THAT BOOK | MINSUNG

SUNBAE

     Lee Minho precisava de um modelo para o concurso de artes, e apesar de insuportável, Han Jisung parecia ser a figura perfeita.
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Minho o observava com atenção, escorado na fresta da porta do ginásio, o veterano buscava captar os movimentos e principalmente expressões do jovem durante a atividade recreativa no tatame. Han Jisung era um às no judô, o que começou como uma curiosidade se tornara rotina até que ele se tornou o melhor de todo o colégio naquele esporte. As presilhas prateadas não estavam presas aos cabelos escuros como de costume, então os fios extremamente lisos caiam pelo rosto acetinado enquanto ele carregava uma expressão debochada ao derrotar com facilidade seu oponente.

O Han era um exibido, e louco por atenção, na verdade, aquele garoto era de fato maluco, era assim que Minho pensava. Pode ver mesmo de longe o quanto ele vibrou junto a pequena plateia que se formara a sua volta e a de seu adversário. E se foi, concluindo que não era uma boa ideia retratar Jisung em seu kimono azul escuro, apesar de interessante não daria muito certo pois, com todos aqueles movimentos ligeiros, seria difícil capturar uma imagem solida do Han. O ideal seria o uniforme padrão mesmo, com a camisa branca e as saias anil, sim, o jovem era o único do sexo masculino a usar saias no campus, e ninguém parecia se importar com isso, muito menos o Lee, para ele, tanto faz.

A questão é que precisava desenhar algo próximo e muito fiel ao realismo para a competição, e escolhera o Han porque, bem, a figura era reconhecida por toda a escola, seja por bem ou por mal, isso traria atenção a sua exposição, e se fosse pra retratar alguém, que fosse Jisung. Motivos? Ora, porque ele fugia do óbvio, era um garoto que usava presilhas no cabelo e saias, remava contra a maré da obsessão asiática por peles claras e se bronzeava naturalmente no sol, chegando ao tom atual de sua derme que beirava o caramelo, e apesar de baixinho e um pouco franzino (não magricela, ele portava até que bastante carne nos lugares certos, o Lee reparara nisso) ainda derrotava qualquer um no judô. Sua pintura jamais passaria despercebida!

[...]

O Lee estava tranquilo, sentado em um dos bancos de concreto abaixo de uma castanheira no pátio do prédio, ele portava seu caderno de desenhos enquanto forçava todos os seus neurônios a trabalharem, tentava ao máximo manter a imagem costumeira de Jisung clara em sua mente, para que assim pudesse desenhá-lo sem ter que pedir ou implorar para que ele fosse seu modelo, já tinha feito algumas dezenas de esboços, e percebera o quanto aquilo era difícil, quase impossível, considerou começar a seguir o mais jovem sem que ele o visse, mas isso seria no mínimo estranho. E naquele momento, desnecessário, pois o dito cujo praticamente brotou na sua frente, tomando o caderno de sua mão em um segundo.

— Fala aí, virjão! Tá fazendo o que...? — o Han já folheava o caderninho em suas mãos, Minho reparou em como ele pareceu tropeçar nas próprias palavras, e se fosse menos bronzeado, daria pra ver com mais clareza o rubor repentino em suas bochechas, no mínimo ficou desconcertado, como qualquer um ficaria, de súbito, as expressões retornaram ao habitual. — ... Que nojo! Que nojo! Que nojo! O sunbae fica me desenhando, olha, Lixie... — mostrou o caderno para o amigo, que apenas soltou uma risadinha — Por que você fez esse tanto de desenhos meus, sunbae?

— Han, escuta eu... — O Lee apenas respirou fundo, era completamente normal que Jisung implicasse consigo ou qualquer outro ser vivo existente, mas agora se via numa fria, deu um baita motivo para o baixinho lhe atazanar.

— Não tem desculpa pra isso... — fechou a cara, Minho tinha plena certeza de que estava apenas fazendo cena — Eu sei exatamente o que é... seu tarado! Tarado!

— O Que? Não!!! — porra que nojo, não. O Han havia entendido errado.

— Como não? Eu aposto que você...