II

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O dia já tinha amanhecido, mas Éris não se importava, tinha caído em exaustão, não se importava de alguém passar e a ver naquele estado deplorável, não iria se importar se a chamassem de "bêbada" ou "mendiga suja".

Passado a manhã, e ela se viu obrigada a acordar quando sentiu alguém cutucar seu braço. Resmungou, balançando seu corpo para os lados, sinalizando que não estava apta. A pessoa, teimosa, a balança com mais força.

-Ei garota! Acorde!. A voz se fez presente, um pouco arrastada e baixa.

-Eee.. vá embora. Éris resmunga novamente, mais baixo e feroz que antes.

Rapidamente a pessoa parou. Ela sentiu a presença indo embora. Mas rapidamente sentiu uma batida em sua costela direita, assustada abriu os olhos, com um impulso ela estremeceu, tocou o local breve machucado, fraca ela levantou seu olhar e arqueou as sobrancelhas.

-Finalmente, pensei que estava quase morta criança. A voz a tira de seus pensamentos. Não podia acreditar, por um momento ela deu uma risada, tinha sido atingida na costela por uma bengala, uma bengala de uma idosa.

-E..? Vai ficar só me olhando garota? Ande levante, você precisa sair daqui, é perigoso. A senhora a avisa, podia ver a preocupação nos olhos dela.

-Eu.... Ela cogita falar algo, mas nega com a cabeça, ela tenta se levantar devagar, apoia sua mão na parede, com o corpo fraco se ergue, ofegante.
-muito obrigada, eu vou sair daqui. Ela avisa, sem saber como reagir, tocando novamente seu machucado.

-Você tem algum lugar para ir criança?

-Não se preocupe, eu vou ficar bem.Mente.

-Você não parece bem agora, está suja e com uma cara péssima. A mulher é cruel com sua fala.

-Ressaca, foi uma noite muito turbulenta ontem.
Mente de novo

-De pijama?. A mulher a confronta, sem escapatória, ela se vê forcada a dizer a verdade, ela queria fugir, correr e sair daquilo tudo, mas estava cansada demais para isso.

-Eu.. eu fugi. Sua respiração se descompassa, ela odiava ter medo do julgamento, odiava os olhares de pena. A mulher a olha com compaixão, suspira forte e a bate novamente com a bengala, acertando sua cabeça com menos força.

Ah.. adolescentes, venha criança, você não pode ficar aqui. Ela rebate, com os lábios franzidos e as sobrancelhas franzidas. Em visível preocupação.

-Não.. precisa eu- a mulher a interrompe.

-Precisa sim, olhe seu estado, uma criança totalmente vulnerável e sozinha. Céus.

Suspira, com dificuldade andando até a moça, parando ao seu lado. A velha senhora a olha e sorri, ela tira seu casaco floral, mostrando seu vestido verde limão, lhe entrega um casaco, Erís agradece, logo se cobrindo.

-Aonde vamos?. A senhora sorri e lhe responde.

-Pra minha casa, um pequeno lugar nesse mundo tão grande..

-Obrigada, não saberia o que fazer.

-Não há nada de mau nisso querida, mas, porque fugiu?

A adolescente suspira, encolhe os olhos e os ombros, não queria lembrar disso. Não mais.

-Eu.. estava num convento. Não era um lugar muito acolhedor.

-Fugiu por rebeldia?. Oras que bobeira, conventos não são prisões. A mulher rebate. Éris ri, olhando as ruas enquanto andam. Ela podia sentir algumas pessoas a olhando, sabia disso.

-Bom.. não era tão diferente de um purgatório, meus pais decidiram me transferir a uns dois anos. Não queriam lidar com uma filha rebelde.

A senhora se cala, a guiando até a casa, até que ambas são paradas por um feirante. Ela não se importou, não sabia por que estava confiando em uma estranha, muito menos por que estava contando tantas coisas.

Ela se vira, sentindo o vento fresco da tarde, ela gira um pouco seu tronco para tentar verificar seu hematoma, aproveitando o lugar calmo que estavam.  
Por instinto seus olhos se viram para trás.

Seu corpo paralisa e suas mãos começam a tremer, ela sabia quem era, e por isso a assustava. Lágrimas começam a se formar em seus olhos.


Ele não.

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⏰ Last updated: Aug 07 ⏰

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O vazioWhere stories live. Discover now