No reino de Hiverdhor...

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O sol brilhava intensamente sobre as torres de Hiverdhor, lançando sombras longas no pátio do castelo. Os muros de pedra, cobertos por musgo, guardavam séculos de história e memórias, mas para Aldric, de apenas sete anos, eram um mundo de aventuras esperando para serem exploradas. Correndo pelo pátio com seus pequenos pés descalços, ele podia ouvir a risada de seu irmão mais velho, Lucan, ecoando atrás de si.

— Você nunca vai me pegar! — Aldric gritava enquanto se esquivava das mãos estendidas de Lucan, que ria com a tentativa.

Lucan, com seus dezesseis anos, já era quase um homem. Alto e esguio, seus cabelos castanhos escuros caiam sobre os olhos com a mesma intensidade de sua expressão firme. Mas, apesar de sua seriedade, ele sempre encontrava tempo para brincar com o irmão mais novo. Ele sabia que esses momentos de inocência eram fugazes, e que o peso da responsabilidade logo recairia sobre seus ombros.

Finalmente, Lucan alcançou Aldric, agarrando-o pela cintura e levantando-o no ar, fazendo-o girar. Aldric ria descontroladamente, seu riso infantil enchendo o coração de Lucan com um calor que só a família poderia proporcionar.

— Eu desisto, Lucan! Você ganhou! — Aldric gritou, ainda ofegante de tanto rir.

Lucan colocou-o no chão suavemente, arrumando os cabelos desordenados do irmão. Havia algo na maneira como Aldric olhava para ele, com admiração e amor puro, que fazia Lucan querer protegê-lo de todos os males do mundo. E sabia que esse desejo logo seria testado, pois seu treinamento como cavaleiro estava prestes a intensificar-se.

— Um dia, Aldric, você também será um grande cavaleiro — disse Lucan, ajoelhando-se para ficar na altura dos olhos de Aldric. — Mas até lá, deve aprender tudo o que puder. A força é importante, mas a sabedoria é o que realmente faz um líder.

Aldric assentiu com seriedade, absorvendo cada palavra. Para ele, Lucan não era apenas um irmão; era um herói, alguém que ele queria desesperadamente ser igual. Mas a mente de uma criança é ingênua, e Aldric ainda não compreendia o peso que essas palavras carregavam.

Naquela noite, quando o crepúsculo desceu sobre Hiverdhor, os irmãos se sentaram juntos no salão principal, onde o Rei Berthold, seu pai, presidia o jantar. A presença de Berthold era imponente; um homem de grande estatura, que aparentava quase alcançar a altura de seu trono, que possuía 2 metros. O rei com um ar de severidade que fazia todos ao seu redor silenciarem. Mas naquela noite, ele sorriu ao ver seus filhos tão unidos.

— Lucan, você fez bem em cuidar de seu irmão — disse Berthold, sua voz grave ressoando pelo salão. — A responsabilidade de um irmão mais velho é uma honra e uma carga.

— Sim, pai — Lucan respondeu, inclinando a cabeça respeitosamente.

Aldric, sentado ao lado de Lucan, olhou para o pai com uma mistura de medo e respeito. O rei era uma figura distante para ele, alguém a quem ele reverenciava, mas que raramente via sem a formalidade da corte.

— E você, Aldric — o rei continuou, voltando-se para o filho mais novo. — O que aprendeu hoje?

Aldric hesitou, seus olhos procurando os de Lucan por apoio. Ele sabia que seu pai esperava uma resposta sábia, algo que demonstrasse que ele estava crescendo e se tornando digno de sua linhagem.

— Eu... eu aprendi que a força é importante... mas que a sabedoria é o que faz um líder — respondeu Aldric timidamente, repetindo as palavras de Lucan.

O rei levantou uma sobrancelha, surpreso pela profundidade da resposta do garoto.

— Muito bem — ele disse após um momento de reflexão. — Essas são palavras sábias. Lembre-se disso, meu filho. A força sem sabedoria é apenas destruição.

A noite seguiu tranquila, com as velas iluminando o grande salão, lançando sombras dançantes nas paredes de pedra. Aldric observava seu irmão e seu pai, admirando a autoridade com que ambos comandavam a atenção de todos. Ele sentia em seu coração que queria ser como eles, fortes e sábios, mas mal sabia ele das provas que o aguardavam no futuro.

Naquela noite, o salão entrou em festa, por motivos que o pequeno Aldric ainda não sabia ou entendia.

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