Nervous | Jakehoon.

breathe.

"Crawling back to you
Ever thought of calling when you've had a few?
Cause I always do
Maybe I'm too busy being yours to fall for somebody new."

"Do I Wanna Know?" - Arctic Monkeys.

Sunghoon tinha medo de tudo. Ele próprio se denominava o mais medroso dentre seu grupo de amigos. Tinha medo de baratas, do escuro, de trovões e, acima de tudo, de seu passado. O maior pesadelo de Sunghoon tinha nome e sobrenome: Shim Jake, um coreano metido a australiano que assombrava suas lembranças e sua vida.

Desde criança, Sunghoon sempre se sentira atraído pelo gelo.
Patinar lhe dava uma sensação de liberdade que ele não encontrava em lugar algum.
Cada movimento suave e cada salto audacioso faziam seu coração bater mais rápido, não de medo, mas de excitação. Era uma forma de escapar, de esquecer seus medos, nem que fosse por alguns momentos.

A dedicação de Sunghoon ao patinagem artística começou como uma simples atividade extracurricular, mas rapidamente se transformou em uma paixão arrebatadora.
Ele passava horas no rinque, aperfeiçoando sua técnica, repetindo os movimentos até que fossem executados com precisão impecável.
Seus amigos o viam como um talento nato, mas Sunghoon sabia que era mais do que isso; era uma fuga, um refúgio do passado.

Jake sempre estivera lá, uma sombra que Sunghoon não conseguia evitar. No final do ensino médio, Jake e Sunghoon haviam começado um relacionamento que, embora breve, fora intenso. No entanto, a traição de Jake rasgou o frágil tecido da confiança que haviam começado a tecer. Sunghoon sentia a traição como uma ferida aberta, constantemente lembrada pelas memórias de Jake.

Cada movimento no gelo era uma tentativa de apagar essas memórias, de se tornar alguém melhor, mais forte. Sunghoon treinava com fervor quase obsessivo, suas pernas e braços movendo-se com graça e precisão. O som dos patins cortando o gelo era música para seus ouvidos, uma sinfonia de superação e determinação.
À medida que os anos passavam, Sunghoon se destacava cada vez mais no mundo da patinagem. Ele ganhava competições regionais e nacionais, e sua reputação crescia. No entanto, cada vitória era uma lembrança silenciosa de que ele ainda não tinha superado Jake, de que ainda estava correndo de seu passado, no fundo desejava que o outro estivesse ali consigo, o vendo crescer e realizar seu sonho.

As manhãs de inverno eram suas favoritas para treinar. O rinque estava quase sempre vazio, permitindo que ele se concentrasse completamente em seus movimentos.
O ar gelado queimava seus pulmões, mas ele não se importava. A dor física era uma distração bem-vinda da dor emocional. Cada salto triplo, cada pirueta, cada deslizamento perfeito eram passos para longe de Jake.
Sunghoon se tornara um mestre em esconder seus medos. Para o mundo exterior, ele era confiante e talentoso, um jovem prodígio no gelo.
Mas por dentro, ele lutava diariamente contra os demônios de seu passado. A imagem de Jake, com seu sorriso fácil e olhos penetrantes, aparecia nos momentos mais inoportunos, um fantasma que se recusava a ser exorcizado.

A patinagem se tornou sua vida, sua identidade. Ele passava horas assistindo a vídeos de performances, estudando cada movimento, buscando formas de melhorar.
As críticas dos juízes eram analisadas meticulosamente, cada detalhe era uma oportunidade para crescer.
Sunghoon sabia que a única maneira de realmente superar Jake era se tornando o melhor, não apenas no rinque, mas também dentro de si mesmo.
Sua trajetória no esporte foi marcada por momentos de pura exaustão e êxtase.
Ele se lembrava das noites em claro, revisando coreografias, e das madrugadas frias no rinque, onde o silêncio era seu único companheiro. Cada queda era uma lição, cada sucesso, uma pequena vitória contra seus próprios medos.

Mesmo com todo o sucesso, a sombra de Jake ainda pairava sobre ele.
Sunghoon sabia que superar Jake não significava apenas ser melhor no esporte, mas também enfrentar o que havia acontecido entre eles.
Era uma batalha interna, uma luta contra as memórias e as emoções que ainda o assombravam.