1 - tela de cor cinza

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Dias azuis não são mais tão bonitos.
Ricardo acende o décimo cigarro do dia, (o relógio marcava 13:47) sempre o mesmo, um Black de canela. Seus olhos profundos olhavam atentamente para uma tela em branco como quem dizia "você não era assim".
Começou a andar para um lado e para outro, serviu um whiskey sem gelo em um copo, que estava debaixo de sua cama, olhou pela janela e observou aquele temporal começando a aparecer. Começou a olhar o relógio, sabia que em poucos minutos precisava estar em mais um dia no seu escritório. Parecia que a vida não tinha mais peças para tramar para o mesmo, então vestiu uma calça jeans preta, velha e rasgada que estava pendurada em seu porta-chapéus, colocou a camisa de sempre, preta, e sua bota suja de barro. Arrumou seu cabelo liso e oleoso com a mão e, antes que pudesse encostar a mão na maçaneta, recebeu uma ligação.

- Alô - ele diz com uma voz que lembrava alguém que estava dormindo.

- Quem está falando? - Diz uma voz feminina.

- Você me ligou, não o contrário.

- Aqui é do laboratório Chronos, estamos querendo falar com... Ricardo Orellana.

- Ah, sim. Sou eu.

Aquilo não importava, se tratava de um exame de rotina, que seu amigo insistira para ele fazer.

- Boa tarde, gostaríamos que com urgência o senhor comparecesse no nosso laboratório, hoje às 17:30.

- Ok. Marcado. -
Parecia não ter escutado as palavras urgência e laboratório na mesma frase. Desligou o telefone, terminou o copo em um gole final, colocou outro cigarro na boca e seguiu para o trabalho, um estúdio de pintura onde ele dava aulas de artes. Parecia que suas antigas telas lhe deram a fama necessária para conseguir dar aulas, vender suas telas e fazer palestras. O nome Ricardo Orellana em uma assinatura confusa tinha conseguido tal sucesso.



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