02. Praia de Copacabana

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Rio de Janeiro,
28 de setembro de 2012.

O relógio de pulso marcava exatas nove horas e trinta e cinco minutos quando Maria Cecília avistou a orla da Praia de Copacabana. Com uma pressa sem fim, ela logo se acomodou num ponto não tão movimentado e ficou observando as ondas do mar. Ela não sabia, ao certo, naquele exato momento, o que esperar da vida. O que esperar para o seu próprio futuro. Era claro que ela possuía ambições e sonhos. Em contrapartida, ela se encontrava perdida, como num beco sem saída. Aos vinte e quatro anos, Maria Cecília gostaria de ter o mundo inteiro aos seus pés, mas após sair de mais uma tentativa frustrante de um "casting", inúmeras perguntas rondavam a sua cabeça. Será que todo aquele esforço valeria a pena? Será que ela, algum dia, finalmente, conseguiria seguir com a carreira que tanto desejava, desde quando pequena? Ela conseguiria provar, para si mesma, de que ela era capaz? Afinal, ela era constantemente bombardeada por questões extremamente pessoais voltadas para a autocobrança.

— Você se importaria de vigiar minhas coisas enquanto dou um mergulho? —
uma voz soou perto o bastante.

Maria Cecília estremecera. Não por medo ou algo do gênero, mas ela estava tão imersa em seus inúmeros problemas que, por alguns instantes, foi capaz de esquecer o mundo ao seu redor. Foi então que ela decidiu encarar o dono daquela voz. Era engraçado, ele parecia familiar.

— Não, não. Pode ficar tranquilo! — ela respondeu, mostrando um sorriso amigável.

Quando o olhar dos dois se encontrou pela primeira vez, foi a vez do rapaz demonstrar surpresa.

— Cara, sei que vai parecer muito estranho o que tenho pra te perguntar, mas a gente já ficou?

Ela o olhou, primeiramente, incrédula, logo depois, soltou uma alta gargalhada.

— Não entendi. — ele proferiu, franzindo o cenho.

— Não, a gente não ficou. Isso seria impossível. — ela respondeu, erguendo sua mão esquerda, evidenciando o anel de compromisso, presente em seu dedo anelar.

— Mais uma vez, não entendi.

— Estou noiva. Já faz alguns anos. E eu não moro aqui, estou passando a semana. Então, não, não teria como termos ficado, ou nos conhecido.

— E o seu noivo deixa você andar por aí sozinha? — ele perguntou sugestivo.

Foi o suficiente para Maria Cecília cair na risada mais uma vez, mas dessa vez, ele também riu.

— Qual foi? Sou tão engraçado assim?

— Na real, só percebi, agora, que você estava tentando flertar comigo, desde o primeiro momento.

— Sinto muito se passei essa impressão. — ele abriu um meio sorriso. — Eu realmente tive a impressão de que já nos conhecíamos. Por isso a pergunta.

— E por um acaso você já ficou com todas as mulheres que você conhece?

Dessa vez, foi ele quem riu.

— Infelizmente não.

— Inacreditável. — ela sorriu. — Aliás, também tive a impressão de que já te conhecia de algum lugar.

— Talvez isso ajude a refrescar sua memória. — ele se virou de costas, deixando a mostra seu nome gravado na camisa.

— Bruninho. — ela o encarou surpresa. — Mas é claro. Você é o filho do Bernardinho.

Ele fez uma careta.

— Assim você me ofende, cara. Prefiro que me chamem de Capita.

— Capita??? — ela riu. — Qual é? Você nem assumiu o posto ainda.

— Já ouviu falar em lei da atração?

— Ah, sim. Minha vez: prefiro que me chamem de Angel.

— Angel? — ele indagou, arqueando as sobrancelhas.

— Da Victoria's Secret. Ainda vou ser a modelo mais bem paga do mercado. Pode anotar.

— Com todo respeito ao seu noivo, mas como uma mulher tão bonita quanto você, ainda não está desfilando por aí?

— Se você quer mesmo saber, eu estava me fazendo essa mesma pergunta, antes de você aparecer. — ela respondeu com um tom de tristeza.

— Espero que, daqui alguns anos, eu possa te ver pela mídia.

— Eu também espero. — ela sorriu. — Me desculpe, eu preciso ir, não vou poder nem ao menos vigiar suas coisas.

— Noivo chato esperando?

— Noivo lindo e apaixonado esperando. — ela retrucou. — Também te desejo boa sorte, Bruno. Você me parece muito bom no que faz.

— Obrigado.

Quando Maria Cecília se virou para sair, ele a gritou.

— Espera! Você vai mesmo embora sem nem ao menos me dizer o seu nome? Como vou contar pras pessoas, que tive meu coração despedaçado, por uma linda morena misteriosa?

— Como você é ridículo. — mais uma vez, em poucos minutos, ela riu.

— Pelo menos te fiz rir.

— Maria Cecília.

— Lindo nome. Assim como você.

— Eu realmente preciso ir, Bruno. Foi bom te conhecer.

— Digo o mesmo, Maria.

— Maria? — ela questionou, com uma careta no rosto.

— Não é o seu nome?

— É, mas nunca me chamaram somente pelo primeiro nome, antes.

— Que bom. Assim você nunca mais vai esquecer.

— Eu realmente não vou.

Maria Cecília começou a caminhar, em direção a calçada, porém, se virou em direção a Bruno, por uma última vez.

— Boa sorte, capita! Quem sabe a gente não se esbarra por aí?

— Vou torcer por isso, Maria.

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⏰ Última atualização: Nov 09 ⏰

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Aonde quer que eu vá | Bruno RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora