[EMIKO]
Eu podia estar me defendendo com as minhas próprias mãos ou com uma arma de fogo, esperando que as caíssem no chão e manchasse as paredes de sangue. Infelizmente, minha cabeça estava dentro de um vaso sanitário com uma mão puxando o meu cabelo com força, e pude finalmente, ser puxada pela superfície e recuperar o fôlego em seguida. Ainda sentia aquelas mãos em meu cabelo, que me puxava para fora da cabine e me arrastava no chão como um saco de lixo, sentindo chutes em minhas coxas enquanto resmungava baixo e tampava o meu rosto.
Se quisessem me matar, poderiam me matar naquele exato momento. Mas insistiam em me torturar.
— Não tampa a cara, inútil! — Uma moça de cabelos castanhos pegou em meus pulsos com força, e uma de suas colegas deu um tapa em meu rosto, ficando com marca — Vadia suja!
— Me deixem... em paz! — Eu dizia entre soluços, olhos lacrimejando enquanto tentava me soltar daquele sufoco — O que eu fiz para vocês?!
Uma delas retirou o meu sapato e jogou para longe, enquanto as outras duas me agrediam fisicamente. Elas davam risada, como se eu fosse uma atração de circo ou uma marionete. Não se importavam com a dor que eu sentia, todas eram supérfluas e cheias de si, rebaixando todos aqueles que se recusam a suprir suas expectativas. Eu era um saco de pancadas diariamente.
— Isso aliviou o meu estresse... — A "líder" de castanho, vamos assim dizer, soltava o meu cabelo e tirava um pouco do seu suor da testa — Já basta
— Isso foi muito pouco! — Uma de cabelo ruivo resmungou — Você não acha que deveríamos deixar ela sem roupa?
— Haha, ela seria depósito de sêmen dos garotos!! — Uma garota loira começou a rir alto
— Isso iria sobrar pra nós, não é uma boa idéia. — A líder recusou
Honestamente, eu preferia ser morta por elas do que ser estuprada por garotos. No mesmo momento, as garotas se retiraram do banheiro e me deixaram jogada no chão, como uma boneca jogada no quarto de uma criança. Não demora muito para me levantar e pegar as minhas coisas, principalmente o meu sapato, que estava no canto do banheiro. Me encontrava na enfermaria, retirando faixas velhas do braço para colocar novas faixas que estancava o sangue dos cortes. Coloquei bandaids nas bochechas, pulsos e joelho. Eu estava destruída, pelo menos não estava inchada.
No horário de saída, corri imediatamente do portão para pegar metrô mesmo com as pernas doloridas. Sorte a minha, o metrô não estava lotado. Mas, os acentos estavam ocupados e fiquei de pé, encostada na porta do metrô com os olhos querendo derrubar lágrimas. Eu não ligava de chorar naquele momento, mas algo me dizia que, ao chegar em casa, era pra eu estar com um sorriso no rosto. Infelizmente a minha avó não estava em condições de saúde muito boas, então precisava aproveitar ao seu lado enquanto eu podia.
Minha vida estava tão conturbada que eu podia me entupir de remédios e morrer de overdose. Mas a vida é tão linda para ser desperdiçada, isso é o que as redes sociais mostram. Eu não sei romantizar a minha vida desse jeito, eu vivo sozinha e existo sozinha. Eu sequer tenho amigos na vida real, somente na internet que provavelmente podem sumir quando e onde quiser.
Se a vida é tão boa assim, por que ainda estou aqui?
[ASUKA]
Encontrava-me dentro de um metrô a espera da estação desejada, tinha curso daqui a 20 minutos e não podia me atrasar. Segurava minha guitarra encapada e com a outra mão segurava um celular, mandando mensagem a minha mãe, avisando que já tinha saído da escola, e depois, a desligando. Minha visão ficou tão fixada na tela brilhosa que me causou tontura curta, olhei para os lados de fininho e depois olhei para frente, dando de cara com uma moça. Olhei poucos segundos antes que pudesse ser taxada de pervertida e de vez ou outra a encarava de canto.
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Música sem poesia.
RomanceDuas jovens no mesmo metrô. Emiko teve seu caderno perdido, e Asuka o encontrou jogado no chão e leva o caderno consigo, atrás da garota que perdeu o seu pertence. • Personagens originais e de minha autoria. Aborda assuntos delicados que podem gerar...