras e eventos glamourosos. Seu pai, por outro lado, era um respeitado advogado conhecido por sua ética impecável e dedicação ao trabalho.

Crescendo nesse universo repleto de dinheiro e fama, ele sempre se viu cercado por holofotes. Desde pequeno, aprendeu a lidar com a mídia e as aparências; cada passo que dava era observado e comentado. Mesmo sendo o filho mais novo da família, sentia o peso das expectativas sobre seus ombros como se fosse um manto invisível que não podia tirar.

Porém, quando tinha apenas nove anos, sua vida mudou drasticamente. Seus pais, com suas personalidades opostas, eram constantemente envolvidos em brigas frequentes que tornavam o lar um campo de batalha emocional. Essa tensão culminou na separação, levando Fugaku a se mudar para o Rio de Janeiro, no Brasil, enquanto Mikoto ficou em Nova York, mergulhada em sua carreira e vida social. A divisão da família deixou uma marca profunda em Sasuke, que se viu dividido entre duas realidades.

Nos oito anos que se seguiram à separação, Sasuke teve que se adaptar a essa nova dinâmica. Ele aprendeu a língua brasileira com afinco, determinado a se comunicar com os familiares e amigos do Brasil durante suas visitas anuais. Contudo, essas viagens para o Rio de Janeiro eram tudo menos agradáveis para ele. Cada vez que chegava à "cidade maravilhosa", sentia-se como um peixe fora d'água.

O calor intenso do Rio era sufocante e opressivo; as ruas fervilhavam com uma energia que lhe parecia caótica e desorganizada. Para ele, as pessoas eram frequentemente mal-educadas e apressadas, como se estivessem sempre correndo contra o tempo. E havia também a sensação constante de perigo que pairava no ar. O que poderia haver de bom em um lugar que ele considerava tão hostil?

Ele não conseguia entender o apelo daquela cidade vibrante; os cartões-postais que todos admiravam pareciam distantes da realidade que vivenciava. Em sua mente, cada visita era uma luta contra o desconforto e a saudade da vida estruturada e cheia de oportunidades que tinha em Nova York. As praias lotadas e o clima festivo não conseguiam ofuscar a imagem negativa que cultivava sobre aquele lugar.

Assim, cada férias no Brasil tornavam-se um lembrete doloroso da divisão familiar e das expectativas não cumpridas. Para Sasuke, o Rio não era apenas uma cidade; era um símbolo do desajuste em sua vida, onde cada esquina parecia sussurrar sobre as dificuldades que enfrentava para encontrar seu lugar entre duas culturas tão distintas.

O avião dele acabava de pousar em terras brasileiras, e a primeira coisa que sentiu foi o sol forte e o calor agonizante invadindo o terminal. Pegou suas malas e saiu do avião, cada passo que dava parecia uma caminhada direta para o inferno, como se estivesse se aproximando de um lugar onde queimaria por um mês inteiro. O ar quente grudava em sua pele, e a sensação era tão desconfortável que ele quase desejou voltar para dentro da aeronave.

Férias no RJ. - NaruSasuOnde histórias criam vida. Descubra agora