Dancing away with my heart

Patinho Feio

O último capítulo de chicago med tinha sido emocionante, com o acidente da Dr Manning que a deixou sem a memória de ter se reconciliado com Will, abrindo espaço para aquele namorado totalmente predatório e abusivo dela que era interpretado pelo mesmo ator que fez o Sr. Fitz em Pretty little liars, o nome dele Lauren nunca conseguia lembrar, seria sempre "aquele lá que fez o professor pedófilo em PLL". E embora o ator fosse inegavelmente lindo, a mulher tinha logo identificado que o personagem não prestava, era um dom que tinha também na vida real, conseguia identificar muito rapidamente quem prestava ou não.

Lauren adorava o Will do seriado, ele e a Natalie eram o casal perfeito, então para quê tanto drama? O aviso de próximo episódio piscou na tela para a surpresa da mulher de trinta e poucos anos os quais segurava com cara de 20 ainda, a genética latina não lhe falhou nisso. Infelizmente os genes abençoados não se estediam para a qualidade de seus joelhos ou coluna que ela estralou com um creck alto quando ela girou ao se levantar. Um hábito ruim, mas era tão bom estralar as costas!

Contemplou passar para o próximo episódio quando se deu conta, ela assistira o episódio inteiro sem interrupções, todos os 40 minutos na mais santa paz. Era a primeira vez esse mês, agosto não era propício para maratonar nada. Ela pega o controle, pausa o programa, tentando esticar os ouvidos agora sensíveis para os cantos da casa de dois pisos. Silêncio. O que normalmente não significava boa coisa, aquela casa só ficava silenciosa daquele jeito quando a menor moradora não estava ou quando ela estava aprontando.

Lauren se levanta, vai até a cozinha, abre a porta do quintal, o balanço está vazio assim como os fundos cercados da casa. Sobe as escadas, abre a porta do quarto tomando o cuidado de bater antes, ela queria deixar Alicia ter sua privacidade. Não seria uma mãe como a sua.

O quarto está vazio, os outros também, a dona de casa começa a se preocupar até ouvir um barulho do andar de cima, pelo som, parecia que todas as caixas tinham vindo abaixo.

Ela sobe o sótão, encontrando a portinhola entreaberta, como o esperado uma estante de aço havia tombado, ficando inclinada sob a estante a sua frente e todas as caixas estavam no chão. Decorações de natal, livros antigos, brinquedos e roupas fazendo um mosaico ao chão, que bagunça! Ela suspira resignada, finalmente vendo a meliante no canto, apoiada na parede.

— Alicia, o que está fazendo?

A garota levanta a cabeça de forma tranquila, como se não estivesse fazendo nada de mais, vira o álbum em suas mãos e aponta para uma foto.

- Mamãe, quem é essa garota da foto aqui? — Um dedo levemente rechonchudo impede que a mais velha identifique de cara do que se trata, de quem se trata.

Lauren se aproxima, tomando cuidado para não pisar em nenhum lego espalhado no chão, se ajoelhando ao lado da pequena. Era um de seus álbuns da escola, de quando ela era estudante da L'Académie, era um foto das quatro, a dona de casa paralisou por um instante, as mãos pálidas se fecharam em cima de sua perna, imóvel e muda.

Alicia aponta novamente para a garota ao lado de sua mãe na foto, a pequena está curiosa demais para esperar que a adulta processe seja lá o que for que a acomete.

— Essa é tia Amália, e a tia Mani - Aponta a jovem de olhos castanhos para as mulheres que ela conhecia tão bem. Sem perceber como sua mãe hesitava, a boca indecisa demais para proferir a palavra, a mão tremeu quando ela a esticou para o retrato. - Mas essa aqui, eu não sei quem é.

Quanto tempo fazia? 10 anos? Lauren se perguntou. Mais, com certeza mais. Alicia já tinha 12 e elas nunca se conheceram. 15? Estava mais para 15, Lauren não saberia dizer, o tempo não é confiável depois que se faz 30 anos, 5 anos passa a ser pouca coisa e 15 anos passam como se passam 5 anos antigamente. 15 anos desde que a vira pela última vez, era mais tempo do que a cubana jamais pensou ser possível.