Capítulo 1

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- Mamãe e papai? – Chamo a atenção dos meus pais.

- Sim, querida? – Meus pais falam ao mesmo tempo.

- Podemos sair para tomar um sorvete de menta? – Indaguei de forma animada.

- Claro, meu amor! – Mamãe falou com o seu amável sorriso que me encanta.

- Oba! – Dou um gritinho e faço uma dancinha desajeitada.
Meus pais riem, eles adoram quando faço as minhas gracinhas, me sinto tão adorável!

- Se arrume logo, estou ansiosa para tomar sorvete! – Papai fala em um tom alto.

Corro para conseguir me arrumar e ficar maravilhosa, coloco um lindo vestido azul claro rodado e meu sapatinho branco. Termino de me trocar e arrumo meus cabelos ondulados longos, passo um pouquinho de protetor solar em minha pele parda, está fazendo tanto calor que acho que vou derreter! Termino de me arrumar e dou um sorriso enorme, desço as escadas com certa pressa.

- Estou pronta! – Fico na frente dos meus pais e dou uma voltinha para mostrar minha roupa.

- Você está magnífica! – Papai fala com orgulho.

- Como pode ser tão linda? Eu te amo – Mamãe me enche de beijinhos no rosto o que me faz gargalhar.

Quando ela para vamos até a sorveteria que é perto de nossa casa, sempre vamos lá porque lá tem os melhores sorvetes do mundo. Tomamos nosso sorvete feliz, mas quando eu achava que estava tudo perfeito, mamãe e papai me levam a uma loja de brinquedos, escolho um urso gigante e um jogo de cartas para jogarmos todos juntos. Tiramos várias fotos sorrindo, esse com toda certeza é o melhor dia da minha vida!!

Agora estamos voltando para casa quando ouvimos tiros e fico assustada, meus pais me colocam atrás deles e tentam me proteger colocando-me atrás de um carro, mas eles só estavam me protegendo e estávamos em campo aberto.

- Estou com medo – Digo tremendo por inteira.

- Vamos te proteger, eu te amo!– Papai olha nos meus olhos e dá um beijo na minha testa.

- Você vai se salvar, eu te amo mais que tudo, querida – Mamãe me abraça e me enche de beijos.

- Também amo vocês! – Me encolho e eles me abraçam com carinho.

Eles se afastam de mim e se declaram amor. Logo avisto homens encapuzados e armados, tento avisar meus pais, mas eles fazem sinal de silêncio para mim. Tento olhar para os meus pais, mas vejo que já é tarde quando os homens encapuzados se aproximam dos meus pais com muita brutalidade. Eles começam a agredir minha mãe e meu pai, chutam, socam, dão tapas; arrastam minha mãe pelos seus belos cabelos cacheados negros e por fim atiram na testa e no coração dos meus pais. Vejo toda aquela cena e começo a chorar em silêncio, vendo o sangue dos meus pais derramado no chão; sinto mal por não ter conseguido ajudá-los. Eu os amo! Encosto-me no carro chorando e passando a mão pelos meus fios ondulados; começo a beliscar-me sem parar. Olho para a cena e não vejo mais os homens encapuzados; vou até meus pais.

- Acordem, mamãe, papai eu preciso de vocês; acordem, por favor! – Deito ao lado dos corpos sem vida dos meus pais e os abraço sem ligar que estou sujando meu vestido.

Choro baixinho e levanto indo para a delegacia mais próxima; meu tio Leonardo é policial, espero que ele esteja lá. Vou o caminho todo chorando vendo o sangue em todo meu corpo; as pessoas olham-me aterrorizadas e simplesmente não ligo.

Chego na delegacia.

- O que aconteceu com você, garotinha? – Uma recepcionista perguntou.

- Meus pais foram assassinados perto de uma sorveteria e eu queria falar com meu tio – Falo em meio ao choro.

- E quem seria o seu tio? – A recepcionista pergunta com um certo deboche, talvez ela ache que estou mentindo, mas não mentiria sobre algo tão grave.

- Leonardo – Falo entre soluços.

- Irei te levar até ele! – A moça revira os olhos ao me levar até o meu tio.

A recepcionista me leva até meu tio. Ainda me sinto totalmente arrasada que isso tenha acontecido comigo. Será que eu fiz algo de errado? Eu sinto que não merecia passar por algo tão cruel. Perdi meus pais na minha frente e agora estou cara a cara com meu tio Nando. Ele tem 1,81 m, é ruivo e tem olhos âmbar. Ele é muito engraçado e legal comigo. Espero que meu tio pegue os assassinos!

- Tio Nando, papai e mamãe morreram na minha frente, eu não sei o que fazer!? - contei com a voz trêmula.

- Como assim? Isso não é coisa para se brincar, você está falando sério?! – Concordei com a cabeça, ele parecia não acreditar em mim, tio Nando mandou para que olhassem o local e quando descobriu que eu estava certa, contando a verdade, me abraçou e me senti confortável em seus braços.

Finalmente, estou em um lugar onde me sinto segura. Espero que meu tio esteja certo; quero que as coisas realmente melhorem. Mas neste momento só quero meus pais, eles falando que tudo irá ficar bem, que eles me amam e que sou o ser mais importante para eles, e que eles vão me amar para todo o sempre. Quero que o papai apareça aqui e me pegue no colo; quero que minha mãe me chame para ir ao parquinho e depois tomar um sorvete. Quero que meus pais voltem! Quero minha mãe e meu pai; quero os dois vivos e juntos; não quero o tio Nando, EU QUERO OS MEUS PAIS! SERÁ QUE ISSO É PEDIR MUITO? Voltem, por favor!

Quem vai fazer a minha comida preferida? Papai não vai mais amarrar os meus cadarços? Quem vai me levar ao parquinho? Quem vai me levar para tomar sorvete? Quem vai ver desenho comigo? Quando vou ver meus pais novamente? Não quero ser órfã! Por que ter mãe e pai é pedir muito?

14 anos depois...

Antes eu era apenas uma garotinha de 7 anos; agora sou uma mulher de 21 anos. Achei as respostas para as minhas perguntas. Sabe quais são as respostas? É um não bem grande: sou órfã, não tenho mais pai nem mãe; mamãe e papai não estão mais aqui para me ajudar nem para fazer as coisas de antes.

Só posso contar com o apoio do meu tio Nando. Ele me adotou e agora vivo com ele e com minha tia Marine. Somos bem felizes, apesar de toda a desgraça que aconteceu. Eles me apoiam e me amam de uma forma que achei que nunca iria ser amada novamente. Eles são ótimos, mas isso não muda o fato de que tenho saudade dos meus pais. O assassinato dos meus pais já foi resolvido há um tempo, e isso foi um grande alívio na época, mas às vezes sinto que tem alguém me observando, mas é de uma forma que faz com que eu me sinta segura.

- Morgana! – Meu tio berrou, me tirando dos meus pensamentos malucos.

- Sim!? - berrei de volta.

- Você vai acabar se atrasando para a sua aula de dança! – Nando me lembrou.

Corri depressa para o meu carro.

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⏰ Última atualização: Aug 10 ⏰

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