Assassin's Creed: Cidade em Ruínas

CAPÍTULO 1

📆: 1532
🇨🇳: Xangai
-Dinastia Ming

Oito anos parece muito tempo, mas passa rápido quando você ignora. Minha mãe nunca revelou a verdadeira ocupação do meu pai para mim, e eu concordo com ela na maior parte. Eu sabia que ela fingia ignorância para minha própria segurança, mas, pelo menos eu teria entendido por que meu irmão foi tirado de nós. Em vez disso, fiquei com uma mãe que não me amava, uma vila vazia e uma paisagem toscana coberta de mato para cuidar. Até que isso também foi arrancado de mim pela mão cruel da morte.

Não havia mais nada naquela vila que eu quisesse manter, tudo me lembrava do que eu tinha perdido; então eu a vendi, e esse dinheiro me levou para todos os cantos do mundo. Eventualmente, fiquei abandonado em Xangai com pouco em meu nome, além de uma faca de peixe e algumas moedas estrangeiras perdidas - e embora fosse uma cidade linda, eu não gostava da ideia de que passaria a noite sem um teto ou sustento. Talvez eu devesse ter usado o último dinheiro que eu tinha em uma carta para meus primos romanos; eles podem ter pelo menos sentido alguma pena da minha situação.

Mas não importa: não posso alterar o passado; simplesmente tenho que encontrar trabalho, dessa forma posso encontrar um navio com destino à Europa e pagar minha passagem. Mais simples falado do que executado. No entanto, em uma terra estrangeira, com pouco conhecimento da cultura e da língua, encontrar moeda não era uma tarefa fácil. Depois de um dia vagando e questionando, me deram uma posição em uma casa de prazer exótica, que admirava minha pele clara e características mediterrâneas. Não era o ideal, mas era seco e quente. Também fui obrigado a passar por um período de treinamento antes de estar "aberto a homens de status", então levaria algum tempo até que eu me entregasse.

Nesse período, aprendi a arte da sedução e do prazer, junto com alguns dos meus colegas de trabalho me dando lições de sociedade e velocidade, e depois de uma semana de exposição, eu conseguia manter uma conversa básica no dialeto de Xangai, e me comportar educadamente e elegantemente em chás e reuniões sociais. Embora meu treinamento ainda não estivesse concluído, tive acesso para me misturar com convidados e dignitários durante as noites, que se aglomeravam em mim e em meus contos do mundo. Logo eu tinha uma lista de homens para quando meu treinamento terminasse, que se estenderia por uma hora a cada noite.

Passei a amar a casa que se tornou meu lar, os homens, apesar do álcool, eram em sua maioria gentis e corteses e aqueles que se opunham a essa disposição eram guiados para o pátio e recebiam instruções sobre respeito. Essa era a prática da casa – já que muitas das meninas eram jovens e frágeis. Todas elas se desenvolveram em minha nova família, a quem eu estimava e protegia. Em mais de uma ocasião, a casa havia contratado assassinos e espiões contra recalcitrantes e chauvinistas. Eu estava segura, por enquanto.

Eu sabia que não duraria para sempre, mas esperava que durasse mais do que durou. Pouco depois do meu aniversário de 19 anos, depois de 4 meses permanecendo na casa, um dos meus clientes regulares me revelou um pensamento. Ele chegou à casa maníaco de medo e suspeita – as meninas trouxeram vinho para ele e o levaram lentamente para o meu quarto enquanto eu me preparava atrás de um biombo para sua chegada. O homem, Chen Gao, era um general militar e, tendo sido promovido recentemente, eu conseguia entender um pouco sua histeria. Ele era jovem e visto como inexperiente; não seria tão estranho que ele fosse morto em sua juventude.

Embora ele estivesse tremendo, e gotas de suor escorressem de sua testa – o que causou tanta ansiedade. De repente, ele se levantou, suas mãos segurando meus ombros, seus olhos procurando os meus.

"Você precisa me ajudar." Ele sussurra, me agarrando com mais força a cada segundo que passa. "Eles estão vindo." Eu pisco, incapaz de entender. O melhor dos meus poderes era fazer um homem sorrir; havia pouco mais que eu era capaz de fazer. O que ele esperava de mim? "Dê isso ao meu filho..." Nossa conversa foi encerrada então, com sangue entrando e saindo de sua boca. Eles teriam derramado em mim se eu não tivesse pulado para longe e permitido que o corpo caísse frouxamente diante de mim. Antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa, um grito saiu da minha garganta.

Eu nunca tinha visto um cadáver antes, e tinha certeza de que não queria ver outro enquanto observava seus olhos revirando para a parte de trás da cabeça. Foi só nesse momento que percebi a causa de sua morte, quando mais sangue jorrou de um ferimento do tamanho da minha mão no centro de suas costas. Ajoelhei-me ao lado dele, peguei um envelope manchado de sua mão e fechei suas pálpebras. Que bagunça.

"Eles vão te matar pelo que eu fiz." Uma voz encoberta gritou da janela, e eu vi uma figura mascarada embainhar uma adaga no cinto. Eles eram altos, vestidos de preto e escondidos nas sombras. Eu não tinha resposta, mas podia ouvir os sons de homens e mulheres se movendo para as escadas no andar abaixo de mim. "Venha comigo. Agora."

"Como eu posso..." As palavras pareceram escapar da minha garganta antes que eu pudesse detê-las; na minha mente e no meu coração, eu sabia que não seguiria essa figura. Mas antes que eu pudesse protestar, eles pegaram meu pulso, me puxaram para o outro lado da sala e para fora da janela. Demorou mais do que o esperado, mas fui rebaixado ao nível da rua, e só então os ouvi falar novamente. Foi apenas um simples pedido de desculpas, e não expiou o que eles fizeram em seguida, pois fiquei inconsciente e desconhecido para mim naquela noite, mas transportado através de Xangai para um esconderijo do outro lado da cidade.

Ali começou mais um capítulo da minha vida, e isso desencadeou uma lembrança que eu havia esquecido há muito tempo.