BÚNQUER

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OLIVIA ONSão Paulo, Barra FundaAcademia de Futebol

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OLIVIA ON
São Paulo, Barra Funda
Academia de Futebol

O silêncio que toma conta da sala após todos terem se acomodado em seus quartos de pânico é perturbador. A única coisa que ouço é a batida ritmada do meu coração, acelerado pelo medo e pela adrenalina. As crianças estão assustadas, isso é evidente, e posso sentir o peso da responsabilidade em ajudar a manter a calma. Mas agora, enquanto todos se dispersam para seus quartos, sobra apenas eu e Richard.

Ele abre a porta do quarto para mim, permitindo que eu entre primeiro. O espaço é pequeno, mas funcional. Uma cama de casal, uma pequena mesa de cabeceira e uma cadeira no canto. Uma lâmpada emite uma luz suave e amarelada, que mal ilumina o ambiente, criando sombras que parecem dançar nas paredes. Não há muito para se ver, mas no momento, é mais do que suficiente.

Richard segue em silêncio, parecendo absorver o espaço. Ele é um homem acostumado a estar no controle, a resolver seus problemas sozinho. Ver essa vulnerabilidade em seus olhos é algo raro e desconcertante.

– Você dorme na cama, eu durmo no chão, sem problemas. - ele diz, quebrando o silêncio, enquanto começa a arrumar o chão ao lado da cama com uma manta e uma almofada que encontra em um armário.

Fico observando ele se ajeitar no chão, tentando criar um mínimo de conforto para si. O cenário é surreal, nunca imaginei que estaríamos em uma situação dessas, escondidos em um quarto do pânico, com medo de algo ou alguém lá fora. Por mais que ele esteja tentando ser cavalheiro, a verdade é que a ideia de dormir sozinha na cama, com ele no chão, não me traz nenhuma sensação de segurança.

Eu me deito na cama, olhando para o teto enquanto meu coração bate descompassado. O medo de tudo o que está acontecendo lá fora e a incerteza sobre o que virá a seguir me consomem. Fecho os olhos, tentando acalmar minha mente, mas imagens perturbadoras invadem meus pensamentos, a sirene, o pânico nos olhos de todos, a revelação de Richard sobre estar sendo ameaçado. E agora, estamos aqui, trancados juntos, tentando encontrar algum tipo de paz em meio ao caos.

Sério, não aguento mais. A sensação de estar sozinha, mesmo com Richard a poucos metros de distância, é esmagadora. Preciso sentir que não estou sozinha aqui.

– Richard? - minha voz sai baixa, quase um sussurro, mas o silêncio do quarto faz com que ele ouça claramente.

– Oi? - ele responde, sem se mover, mas percebo pela tensão em sua voz que está completamente desperto.

– Dorme na cama comigo? Eu estou com medo. - confesso, sabendo que estou me expondo, mas a necessidade de me sentir segura é mais forte do que qualquer orgulho que eu possa ter. Preciso dele perto de mim, preciso sentir que, de alguma forma, podemos nos sentir seguros.

Há um momento de silêncio antes que ele responda, como se estivesse processando meu pedido.

– Você não se importa? - ele pergunta, e noto um traço de hesitação em sua voz. Talvez ele esteja preocupado em cruzar algum limite, em invadir um espaço que ele acha que não deve.

Love on the Field - Abel FerreiraOnde histórias criam vida. Descubra agora