The Zombie Apocalypse

ONE

Como toda essa merda começou?

Alguns dizem que foi na China, outros afirmam que foi no Brasil, mas isso realmente importa no estado em que estamos agora?

Os noticiários repetiam a mesma coisa, um atrás do outro: "Humanos se tornaram canibais de uma hora para outra!"

Essa merda toda explodiu há dois anos, e agora, quando achamos que finalmente acabou, mais desses malditos zumbis aparecem.

Eu me lembro perfeitamente do dia em que essa porra toda começou.

*

A rua se encontrava totalmente vazia, sem uma alma viva andando sobre ela. Toda madrugada era assim, um vazio absurdo. Todos dormiam em silêncio, um silêncio plausível e tenso, mas havia uma única casa que fazia barulho: a residência dos Ross's.

— Seu idiota, devolve o meu doce! — Gritava uma gêmea.

— Ah, qual é, Maggie, é só a porra de um chocolate! Quem divide multiplica! — Gritou o outro gêmeo, fazendo careta para a irmã.

— Eu não sou uma calculadora para dividir, seu babaca! Me. Devolve. Meu. Chocolate! — Gritou, puxando o cabelo do irmão.

Os dois pareciam cão e gato brigando apenas para saber com quem ficaria o maldito chocolate. Enquanto rolavam no chão, gritando e se esmurrando, a mãe de ambos apareceu e tomou o chocolate da mão de Tomás, sem que ele percebesse. Mas a garota viu tudo, e no momento em que a mãe dela retirou o chocolate de Tomás, Charlotte viu a oportunidade perfeita para simplesmente sair vitoriosa dali. No entanto, antes de colocar seu plano em prática, sua mãe comeu o chocolate, quebrando a última esperança que Charlotte tinha.

— Sem chocolate, sem brigas. Agora os dois para cama, já! — Falou a mãe, bocejando de sono.

Com semblantes irritados e derrotados, os gêmeos trocaram um olhar de cumplicidade e, finalmente, concordaram em obedecer. Charlotte bufou de frustração, resignando-se a esperar por uma nova oportunidade para se vingar do irmão pela injustiça do chocolate perdido.

— Você vai me pagar outro chocolate, Tommy — sussurrou Charlotte ao irmão, que deu língua, respondendo-a sem abrir a boca: um simples "não".

Sua boca formou um "o" perfeito enquanto ela processava a informação; seu irmão, por outro lado, já estava na porta do quarto dele, quase entrando, quando Charlotte passou por ele, prestes a soltar fumaça pelas orelhas.

Tomás sabia exatamente o que a irmã pensava e deu um sorriso de canto claramente visível para ela, fazendo-a bufar de raiva. Quando entrou em seu quarto, Tomás deparou-se com a cena de seus dois amigos — ambos acordados pela gritaria — conversando. Quando ambos notaram Tomás parado ali, lançaram-lhe um olhar raivoso, ao qual ele revirou os olhos.

— Um maldito chocolate era pelo que você brigava com a idiota da sua irmã, Tommy? — falou Anthony, em um tom medonho e rouco pelo sono.

Tomás sentiu um leve arrepio ao ouvir seu primeiro nome, que raramente era usado pelo amigo.

— Veja lá, era um chocolate, sabe? E eu estava querendo há um tempo, mas também não precisa chamar minha irmã de idiota, sabe? Só eu posso chamá-la assim, Tomás, você sabe disso.