Eu costumava brincar com o facto da minha amiga Laura viver grudada em homem.
Namorava hoje um e não durava mais que um mês ou dois. Logo vinha para perto de mim e chorava amaldiçoando tudo e todos.
Não tardava muito e já aparecia com outro a tiracolo.
- Laura, sossega o facho.
Nunca vai dar certo se não parares para pensar. Tu és muito impulsiva, ages sem medir os prós e os contras. Os homens assustam-se de tanto que tu corres.- Ju, tu sabes que eu não suporto estar sozinha. Eu preciso de um companheiro sempre do meu lado.
- Mas uma relação é muito mais que isso. Tu conheces hoje um tipo e amanhã já queres casar, adoptar um cão, um gato e sabe-se lá mais o quê?
- Achas que eu assusto os homens?
- Acho. É muita pressão em cima deles.
- Eu não sei como consegues estar solteira há tanto tempo. Faz quanto tempo desde a última relação?
- Faz cinco anos. E não pretendo mudar por enquanto.
- Mas tu tens uma vantagem. A tua filha ocupa-te o dia.
- E verdade. Foi o bom que esta relação me trouxe.
- Nunca mais o viste?
- Nem quero. Quem renega o próprio filho não merece consideração.
- Vocês pareciam um casalzão. Eu fiquei de queixo caído quando soube que ele te tinha traído.
- Tu achas que ele ainda está com a Sónia?
- Não sei mesmo. Nunca mais tive notícias dele.
Eu tinha acabado a faculdade e tínhamos combinado sair.
Íamos eu, Rodolffo, Sónia, Ricardo, Ester e Rómulo.Dos três casais apenas eu e Rodolffo namoravamos. Todos os outros eram apenas amigos e colegas. Saímos para jantar e depois esticámos a noite e fomos para um bar.
Eu senti que Rodolffo estava um pouco estranho, mas quando perguntei respondeu-me que era impressão minha e que até estava muito bem e feliz.
Bebemos uns copos. Sónia era a mais extrovertida e divertia todos.
Já a noite ia longa, estávamos todos juntos e Sónia saiu dizendo que ia ao banheiro.
Estranhei pois Rodolffo pouco depois também teve vontade de ir. Eu já tinha notado uma troca de olhares, então esperei um pouco e fui atrás.Abri a porta do banheiro feminino bem devagar. Dentro de uma das boxes ouvia risos e sussurros.
- Estava doido para estar contigo.
- Aquela tua namoradinha, não desgruda. Irra!!!
Entrei no box ao lado e sem fazer barulho subi na tampa da sanita e filmei a cena por cima.
Cerrei os dentes e toda eu tremia enquanto Rodolffo metia nela e dizia frases obscenas não se importando com quem pudesse entrar ali.
Assistir a toda aquela cena, não sei onde fui buscar coragem. Na hora tive vontade de abrir a porta deles de sopetão e encará-los, mas preferi filmá-los.Os dois gemiam a cada estocada ou chupada. Um verdadeiro filme +18.
Depois que terminaram, saíram do box soltando risadas, lavaram as mãos e voltaram para junto dos outros.
Eu demorei um pouco para me recompor. Visualizei o vídeo, guardei o telemóvel e regressei como se nada tivesse acontecido.
- Onde foste, Ju?
- Apanhar ar. A bebida deixou-me tonta, mas já estou melhor. Acho que vou pegar um táxi e voltar para casa.
- Vou contigo.
- Não, Rodolffo. Fica. Eu é que não estou habituada a bebidas.
Ele nem argumentou mais. Era um favor que lhe fazia pensei eu. Despedi-me, ele acompanhou-me até ao táxi e regressou.
No dia seguinte e no outro não deu noticias. Ao terceiro dia mandei mensagem para ir conversar comigo.