Capítulo 01

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É difícil ter uma vida sexual ativa quando a sua vida é fácil de ser acessada, como um livro aberto. Cometi o erro de ir para a cama com um garoto riquinho que administra mal seu dinheiro tanto quanto o seu pau e agora preciso ouvir uma bronca porque ele decidiu me expor para a mídia como uma mulher fácil e sem caráter.

Em qualquer outro momento da minha vida, a entrevista que Erick Holtan prestou para um programinha de quinta categoria sensacionalista não me afetaria tanto. No entanto, esse é o pior momento possível para esse tipo de matéria sobre mim sair por aí, e aquele cara sabia disso quando decidiu contar mentiras ao meu respeito.

Minha assistente pessoal corria a passos curtos às minhas costas, pressionando um tablet de última geração da minha empresa com ansiedade enquanto lia as palavras de Holtan aos sussurros.

“Viena não só se entregou a mim como uma das garotas que residem no distrito rosa, como insistiu para isso. Fiquei me perguntando se a gestão das indústrias Maltak estão mesmo em boas mãos nesse momento, com uma diretora que implora por sexo de um adversário, é difícil de visualizar…” — Corine emgasgou, incapaz de continuar lendo. — Senhorita Maltak, isso é ruim!

“Gestão das Indústrias Maltak”, ele diz. Tive que rir. Assumi a direção de uma das inúmeras ramificações das Indústrias Maltak, ramificação essa que não chega a significar cerca de 1% de todo o conglomerado. Ele me colocar na posição do meu avô é burrice, ou uma jogada para me tornar o monstro perante os abutres à espreita para me abocanhar no primeiro deslize que eu cometer.

Erick Holtan se coloca como meu adversário, mas até o momento seu papai não lhe confiou um cargo na empresa da família. Que tipo de adversário é esse, me ameaçando quando está fora do jogo?

— Não gaste muita energia lendo essa porcaria, Cora — entoei calmamente, chegando no escritório do meu avô na mansão principal.
Bati na porta de madeira escura e entrei logo após, dando de cara com meus pais e meus avós esperando à mesa.

— Dez minutos atrasada — entoou meu pai, sentado ao lado direito do meu avô à cabeceira. Minha estava ao seu lado e minha avó estava ao lado esquerdo do meu avô. Todos tinham expressões fechadas, menos minha mãe, que parecia apenas preocupada.

— O trânsito estava terrível, como de costume — expliquei, puxando a cadeira da cabeceira oposta ao meu avô e sentando.

Meu avô costumava dizer que as cabeceiras de uma mesa de reuniões são destinadas às pessoas mais importantes na sala. Ele sempre ocupou a cabeceira de um lado e meu pai a do outro durante nossos jantares em família, eu adorava vê-los assim, e sonhava com o dia que poderia fazer o mesmo. Esse dia demorou mais de vinte anos para acontecer, porque sou mulher, e mulheres não são tão confiáveis para administrar os negócios da família Maltak, elas são sensíveis demais, não conseguem lidar com a pressão do mundo dos negócios. Por causa disso, assumi um espaço pequeno para cuidar, e por causa de um imbecil como Holtan, eu poderia ter mais dor de cabeça que o necessário para proteger esse espaço.

— Pensa que merece sentar nessa cadeira? — Meu avô cuspiu suas palavras com desgosto, tanto que senti Corine se encolher de pé ao meu lado. Mas eu não me movi. Não sentia vergonha de nada nem considerava aquele um grande problema.

No último ano me doei totalmente ao dever de administrar a empresa na qual me tornei diretora, não fiz outra coisa além de me dedicar ao meu trabalho, meu erro foi acreditar que após os resultados ótimos que adquiri nesse ano, eu poderia me divertir um pouco. Bem, talvez meu erro não foi esse, mas ter escolhido a pessoa errada com quem me divertir.

— Não acredito muito em merecimento, vovô — entoei, cruzando as pernas. — Sabe disso. Eu posso me sentar aqui, então estou sentada.
Papai me encarou com fogo nos olhos e os punhos cerrados sobre a mesa.

— Como pode entrar aqui com o queixo erguido depois da vergonha que está fazendo nossa família passar? Seu nome está por toda a Internet! O nome da nossa família está na boca de todos da pior maneira possível!

Respirei fundo e ergui a mão, esperando que Corine me entregasse o tablet. Ao pegá-lo, abri uma pasta específica com arquivos que virei a noite compilando. Eram documentos que adquiri desde a primeira vez que me deitei com Erick Holtan, e só me deitei com ele duas vezes na mesma semana; foram experiências bem medianas.

— Erick Holtan irá retirar o meu nome da mídia em breve, não se preocupem tanto.

— Como? — Meu avô perguntou. — Por que ele faria isso? A família dele está ganhando toda a atenção agora! Sabe quanto dinheiro já perdemos em um dia?

— Sei, sim, senhor — murmurei, distraída conectando meu tablet ao projetor acima das nossas cabeças, direcionado ao painel que Corine abriu com o controle remoto à nossa frente. — Também sei quanto as empresas Holtan vão perder com isto aqui.

Projetei no painel os arquivos e observei as expressões de meus pais e meus avós mudarem, indo do puro descontentamento à surpresa.

— Como conseguiu isso? — Papai me olhou.

— Tenho meus meios, papai. — Sorri com gentileza, fechando os arquivos e devolvendo o tablet à Corine. — Marquei uma reunião com o pai de Erick Holtan, o próprio Erick Holtan e seus respectivos advogados para esta tarde. Ambos devem estar pensando que pretendo me humilhar e implorar para que tirem do ar toda a entrevista de Erick sobre mim, mas o que irá acontecer é bem mais divertido que isso… para mim.

— O que pretende fazer, Viena? — Minha mãe falou pela primeira vez desde que entrei, agora com medo, porque eu certamente lembrava naquele instante da garotinha que aprontava todas sem medo de se machucar no passado.

Sorri com doçura, sabendo que meus olhos demonstravam todo o entusiasmo e raiva que sentia naquele momento. Minha família estremeceu, temendo pelo que estava por vir, como já me acostumei a assistir.

— Vou mostrar a Erick e Daniel Holtan como se ameaça alguém de verdade.

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NOTA DA AUTORA:

Oi. Os capítulos desse livro serão menores que o habitual para mim. Acho que isso irá deixar a história menos difícil de entender. Mas se acharem que os capítulos estão curtos demais, podem me dizer.

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