CAPÍTULO 1
(...) Esse amor não me estranha,
Que me ganha me encanta,
Um encontro de almas,
É de vida passada (...)Se for para ser — Lou Garcia, Jovem Dionísio.
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Garan
Fazia mais de sete horas que eu estava na estrada!
Era inexplicável como acabei parando para pesar sobre a minha vida um pá de vezes, bem, de certo tive tempo para isso já que meus movimentos estavam limitados a olhar para a janela da van, o teto e o cara de camisa azul, óculos de sol e um corte de cabelo mais genérico possível enquanto roncava alto do meu lado.
Minhas pernas ficaram encolhidas durante todo esse tempo então era evidente que eu estaria sentindo dor, desde a minha bexiga apertada até meus dedos dos pés que continuavam sendo esmagados pelo peso da mochila que resolvi não colocar na parte de cima da van.
Se arrependimento matasse...
Sinceramente, se eu ao menos tivesse tido um pouco mais de consciência de que o lugar onde era meu destino ficava praticamente do outro lado do Estado, eu teria pensado melhor e por muitos motivos óbvios que eu amava ignorar com todas as forças e mesmo que estivesse fazendo isso pela oportunidade de ter uma vida independente. Longe daquele sufoco.
Trocar uma capital por uma cidade com algumas poucas mil pessoas era um passo e tanto, um que durante quase toda a viagem várias vezes eu me arrependi de ter dado.
Eu estava com medo de ter dado um passada maior do que a minha perna poderia esticar, maior do que poderia subir, muito maior do que simplesmente prever, eu era medroso e sair da minha zona de conforto me deixava apavorado, ainda mais ter que dividir o quarto, meu espaço pessoal, com mais outras pessoas.Fiz uma careta expressando todo o meu descontentamento e fiquei com ela no rosto por bastante tempo, refletindo novamenteas as coisas que decidi por livre e espontânea pressão.
Em resumo, eu não sabia o porquê diabos meu pai teve a mirabolante ideia de me convencer que estudar ciências seria bom para mim, era ainda mais confuso que eu tenha deixado me levar pelo seu discurso pomposo, para esse lugar, essa circunstância, evidentemente ele estava com uma imensa vontade de me largar de vez do que me ter de volta na sua casa.
E foi o que fez.
Eu tive que aceitar calado, até porque eu não fazia nada vida, uma hora ou outra a ele iria me dar esse tapa, só nunca imaginei que doeria tanto e que ficaria tão chateado por causa de uma necessidade básica para a minha vida, era ridículo.
Eu queria muito me jogar na pista sem trânsito da BR, beber um litro de água sanitária para poder lavar minha boca das besteiras que eu falava porque a gente brigou, meu pai, minha irmã, até o atentado do cachorro tinha culpa no cartório.
Foi mais uma discussão unilateral do que uma confusão com demasiado barulho e falta de escrúpulos da parte do meu velho, até porque eu estava certo e não abria mão da minha opinião. Papai estava fazendo drama a mais de três dias e era macho demais para admitir que estava errado.
Isso tudo por causa da minha decisão de não querer fazer o que ele queria. Bem, que bom para ele, para minha irmã e seu cachorro idiota que me odiava, para mim que também não queria voltar, mas, caramba, precisava ser matemática e química? Não tive nota de corte do suficiente para um coisa menos pesada, isso estava me matando por dentro, com medo de tudo ser uma grande merda.
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Todos os TONs de Você
RomanceGaran acabou de se mudar para a residência da universidade, onde lá conheceu o animado, e quem dera fosse pouco bonito, Antônio, o dito cujo que virou sua vida de cabeça para baixo e acrescentou um toque colorido de magia a sua vida cinza. Todos os...