05: Almas Solitárias.

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Julho, 1977

Annabel não viu mais Regulus depois daquele dia, até mesmo nos horários de refeição, os quais costumavam ser os únicos, ele já não aparecia mais. E, embora ela não tivesse certeza e não quisesse ser tão egoísta, ela se perguntava se o motivo — o problema — de Regulus fosse a presença dela e de tudo o que havia acontecido naquele dia. Às vezes, ela precisava sentar e rir, porque era realmente engraçado a maneira com que ela conseguia fazer as pessoas se afastarem de si apenas usando suas próprias palavras e sendo ela mesma. Às vezes, Annabel tinha a certeza de que não deveria viver em sociedade porque ela não sabia como fazê-lo.

Por causa disso, ela queria poder se desculpar com ele por qualquer coisa que possa ter feito ou falado errado naquele dia. Esperava ter feito isso na manhã seguinte, assim que o visse, após o café, mas ele não esteve e ela não o viu por mais uma semana inteira. Era engraçado, mas triste, porque querendo ou não, à medida que as semanas passavam, ela tinha cada vez menos tempo na casa dele e com ele.

Não como se ela se importasse em ter ou não tempo com ele, é claro, mas de certa forma, ela não podia deixar de sentir que Regulus era o seu único amigo, e a única pessoa que era capaz de entendê-la como ninguém nunca mais fez em sua vida. E era ainda mais engraçado, porque, ao mesmo tempo, ela ainda não sabia nada sobre ele além do que ele havia mostrado e Saphira havia revelado durante o baile.

Saphira, ela também era uma incógnita; não tanto quanto Regulus, mas ultimamente, ela tem feito Annabel pensar. Desde o dia em que todos foram para a Mansão dos Malfoy — Annabel nem fazia ideia de quem eram — Saphira se tornou tão invisível quanto Regulus, e Jeffrey se tornou irritado e mal-humorado da forma que ficava durante todas as férias de verão em que passava longe de uma namorada. Isso fazia Annabel se perguntar… era óbvio que seu irmão estava interessado na Black, que era tão linda e misteriosa que ela não julgaria se tivesse mil pretendentes em Hogwarts, mas, de o dia para a noite, era estranho Jeffrey estar naquele estado e Saphira estar distante. Ela se perguntava o que havia acontecido, e uma parte de si gostaria muito que Saphira tivesse dado um fora em Jeffrey.

Novamente, os dois irmãos se encontravam no mesmo quarto e, por causa disso, Annabel agradecia por aquela ser sua penúltima semana naquela casa; e era sexta. Jeffrey estava deitado na cama com sua expressão de mau-humor e estava com uma bola 8 mágica de sinuca, que ele lançava para cima e batia no teto, fazendo um barulho irritante antes de cair de novo na mão dele. Annabel estava imersa em escrever poesias, rimando palavras que fizessem um sentido bonito, criando significados para elas. Era tedioso, aquela casa e aquele verão estavam sendo o mais tedioso da sua vida e ela realmente não entendia como Regulus e Saphira aguentavam tanto; ela surtaria.

Os Black eram mesmo excêntricos e Saphira e Regulus nem eram os únicos, apenas o fato de todos serem nomeados como estrelas os tornavam únicos e um tanto pretensiosos sobre isso. Exceto por Saphira, ela era uma jóia. E, como se sentia sobre isso? Ela se sentia excluída, diferente, excêntrica ao resto? Por que ela não tinha nome de estrela? Por que “Saphira”? Annabel nunca saberia as respostas, porque ela nunca havia falado com Saphira desde o baile e nem estava perto disso. Também não era como se se importasse; Saphira era intimidadora.

Regulus também era intimidador, claro, ele tinha toda aquela aura sombria e aqueles olhos frios como se fosse um gato preto à espreita, mas inteligente como um corvo. Mas Regulus era… diferente, ele era diferente de uma boa maneira.

Regulus, a estrela mais brilhante da constelação de Leão, mas que ficava um tanto afastada das outras, ela se sentia solitária? Regulus, que também significa “pequeno príncipe” em Latim, Annabel achava que o nome não poderia significar e combinar menos com ele.

𝐁𝐋𝐀𝐂𝐊 𝐒𝐓𝐀𝐑 / REGULUS BLACKOnde histórias criam vida. Descubra agora