Epígrafe

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Volkov

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Volkov

Palácio de inverno, São petersburgo
14:45 PM, RÚSSIA

É inevitável não achar ridículo como a  situação hedionda entre as famílias mais poderosas da Rússia, havia se transformado em algo decente por defluência de uma dúzia de palavras e uma assinatura.

A guerra foi esquecida e a União trouxe a paz…

Mas o preço havia sido enorme…

O corpo rígido e o olhar frio denuncia meu descontentamento com a situação, que por ironia, eu mesmo havia me posto. Rara eram as vezes que agi por emoção e não pensei nas consequências, mas de alguma forma no momento que as cartas foram postas à mesa e toda a situação de um novo confronto foi revelado, eu não vi saída ao não aceitar aquele acordo. 

Porém, não demorou muito para que a ficha caísse e eu enfim me desse conta da burrada que tinha feito…

Porque entrar naquela igreja acompanhado da mulher mais importante da minha vida, andar aquela passarela decorada com flores negras, subir até o altar e me virar para aquela família que um dia desejou minha morte fez com que toda a realidade fosse jogada na minha cara… Além das Mil testemunhas, que sussurravam entre si assuntos mesquinhos.

Eu havia entregado minha cabeça e minha liberdade de mãos beijadas a família Romanov.

A família que quis acabar com tudo que eu e minha família conquistamos.

É até irônico pensar, que estou me casando com alguém dessa linhagem indigna do meu respeito. Porém, só de pensar em um novo confronto e o banho de sangue que ocorreria a seguir, me faz ter a certeza que aceitar o pacto havia sido a melhor opção. Eu não aceitaria ver sangue inocente sendo derramado pelo meu orgulho, proteger aqueles que amo sempre será o meu maior triunfo.

E se para minha família ficar segura seja necessário abdicar de meus sonhos e me casar com um ser desprezível da família Romanov, eu irei fazer. Céus, me sinto uma moçinha vendida para pagar a dívida do pai.

— Sabe, eu tô tentando entender se essa sua cara é de “pisaram no meu calo esquerdo”, — me arrastando de volta ao altar da capela, a voz do meu irmão soa como garras de gatinhos arranhando uma lousa de giz em meus ouvidos e imediatamente a vontade de abandonar tudo e ir beber me consome. Vai começar…— Ou se só está com medo do que vai entrar por aquela porta.

— Porque eu teria medo de alguém? – Questiono de forma baixa, direcionando  meu olhar ao seu.— Provavelmente é apenas um ômega mimado que não teve escolha senão aceitar o acordo.

— Você não leu o arquivo e nem mesmo quis saber quem era seu noivo todo esse tempo? Nunca prestou atenção nas coisas que te dizia? — eu pude ver no fundo de seus olhos a indignação e a preocupação com a minha falta de interesse.

— Não.

— Puta merda, voce é a pessoa mais idiota que eu conheco! – Ele diz exasperado, me deixando confuso com sua fala.

— Que merda você quer dizer com isso? É apenas um ômega… – Afirmo sem pestanejar, fazendo meu irmão passar a mão no cabelo desacreditado e rir de escárnio, ao mesmo tempo que tentava se controlar, para não atrair olhares curiosos.

— Ele não é apenas um ômega, puta merda, Jimin! – Ele se aproxima, com sua respiração ansiosa e pesada, parecendo ter um elefante sentado em suas costas — Ele não foi obrigado a aceitar nada…Você não merece esse casamento.

— De que porra você está falando?

— Essa sua indiferença com esse matrimônio só mostra a falta do seu comprometimento.

Encaro meu irmão como se suas palavras não valessem nada, mas por dentro algo que tanto tentei evitar por anos retorna me causando calafrios. E ao ouvir suas palavras, a realidade vem como uma avalanche e destrói tudo que um dia idealizei pra mim.

O pacto de sangue não significa nada pra você também?

— Você me coloca como o errado de toda a história, mas fui eu que tive que abdicar de tudo para que a nossa família pudesse ficar segura. Você pode ter esquecido tudo que aquela família vez para nós, mas eu não! – Irado vejo Namjoon trancar o maxilar e desvia o olhar, confirmar minhas suspeitas. — Me causa repúdio ver que você, meu sangue defender um Romanov.

— Voce nao o conhece e o critica como se soubesse tudo o que ele fez...Mas mal sabe todas as coisas que ele também abdicou e lutou... – Estou pronto para discutir com meu irmão, mas antes que eu pudesse dizer algo, Nam respira fundo e diz:— Foi ele quem solicitou o casamento como trégua, Jimin.

Meus olhos se abrem em surpresa, porém antes mesmo de conseguir raciocinar o peso de suas palavras, a marcha nupcial começa a tocar, meu corpo por instinto se vira para frente abandonando o olhar decepcionado do meu irmão. As portas no final do corredor se abrem lentamente em conjunto com que todos os presentes ficam em pé, meu corpo se torna rígido e minha expressão se fecha.

Mas quando meus olhos encontraram os dele no final do corredor, tudo ao redor foi anulado. O tempo parou e nem mesmo a verdade sobre aquele acordo e sua linhagem, apagaria a confusão que senti quando ele começou a andar de encontro a mim.

Pois mesmo esse casamento não significando nada por todos esses anos além do meu dever como líder…

Ele…

Acabava de se tornar tudo.

BRATIV: A linhagem dos PurosOnde histórias criam vida. Descubra agora