Prólogo

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      Aquela noite em Pentos fora marcada por agitação e diversão, sucedendo um longo dia de caça e conversas fiadas. O grande salão do castelo transbordava de nobres, com o ar impregnado pelo aroma de carnes assadas e especiarias exóticas. Tapeçarias ricamente bordadas adornavam as paredes, refletindo a luz das tochas que dançava nas pedras antigas, criando sombras que pareciam contar histórias de eras passadas.

    Os nobres se amontoavam, deliciando-se com os frutos da caçada e tecendo elogios a Joffrey. O jovem aniversariante estava radiante, exibindo um sorriso contagiante enquanto contava a todos que completara sete anos e que em breve seu pai o ensinaria a arte da espada, usando a que seu tio favorito, Laenor, lhe dera.

    Rhaenyra observava a cena com um misto de alegria e saudade. Sentia falta de seu pai, Viserys, que estava em Porto Real acalentando Daemon após a morte de Laena. No entanto, Viserys havia enviado presentes através de Rhaenys e Corlys, que estavam sempre atentos enquanto Baela e Rhaena brincavam com Lucerys e Jacaerys. As crianças corriam ao redor das mesas, suas risadas inocentes ecoando pelas grandes colunas que sustentavam o teto alto.

    À medida que a noite avançava e a lua se erguia no céu, os convidados começavam a se dispersar. A luz suave da lua penetrava pelas grandes janelas arqueadas, lançando um brilho prateado sobre os pisos de mármore polido. Harwin, percebendo que Joffrey havia adormecido em meio à festividade, levantou-se da mesa. "Vou levar nosso pequeno cavaleiro para a cama," disse ele com um sorriso terno, acariciando os cabelos do filho adormecido. Rhaenyra assentiu, observando com carinho enquanto ele carregava Joffrey nos braços.

    Ela se encarregou de encaminhar os restantes dos convidados aos quartos de hóspede, passando pelos longos corredores adornados com armaduras e escudos, relíquias de batalhas passadas. Pediu aos servos para deixarem os presentes dos convidados no salão e os dos familiares no quarto de Joffrey. Enquanto penteava os cabelos de Jace e Luke no aconchego do quarto iluminado por velas, um grande estrondo sacudiu o castelo, e as pesadas paredes tremeram.

"Que foi isso?" exclamou Jace, agarrando-se a Rhaenyra.

    Rhaenyra sentiu o cheiro de fumaça se espalhando rapidamente. Com um grito, puxou seus filhos para perto. "Fiquem perto de mim!" ordenou, o coração batendo acelerado. Logo, dois guardas entraram no quarto, suas expressões de pânico. "Senhora, precisamos tirá-la daqui agora!"

    Eles escoltaram Rhaenyra e os meninos para fora do quarto. O corredor estava envolto em uma fumaça espessa, o brilho laranja das chamas refletindo nas paredes de pedra. Rhaenyra, com Jace e Luke grudados em seu pescoço, olhava freneticamente pelos corredores em busca de Harwin e Joffrey. "Por favor, procurem meu marido e meu filho!" gritou para um dos guardas que assentiu antes de desaparecer na fumaça.

    Os gritos ecoavam pelos corredores enquanto todos no castelo saíam em desespero, aglomerando-se próximo à baía de Pentos, em frente ao castelo. Rhaenyra, com o coração na garganta, desceu seus filhos do colo e os deixou com Corlys. "Cuide deles, por favor," implorou, o desespero evidente em sua voz.

    Ela correu em direção ao castelo, sentindo o calor intenso que emanava das paredes. O crepitar das chamas e o som de madeira estalando preenchiam o ar. Ao longe, ouviu seu nome ser chamado. No terceiro andar, viu Harwin, com o rosto e os braços ensanguentados, segurando Joffrey. "Rhaenyra!" ele gritou, a voz carregada de urgência e medo.

    Com um movimento delicado e preciso, Harwin jogou Joffrey para ela. Rhaenyra, com reflexos desengonçados, agarrou seu filho, caindo na areia macia da praia. Desnorteada, ouviu outra grande explosão. Virando o rosto, viu Harwin cair junto com os escombros da sacada. Os dragões no céu choravam agoniados, suas sombras enormes obscurecendo a lua. Joffrey chorava compulsivamente em seus braços, sua pequena figura tremendo de medo e confusão.

    Estagnada, Rhaenyra assistiu ao corpo de Harwin parar de se mover. Lágrimas escorriam pelo rosto de Rhaenyra enquanto ela apertava Joffrey contra seu peito. "Desculpe, desculpe," murmurava Joffrey, sua voz quebrada pelo choro.

"Está tudo bem, meu amor," sussurrou Rhaenyra, embora soubesse que nada estava bem. Ela se levantou lentamente, os braços doloridos de segurar Joffrey tão firmemente. Corlys se aproximou, seu olhar sombrio refletindo a gravidade da situação. "Precisamos sair daqui, Rhaenyra. Agora," disse ele, sua voz firme, mas cheia de empatia.

    Rhaenyra assentiu, ainda em choque, e seguiu Corlys até onde Baela, Rhaena, Lucerys e Jacaerys estavam. Rhaenys cuidava das crianças, seu rosto uma máscara de preocupação.

"Vamos para o barco," disse Corlys, liderando o caminho. Rhaenyra olhou uma última vez para o castelo em chamas.

    Mais tarde, quando o sol raiou, Rhaenyra soube a verdade. Ansioso e animado, Joffrey havia aberto o maior e mais brilhante presente, aquele enviado por seu nobre e glorioso tio em retorno de sua ausência. A explosão que se seguiu fora devastadora, selando o destino de Harwin.

   A visão de horror que viu no rosto de seu primogênito, que compreendera o que havia acontecido, fez seu coração pulsar violentamente no peito, trazendo-a de volta à realidade com um sobressalto. Assustada, ela acordou ofegante, os resquícios do pesadelo ainda pairando em sua mente. O sol da manhã invadia o quarto, seus raios queimando seu rosto com um calor suave e insistente.

    Ainda meio desorientada, Rhaenyra piscou algumas vezes, ajustando-se à luz do dia. Lentamente, ela percebeu a presença reconfortante de seus filhos ao seu lado. Joffrey e Lucerys estavam deitados, seus pequenos corpos aconchegados contra o dela, respirando de maneira ritmada e tranquila. Sentir o calor e o peso de seus filhos trouxe um breve momento de consolo, lembrando-a do motivo pelo qual continuava a lutar.

    O barulho que a acordara persistia, uma batida suave, mas firme, contra a porta de madeira maciça. Cada batida ecoava pelo quarto, misturando-se com o som distante das ondas do mar e o murmúrio da cidade despertando do lado de fora. O som parecia insistente, como se quem quer que estivesse do outro lado estivesse ciente da urgência da situação.

    Rhaenyra respirou fundo, tentando acalmar o coração ainda acelerado. Deslizou cuidadosamente para fora da cama, tentando não acordar Joffrey e Lucerys.

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