Capítulo I

245 12 11
                                    

Eu costumava brincar com o facto da minha amiga Laura viver grudada em homem.

Namorava hoje um e não durava mais que um mês ou dois.  Logo vinha para perto de mim e chorava amaldiçoando tudo e todos.

Não tardava muito e já aparecia com outro a tiracolo.

- Laura,  sossega o facho.
Nunca vai dar certo se não parares para pensar.  Tu és muito impulsiva, ages sem medir os prós e os contras. Os homens assustam-se de tanto que tu corres.

- Ju, tu sabes que eu não suporto estar sozinha.   Eu preciso de um companheiro sempre do meu lado.

- Mas uma relação é muito mais que isso. Tu conheces hoje um tipo e amanhã já queres casar, adoptar um cão,  um gato e sabe-se lá mais o quê?

- Achas que eu assusto os homens?

- Acho.  É muita pressão em cima deles.

- Eu não sei como consegues estar solteira há tanto tempo.  Faz quanto tempo desde a última relação?

- Faz cinco anos.  E não pretendo mudar por enquanto.

- Mas tu tens uma vantagem.  A tua filha ocupa-te o dia.

- E verdade.  Foi o bom que esta relação me trouxe.

- Nunca mais o viste?

- Nem quero.  Quem renega o próprio filho não merece consideração.

- Vocês pareciam um casalzão.  Eu fiquei de queixo  caído quando soube que ele te tinha traído.

- Tu achas que ele ainda está com a Sónia?

- Não sei mesmo.  Nunca mais tive notícias dele.

Eu tinha acabado a faculdade e tínhamos combinado sair.
Íamos eu, Rodolffo,  Sónia, Ricardo, Ester e Rómulo.

Dos três casais apenas eu e Rodolffo namoravamos.   Todos os outros eram apenas amigos e colegas. Saímos para jantar e depois esticámos a noite e fomos para um bar.

Eu senti que Rodolffo estava um pouco estranho, mas quando perguntei respondeu-me que era impressão minha e que até estava muito bem e feliz.

Bebemos uns copos.  Sónia era a mais extrovertida e divertia todos.
Já a noite ia longa, estávamos todos juntos e Sónia saiu dizendo que ia ao   banheiro.
Estranhei pois Rodolffo pouco depois  também teve vontade de ir.  Eu já tinha notado uma troca de olhares, então esperei um pouco e fui atrás.

Abri a porta do banheiro feminino bem devagar.  Dentro de uma das boxes  ouvia risos e sussurros.

- Estava doido para estar contigo.

- Aquela tua namoradinha, não desgruda. Irra!!!

Entrei no box ao lado e sem fazer barulho subi na tampa da sanita e filmei a cena por cima. 

Cerrei os dentes e toda eu tremia enquanto Rodolffo metia nela e dizia frases obscenas não se importando com quem pudesse entrar ali.
Assistir a toda aquela cena, não sei onde fui buscar coragem.  Na hora tive vontade de abrir a porta deles de sopetão e encará-los, mas preferi filmá-los.

Os dois gemiam a cada estocada ou chupada.  Um verdadeiro filme +18.

Depois que terminaram, saíram do box soltando risadas, lavaram as mãos e voltaram para junto dos outros.

Eu demorei um pouco para me recompor.  Visualizei o vídeo, guardei o telemóvel e regressei como   se nada tivesse acontecido.

- Onde foste, Ju?

- Apanhar ar.  A bebida deixou-me tonta, mas já estou melhor.  Acho que vou pegar um táxi e voltar para casa.

- Vou contigo.

- Não,  Rodolffo.   Fica.  Eu é que não estou habituada a  bebidas.

Ele nem argumentou mais.  Era um favor que lhe fazia pensei eu.  Despedi-me, ele acompanhou-me até ao táxi e regressou.
No dia seguinte e no outro não deu noticias.   Ao terceiro dia mandei mensagem para ir conversar comigo.



Porquê?Onde histórias criam vida. Descubra agora