𝓞𝓵𝓭 𝓪𝓷𝓭 𝓼𝓸𝓪𝓴𝓮𝓭 𝓶𝓮𝓶𝓸𝓻𝓲𝓮𝓼

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Story vibe's: Closer - The Chainsmokers, Halsey

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As gotas geladas pingavam pelo vidro, enquanto os olhos âmbar acompanhavam elas escorrem, como lágrimas sendo derramadas.

O dia estivera nublado e melancólico desde o momento em que o sol se erguera no céu. Parecia que o clima refletia o estado em que o rapaz se encontrava por dentro.

O cheiro inebriante de chocolate e biscoitos preenchiam o local como intrusos, que já estiveram lá antes, mas que agora não o traziam mais a sensação de conforto e segurança. A felicidade e esperança que normalmente sentia, não estava mais lá há muito tempo.

O lado esquerdo de seu abdômen se esquentou como um lembrete, febril e amargo, de que as coisas nunca mais seriam iguais.

Sentado naquele balcão brilhante e polido, sua mente vagou para a lembrança que ocorrerá exatamente doze anos antes.

Um garoto moreno corria à sua frente rindo, com o cabelo molhado cobrindo seus olhos tão claros quanto o céu de verão. Os dois percorriam as ruas em uma confusão perfeita de risos e brincadeiras idiotas.

Palavras de desculpas eram proferidas as pessoas com quem esbarravam ou aos carros que os xingavam. Eles continuaram a correr livremente até estarem parados sobre o toldo de um estabelecimento, completamente enxarcados e exaustos.

"- Você definitivamente precisa aprender mais sobre ruas trouxas!"

"- Vamos lá Monny, pode parar de ser chato pelo menos hoje?"

"- Não estou sendo chato, só estou tentando impedir que seja atropelado!"

O garoto de cabelos negros encarrou-o com um brilho intenso, antes de agarrar o outro rapaz pela nuca e juntar seus lábios com urgência.

De baixo do toldo que impedia á chuva de continuar á assoitalos, seus lábios se moviam e se enchaivam como que tivessem sido feitos para aquilo. Diferente dos breves selares de lábios que os dois já haviam dado anteriormente, essa fora a primeira vez em que se beijaram de verdade.

Agora olhando distraidamente para a mesma porta que se encontrava atrás dele naquele dia, estava um rapaz bem mais velho, com muito mais cicatrizes e sem o habitual sorriso e expressão tranquila que sempre acompanhavam as diversas sardas em seu rosto.

Aquela era uma lembrança que sempre o deixará feliz, muitas vezes era graças a ela que o lobo enevoado branco e azul saia da ponta de sua varinha, era uma das melhores que tinha, mesmo quando essa deixou de lhe trazer um sorriso bobo ao rosto e passou a trazer lágrimas aos olhos e um aperto no peito. O rapaz não sabia dizer se era por conta do garoto de cabelos negros ou pela conciência de que aquilo nunca mais aconteceria.

Desde os onze anos esse dia sempre fora repleto de alegria e felicidade, e Remus foi ingênuo o bastante para pensar que isso nunca mudaria.

Hoje o dia chuvoso não era um sinal de liberdade, era um sinal de que tudo que fora precioso para ele sempre estivera fadado á tragédia.

Tudo que sempre amou, se tornou doloroso de se lembrar, algumas de uma maneira quase insuportável.

Enquanto dormia tudo que já tivesse sido importante em sua vida, fora tirado de si em um piscar de olhos.

O jornal com a notícia que o mundo comemorou, mas que para Remus tinha sido o fim de tudo, ainda jazia dentro da pequena gaveta de madeira no móvel ao lado de sua cama. Ele próprio não sabia o porque de ainda tê-lo, talvez um mísero fio de esperança de que ao abrir a gaveta a notícia teria mudado, mas sempre continuava a mesma.

Sua angústia vinha crescendo á cada dia. Depois das luas cheias, suas lágrimas se misturavam entre as de dor e as de lembrar que estivera sozinho e ainda também algumas de saudade do sorriso tranquilizador e das palavras reconfortantes que ouvia enquanto as mãos pálidas limpavam seus machucados.

Ele afirmava a si mesmo que não ô amava mais e tentava se converser de que aquele garoto gentil e brincalhão pela qual se apaixonou, nunca existiu de verdade, que não passava de uma mentira muito bem contada.

E apesar desse grande esforço, ele ainda se pegava desejando ter aqueles braços o segurando, nos dias em que chorava até pegar no sono.

Uma pontada se fez presente em seu peito, quando mais uma vez ele desejou voltar a ser aquele garoto de dezesseis anos, parado na frente de uma cafeteria dando seu primeiro beijo de verdade. E outra por querer que aquele mesmo garoto que lhe tinha quebrado o coração e lhe tirado tudo que já importará, estivesse ao seu lado agora, comemorando como sempre fizeram desde crianças.

Remus sempre escutara histórias sobre almas gêmeas e era inteligente o bastante para saber que o garoto de cabelos negros, olhos azuis, que vivia com jaquetas de couro e camisetas de bandas, era a sua alma gêmea.

Mesmo depois de tudo que ele lhe fizera, o rapaz ainda o amava e desejava poder viver ao seu lado.

As vezes Remus até ria da própria sorte, quando o pensamento de que tudo em sua vida sempre fora complicado e doloroso, então a pessoa intitulada o amor da sua vida, tinha lhe tirado toda a felicidade que ela mesma tinha lhe dito tantas e tantas vezes que era merecedor de ter.

As palavras, os gestos, as pegadinhas e todas as outras coisas pareciam algo tão distante que poderiam facilmente ter acontecido em outra vida, e não à apenas alguns anos atrás.

Talvez se naquele dia, quando todos eles se despediram com lágrimas nos olhos por não estarem indo apenas para mais um verão e sim para a vida real. Se naquele momento ele soubesse que ali fora a última vez em que viu seus amigos, que ele foi feliz. Ele faria tudo diferente, não os teria deixado ir.

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⏰ Última atualização: Sep 02 ⏰

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