ROBERTO GUIMARÃES MONTENEGRO ☠️
Não queria ir nem fudendo pro pagode no praça.
Ainda estava puto de ter sido transferido do Rio. Amava aquela cidade. E eu estava no interior do interior de Ponta Porã e sinceramente não achava que ia me divertir por aqui.Depois do Bruno ter enchido a porra do meu saco por horas, decidi ir, não por ele, mas pela única esperança de reencontrar a tal garota do rio.
Aquela altura eu já não sabia se tinha sido miragem ou realidade. Era só o que eu faltava agora eu estar ficando maluco, porra.
— Tá, caralho. Eu vou — disse impaciente, jogando o celular no colchão do alojamento — Olha Nascimento você não nasceu grudado comigo. Desencosta, porra — deixei claro e ele gargalhou revirando os olhos.
— O feliz de você ir não sou nem eu, é a Godoy — ele disse e eu o olhei atento.
— A Camilla? Você tá viajando né, caralho? — perguntei e ele deu de ombros ainda sorrindo.
— Se liga, conheço mulher interessada — ele disse e foi minha vez de gargalhar.
— Deve ser por isso que você não come ninguém né — digo e ele fecha a cara, jogando o travesseiro em mim.
— É sério, porra — ele continua e eu nego com a cabeça.
— Nem fodendo que eu pego mulher de batalhão, ainda mais do mesmo que eu o meu, isso dá o maior problema — respondo.
— Pois você não sabe o que perde — respondeu. O Bruno não tava nem aí, comia de mulher de bandido a mulher de polícia, mas eu sabia a merda que podia dar me envolver com a Godoy.
E papo reto, já tinha visado quem eu queria daqui, agora só me restava saber quem era.
———
Chegamos de carro e os moleques já foram atrás de pegar uma mesa, eu rolei meus olhos pela festa inteira, atrás da tal garota, mas nada de achar.
— Essas maria batalhão são foda — Godoy falou quando um grupo de meninas, pareciam novas demais, passou sorrindo pra mim.
— Acontece — dei de ombros, rindo.
Horas passaram e vou confessar que o pagode até que não era ruim, fiquei mais na minha pela maior parte do tempo mas observei tudo, inclusive a Godoy que não saia do meu lado.
Porra, a mina era gata, eu sabia. Mas eu já tinha dito pro Bruno que nesse tipo de problema eu não me metia.
Afastei um pouco do pessoal pra fumar. Acendi o cigarro e traguei a fumaça, fechando os olhos.
Assim que os abri, avistei um amontoado de cabelos escuros na árvore da frente.
Porra, não podia ser.
— Ei — gritei na hora, talvez com medo de que ela sumisse como hoje de manhã.
E então ela virou pra mim, e eu pude vê-la melhor.
Porra, fiquei paralisado.
Ela usava uma saia longa que começava abaixo do um umbigo e ia até os pés, deixando a cintura perfeita amostra, e uma blusa curta. Tudo fazia ela parecer ainda mais uma sereia.
Os cabelos muitos longos, o sorriso quase travesso que ela deu ao me ver.— Ei, te vi no rio hoje mais cedo — falei chegando mais perto.
— Viu, é? Eu moro lá! — ela disse e eu gargalhei. De onde aquela menina tinha saído?
— Você é linda — sussurrei, hipnotizado pelo sorriso dela.
Não sabia se ela era muito menina, ou muito mulher.
— Nunca te vi por aqui... — ela diz.
— Fui transferido essa semana, PRF — falei e pela primeira vez, uma garota pareceu não se impressionar
— Qual teu nome, hein? — perguntei e quando eu ia responder, gritos cortaram o ar.— Filha! Filha, vem aqui me ajudar na barraca — ela parecia conhecer a voz da mulher, tanto que se virou na direção.
— Tenho que ir. Mas a gente se vê de novo — sussurrou e então saiu, antes de sorrir novamente pra mim.
— Peraí. Me diz teu nome — gritei, mas ela já estava longe. Tentei segui-la mas tinha gente pra caralho e perdi ela de vista — Porra! — exclamei puto.
— A gente tava atrás de você, caralho. Onde cê tava? — Bruno pergunta, seguido por Godoy e Teixeira.
— Fui fumar — respondo — Ei, vocês conhecem uma menina daqui meio baixa, magrinha, cabelo longo e escuro...? — pergunto pra Teixeira e Godoy na esperança que eles saibam de algo.
— Porra, balança uma árvore e cai trinta assim — Godoy diz e eu reviro os olhos. Duvido que tinha alguma parecida com ela por aqui.
— Mano, vi ela hoje no rio que fica perto do alojamento. — expliquei e Teixeira pareceu lembrar.
— Do jeito que você tá falando só pode ser a Lua. Luara — ele disse, e sei lá o motivo mas aquele nome pareceu combinar pra caralho com ela — Linda pra caralho. Filha da dona Fátima. Sorriso marcante, né? — ele diz e eu assinto.
— Porra, isso! Ela tava aqui. Cê sabe onde que eu encontr- — comecei a falar mas fui interrompido por uma voz masculina desconhecida.
— Que que cê tá querendo saber da Luara? — um cara pergunta, estufando o peito. Logo pra cima de mim? Brincadeira.
— Que porra você tem com isso pra querer saber? Quem é você? Ela é sua mulher por acaso? — perguntei sem recuar e o moleque pareceu não ter o que responder, se ela fosse realmente mulher dele ele não exitaria responder.
— Não interessa o que ela é pra mim — e então o garoto me empurrou. Ri sem humor. Caralho era cada uma.
Meio segundo depois ele já estava no chão. Primeiro um soco, depois um golpe que o imobilizava. Ele tentou me acertou e acabou abrindo um corte no meu supercílio. Mas ele estava pior.
— Porra, separem eles! — ouço Godoy gritar do fundo, mas ninguém parece querer se meter em briga de homem.
— Pedro? O que você tá fazendo?! — e então outra voz feminina, mais doce, e com certeza conhecida. Luara.
VOCÊ ESTÁ LENDO
LUZ DO LUAR
Romance| 16+| Quando o policial Roberto, transferido pela PRF, se muda para pequena cidade no interior do pantanal, e acaba encontrando em Luara o que jamais acharia na cidade grande.