𝓧𝓛𝓘

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Azriel

Enquanto segurava Surya em meus braços, eu mal conseguia dormir.

Cada vez que fechava os olhos, as imagens de nosso encontro passavam pela minha mente, uma mistura de possessão e reverência. Ela estava ali, tão vulnerável e ainda assim tão forte, e eu não podia deixar de me sentir responsável por cada marca em seu corpo.

Surya se movia suavemente em meu abraço, e mesmo depois de tudo, eu ainda podia sentir o cheiro que a diferenciava. Algo entre flores de primavera e uma doçura sutil, como mel. Mesmo depois de ter roubado sua virtude, aquele cheiro persistia, ainda impregnado em sua pele.

A imagem do sangue no tapete me assombrava. Quando o vi, uma onda de possessividade e culpa me atravessou. Saber que tinha sido o primeiro a tomá-la, a marcá-la de uma maneira tão definitiva, era ao mesmo tempo uma sensação de conquista e um fardo.

Eu me mexi na cama, tentando encontrar uma posição confortável, mas cada movimento parecia me lembrar de seu corpo sob o meu. Seus gemidos suaves, a maneira como seu corpo arqueou para me encontrar, tudo estava gravado na minha mente. O toque de suas mãos em minhas asas, como ela explorou cada nervura, foi uma tortura doce que eu ainda podia sentir.

Meu olhar voltou para ela, seu corpo nu parcialmente coberto pela toalha que eu havia usado para secá-la. As marcas vermelhas nos pulsos dela e os hematomas espalhados pelo seu corpo eram testemunhos da intensidade do nosso encontro. Eu não queria machucá-la, mas ao mesmo tempo, havia uma parte de mim que se deleitava em ver as provas de nossa união em sua pele.

Surya suspirou em sono, e eu inclinei-me para cheirar seu cabelo. Aquele aroma virginal ainda estava lá, misturado agora com o nosso suor e o cheiro metálico do sangue. Eu sabia que, eventualmente, aquele cheiro desapareceria completamente, mas por enquanto, era um lembrete constante do que tínhamos compartilhado.

Eu não conseguia evitar sentir uma onda de desejo renovado, mesmo sabendo que ela precisava descansar. Minha mente vagava para a sensação de estar dentro dela, de como ela se apertou ao meu redor, de seus gritos de prazer e dor. Ela tinha se entregado completamente, confiando em mim de uma maneira que poucas fariam.

Eu sabia que ela precisava de tempo para se curar, tanto física quanto emocionalmente. Mas havia algo inegável entre nós, algo que eu nunca tinha sentido antes.

Enquanto segurava Surya em meus braços, não conseguia afastar a preocupação crescente que se instalava em minha mente. Ela era uma fêmea feérica virgem, e agora, o cheiro que a tornava tão pura estava desaparecendo. Outros machos notariam isso, e saberiam o que tinha acontecido. A ideia de que sua pureza, algo tão valorizado em nossa sociedade, não estaria mais presente, me deixava inquieto.

Surya estava destinada a ser a Grã-Senhora da Corte Diurna, e eu sabia o quão importante era um casamento para consolidar alianças e manter a paz. O fato de eu ter sido o primeiro a tomá-la podia complicar tudo. Se outros descobrissem, isso poderia manchar sua reputação e prejudicar suas chances de encontrar um parceiro digno, alguém que pudesse apoiar sua ascensão ao poder.

Eu olhei para ela, seus olhos fechados em um sono tranquilo, e uma sensação de culpa me invadiu. Eu sabia que tinha sido imprudente, que talvez tivesse colocado seu futuro em risco. Helion, seu pai, jamais permitiria que sua herdeira se casasse com um Illyriano como eu. Para ele, e para muitos outros, eu seria apenas um guerreiro com asas, alguém inadequado para uma figura tão importante quanto Surya.

Eu não sabia o que o futuro reservava para nós. Apesar da intensidade do que tínhamos compartilhado, não estava certo de que tipo de relacionamento teríamos. A atração entre nós era inegável, mas as complicações políticas e sociais eram grandes demais para ignorar. Preferi não pensar muito nisso no momento, focando apenas em cuidar dela e garantir que estivesse bem.

Corte de Luz e Sombras - Livro 1 - Fanfic ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora