Parte II: A Viagem Assombrada.

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Com o término do velório, quando o corpo do meu avô foi baixado à terra e a sepultura selada, fomos os primeiros a deixar o cemitério. Meu pai, minha irmã e eu seguimos diretamente para o carro, acompanhando o cortejo fúnebre que levava o caixão. Atrás de nós, uma longa fila de carros se estendia, todos em silêncio, enquanto o céu escurecia.

Assim que o enterro terminou, as pessoas começaram a se dispersar, voltando para suas casas. Nós retornamos para a casa do irmão do meu pai, onde jantamos em silêncio e nos preparamos para dormir cedo. A segunda-feira se aproximava rapidamente, e meu pai tinha que estar de volta ao trabalho.

Levantamos às 4 horas da manhã, ainda cansados e carregando a tristeza do dia anterior. Minha irmã e meu pai estavam na cozinha tomando café quando me juntei a eles. Meu pai me ofereceu algo para comer, mas eu recusei, sentindo uma inquietação que não conseguia explicar.

Nos despedimos da família e entramos no carro. Havia um cheiro estranho dentro do veículo, algo que não conseguíamos identificar. Apesar do desconforto, seguimos viagem, determinados a voltar para casa.

Enquanto o sol começava a despontar no horizonte, eu observava a paisagem passar pela janela, sentado no banco de trás, logo atrás do meu pai. A estrada era ladeada por fileiras intermináveis de eucaliptos, e ao longe, uma estrada de terra serpenteava entre as árvores, subindo suavemente.

Foi então que algo me fez gelar. Lá, no meio da estrada de terra, avistei uma figura sombria. Uma pessoa com um capuz preto, de costas para nós, caminhava lentamente. Com um arrepio percorrendo minha espinha, falei para os outros: "Gente, o que é isso? Eu vi uma pessoa de capuz no meio da estrada!" Eles trocaram olhares de estranheza, mas ninguém soube explicar. Continuamos na estrada, mas o cheiro insuportável de chulé queimado começava a nos enjoar.

Paramos o carro, e fui para o banco da frente, tentando entender de onde vinha aquele fedor. Meu pai investigou e descobriu que o cheiro vinha da bateria do carro, mas não sabia explicar o motivo. Voltamos à estrada, tentando ignorar a crescente sensação de que algo estava errado.

Foi então que vi, ou pensei ter visto, uma visão perturbadora. O capô do carro apareceu diante de mim, como se estivesse aberto, e um homem surgiu na minha frente. Ele usava roupas de eletricista e parecia extremamente agitado, com as mãos na cabeça. "Você é louco! Se você não tivesse parado esse carro, ele ia explodir na estrada!" Ele gritou, antes de desaparecer tão rapidamente quanto apareceu. Balancei a cabeça, tentando afastar a imagem, achando que fosse apenas minha mente pregando peças.

Aproximando-nos de Bataguassu-MG, pouco antes de cruzarmos o rio, eu finalmente admiti que estava com fome. Meu pai decidiu parar em uma padaria. Estacionamos do outro lado da rua, e eu não via a hora de sair do carro para escapar do fedor. Entramos na padaria e passamos mais de meia hora ali, comendo salgados e tirando algumas fotos para distrair a mente.

Quando voltamos ao carro, o cheiro estava ainda pior, e o ar parecia mais quente e pesado. Meu pai tentou ligar o carro, mas o motor não respondia. Tentou de novo, mas nada. Percebendo que algo estava realmente errado, ele decidiu chamar um...

O Dia Que Quase Não Voltamos Para Casa | Fatos Reias - Jask Alfer Escritor Onde histórias criam vida. Descubra agora