Veil of Shadows

capítulo 4

Ajudei meu pai a trocar o curativo novamente. O sangue já não escorria, mas seus gemidos denunciavam a dor persistente.

"Onde você foi se meter, pai?" perguntei. Ele permaneceu em silêncio, o olhar cabisbaixo.

Ele parecia pensativo e percebi que não queria me responder naquele momento.

"Pronto, terminei. Agora vou preparar nosso almoço, disse, indo em direção à cozinha. Parei quando ele segurou minha mão.

"Por que você aceitou o acordo?" Ele perguntou, irritado.

"E deixar você morrer? Eu não me importaria em dar a minha vida em troca da sua!" respondi, séria.

"Você fez um acordo com o próprio diabo! E agora terá que arcar com as consequências. Sua vida se tornará um inferno!" Ele disse, irritado. "Deveria ter deixado eu resolver. Eu ia conseg..."

Antes que ele pudesse terminar, eu o interrompi: "Não! Ele iria te matar! Iria te torturar até você não aguentar mais.
Então, pai, estou irritada pra caralho por você ter feito acordo no passado com aquele babaca. Primeiro, por quệ? Por que você fez isso?"

"Para pagar o tratamento da sua mãe.." Ele disse, colocando as mãos sobre o rosto, tentando conter o choro. "Mas, eu não consegui. Ela morreu do mesmo jeito, e agora posso te perder a qualquer momento...

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
Abracei-o forte, tentando confortá-lo.
"Está tudo bem..."

Eu sabia que não estava tudo bem, mas era péssima com palavras. Limpei a lágrima e olhei em seus olhos.

"Eu prometo que vou conseguir pagar o que você deve a ele, e aí vamos nos ver livres dele." Disse, virando-me.

Ouvi seu suspiro profundo. "Não é bem assim. Agora, como ele disse, você pertence a ele. E como se tivesse feito um novo contrato. Você, em troca da minha vida. Não sei o que ele vai te mandar fazer, mas coisa boa não é."

"Então eu vou matá-lo!" disse, com raiva.

Meu pai deu um riso fraco. "Quem me dera se fosse tão fácil assim, filha. Ele é pior do que você imagina ou já viu.
Acha que, se fosse fácil matá-lo, eu já não teria feito isso?" Disse com uma voz cansada, como se não tivesse dormido nada. Ele se levantou e subiu as escadas.

Suspirei e fui até a cozinha, pensando em como escapar das garras daquele homem. Se eu desse um passo sequer errado, estaria morta.