Linha de Partida.

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—Aquele imbecil! — Rugiu Meiling abrindo a porta bruscamente e respirando fundo, já dentro do quarto. Levou as mãos até o rosto para abafar um grito histérico. As vezes ela se esquecia completamente do quanto Huang era irritante. Por quê? Por que ela tinha que ir pedir ajuda para aquele tosco endiabrado? Falar com Huang Tao era tão agradável quanto realizar um exame de colonoscopia.

Ela bufou, nitidamente frustrada e mordendo a boca com raiva, dirigiu-se até a cama de solteira, sentando-se na beirada. Ela precisava de ajuda com o computador, mas não confiava em qualquer pessoa. Mal tinha certeza se confiava em Huang Tao na verdade. As únicas razões para ter se rebaixado e ir pedir ajuda do desgraçado foram duas: 1) Ele não tinha o menor interesse na contabilidade da sua empresa ou na sua vida ou nela e 2) Era o território dele, podia ajudá-la a aumentar a segurança e a reforçar os sistemas contra pessoas mal-intencionadas.

—Ele não quis te ajudar? — Sarisa a olhou demoradamente, avaliando as reações esboçadas pela melhor amiga. Não entendia por que ela ainda se dava ao trabalho de falar com aquele trasgo, era óbvio que ele não iria mover um único dedo que fosse para ajudá-la. Esse era Tao.

—Não. É claro que eu já deveria esperar, mesmo assim é frustrante sabe? Eu simplesmente pedi para ele fazer um favor.

Sarisa terminou de pentear o cabelo e colocou a escova sobre o criado-mudo, levantando-se da cama e jogando-se na cama a sua frente. Ela aconchegou-se nas almofadas perfumadas de Meiling e disse.

—Não é como se a gente não soubesse que seria inútil. O Huang é o maior babaca de Xangai. Provavelmente da China. — Afirmou e Mei assentiu, suspirando frustradamente, batendo as pernas uma na outra em um gesto claramente ansioso. Ela precisava resolver aquela questão do computador o quanto antes. Havia muita coisa em jogo. — O que você vai fazer agora?

Mei afastou alguns cabelos do ombro, os jogando para trás. Não tinha muitas opções. Pelo menos, não opções decentes. Uma delas incluía uma ligação chorosa e humilhante para o ex-noivo.

—Vou conversar com o Ahn. Ele também estuda engenharia né? — Ao dizer isso, jogou-se na cama, deitando-se ao lado da melhor amiga e fitando o teto.

—Sim. — A Jagadish respondeu após alguns segundos. — É verdade, ele está cursando engenharia química ou mecânica ou alguma coisa assim.

—Isso significa que ele deve entender alguma coisa de software.

A melhor amiga balançou a cabeça em concordância e então se virou para fitá-la. Sarisa tinha os olhos caramelizados brilhando em um tom divertido e eufórico.

—Eu fiquei sabendo que hoje à noite vai ter uma corrida na rua do depósito e boa parte da universidade vai estar lá. O que acha?

Meiling meneou a cabeça, considerando a ideia. Estava mesmo precisando se divertir já que as últimas três semanas tinham sido demasiadamente estressantes e era sempre excitante assistir as corridas. Os gritos e o clima de descontração ajudavam a distrair sua cabeça dos problemas do dia a dia.

Além do mais era sempre bom ficar rodeada de caras bonitos e charmosos, fazia muito bem para o seu ego.

—E então? — Sarisa perguntou com um sorriso cheio de expectativa, virando-se na cama e ficando de bruço, apoiando o rosto em seu antebraço e lançando um olhar ansioso a melhor amiga. — Vamos?

—Vamos!

As duas gritaram empolgadamente, rindo e dando as mãos antes de retornarem ao primeiro tópico da conversa – o problema com o computador da Mamba Rosa.

(...)

Meiling estava usando uma camiseta preta com um decote em forma de coração e por cima, jaqueta preta de couro. Sua saia era xadrez e ela calçava tênis ao invés das amadas botas longas e de salto por uma razão puramente estratégica: assim como a Cinderela se transformava a meia noite, ela e todos os demais expectadores da corrida ilegal precisavam desaparecer no exato momento que a polícia chegava.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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