𝟑𝟓

4.9K 366 78
                                    

Tive a infelicidade de nunca ter pai
Não sei como são, mas sei que muitos deles traem
Esse é um dos poderes que eles tem e se apropriam
Abandonam sua cria e vão fazer outra família

CINDERELA | AO CUBO

( essa música é um hino da realidade )

ORLANDO EUA
GIULIA VITURINO
ALGUMAS HORAS DEPOIS

Era assim que estávamos voltando do hotel, uma das minhas mãos segurando a sua enquanto caminhamos pelos corredores e a outra carregando um ursinho enorme do linguado que o jogador havia conseguido depois de burlar um desafio especial de copa América e esconder o fato de ser um jogador profissional ao passar por todas as etapas até o prêmio

Eu estava escutando enquanto ele dizia o quanto a seleção estava confiante no campeonato depois de não perder nenhuma das partidas da fase de grupo com bastante saldo de gols e como isso era importante, eu não estava entendendo muito o quanto isso era bom mas estava feliz pela forma animada que ele contava isso

Juntei minhas sobrancelhas e quando saímos do elevador e na frente da porta do quarto que eu estava tinha uma loira quase da mesma altura que eu, as roupas sociais impecáveis assim como a postura fez minha confusão aumentar ainda mais

- mãe? - chamei reconhecendo alguém que qualquer pessoa reconhecia mesmo não sendo próxima, mesma não tendo o mínimo de contato de afeto, qualquer pessoa reconhecia a pessoa que te colocou no mundo

- Giulia - falou com a voz suave que eu tanto conhecia, mesmo sabendo o tanto de coisa que ela poderia esconder com isso junto ao sorriso fraco que acaba de dar - oi

- papai cansou e mandou você vim agora? essa é nova - murmurei tentando esconder o quanto sua presença ainda me afetava, por que meu pai poderia ser uma pessoa horrível mas ela era apenas indiferente e isso doía ainda mais

- seu pai acha que estou em um SPA na Itália - deu de ombros com pouca importância, ele não sabia que ela estava aqui e isso deixava tudo ainda mais doido - eu queria conversar com você, de mãe para filha

- você nunca me tratou como uma filha - retruquei na mesma hora abraçando um pouco mais o peixe enorme de pelúcia na minha mão e sentindo a minha outra suar mesmo ainda segurando a de Richard que se mantinha calado diante da situação

- tem razão, então vim conversar como alguém que sabe exatamente o que você está passando - arrumou a frase cruzando seus braços e encarei seus olhos  vendo uma dor neles que eu nunca havia reparado - e de alguém que não conseguiu fugir assim como você não está conseguindo

Respirei fundo sabendo que isso iria acontecer mesmo que não botava nenhuma fé, me virei para Richard fazendo um carinho suave com o polegar em sua mão

- pode... Pode nos dar um tempinho? - pedi mordendo levemente o lábio e ele concordou entendendo perfeitamente, as vezes eu me questionava se esse homem realmente existia

𝐂𝐀𝐎𝐒 | 𝐑𝐢𝐜𝐡𝐚𝐫𝐝 𝐑𝐢𝐨𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora