PRÓLOGO

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9 anos atrás...

Que eu fazia de tudo pra ficar perto dela, todo mundo já sabe, que ela uma hora me esnobava e na outra eu podia jurar que ela tava sorrindo enquanto olhava pra mim? Todo mundo já estava cansado de saber dos meus delírios! Mas eu nunca ia me cansar de falar sobre ela… Oh Anna Júlia, mesmo de manhã tão cedo conseguia está incrivelmente linda.

Ela entra na minha sala, passando pelas outras pessoas sem dar muita importância enquanto vem na minha direção. Eu costumava sentar nas primeiras filas de cadeiras da sala, mas eu nunca pude aproveitar a visão dela vindo na minha direção (sem ser pra brigar) por muito tempo, então troquei com um moleque fundão.

— Você tem que trocar de lugar todo dia? — Ela pergunta com o cenho franzido, parando do lado da minha mesa.

— última vez, prometo… — Eu falo suavemente, sabendo que qualquer um que me visse agora acharia que eu tô com o sorriso mais bobo do universo, mas sinceramente? Eu não me importava nenhum pouco.

Ela revira os olhos quando percebe meu sorriso e tom de voz que uso. — Não perde tá? Não posso ficar te emprestando caneta todo dia. — E com um suspiro, coloca a caneta em cima do meu caderno, deixando a mão ali por um momento.

— Pode deixar, Patroa. — Meu sorriso aumenta quando tento colocar minha mão em cima da dela, mas ela rapidamente a tira. — Te entrego no intervalo, como sempre.

Eu a olho acenando com a cabeça antes de se virar e ir embora. Eu olho pra caneta com um sorriso bobo, brincando com ela entre os dedos enquanto penso na sensação da mão dela embaixo da minha, mesmo que só por alguns segundos.

Porra, Augusto, que feitiço essa garota jogou em você?!

Não precisava levantar a cabeça pra saber quem era a pessoa que entrou na minha sala, no meio do intervalo… Augusto Akio, ou como foi carinhosamente apelidado pelos amigos dele, meu cachorrinho.

— Você vai levar outra suspensão por andar de skate na sala de aula. — Eu falo quando ele chega perto o suficiente pra me ouvir, não me importando em levantar a cabeça da minha tarefa de ciências para o olhar.

— Será que tem como levar suspensão por ser chata pra caralho? — Eu ouço a pergunta irônica dele, conseguindo ver pelo canto do olho quando ele se encosta na mesa ao lado da minha, de braços cruzados. — Ah, espera, você já levou! — Ele fala em um tom de falsa surpresa.

— Vai se fuder, Augusto. — Eu respondo no mesmo tom falso, levantando a cabeça pra olhar nos olhos dele. — Você não deveria estar com seus amiguinhos?

Vejo ele levantar uma sobrancelha quando ouve “amiguinhos” sair da minha boca, mas isso não impede aquele maldito sorriso de aumentar.

— Tenho coisas mais importantes para fazer, Linda. — Ele responde como se fosse óbvio, me fazendo revirar os olhos e voltar minha atenção para a tarefa.

Depois de alguns segundos ele fala de novo. — Seu cabelo tá lindo hoje… Quer dizer, sempre tá. — Eu sinto ele brincar com uma mecha do meu cabelo enquanto fala sem tirar os olhos do meu rosto em nenhum momento. Eu respondo com um simples “valeu”, não querendo acreditar que aquele simples elogio combinado com o toque dele, fez meu coração pular uma batida.

Depois de um tempo eu termino de responder tudo e coloco a folha na mesa do professor junto com a de outros alunos para que ele possa ver depois do intervalo.

— Quem te vê passar assim por mim… — Eu o repreendo com o olhar quando me viro pra voltar pro meu lugar, assim que percebo a música que ele começou a cantar. — Teu nome é música, Anna Júlia!

Eu não consigo evitar e deixo um sorriso escapar, tendo que levantar a cabeça quando ele me encontra no meio do caminho e se aproxima mais do que necessário.

Dando uma risadinha enquanto olha nos meus olhos, ele pega minha mão e coloca a caneta que eu tinha emprestado alí. — Vou te deixar em paz agora, Cachinhos. Me espera na saída, não quero que você vá pra casa sozinha de novo.

— Não preciso que você me leve pra casa. — Eu coloco minha mão livre no peito dele, o afastando levemente. — Aliás, eu sou mais velha que você.

— Qual é, Anna Júlia?! — Ele dá uma risada, empurrando meu ombro de leve. — É só um ano de diferença.

— Um ano e sete meses…  —  Eu o corrijo, dando de ombros com um sorriso irônico. — Da última vez que chequei, isso significava que eu sou mais velha.

— Cê ainda tem a altura de uma criança. — Num gesto de deboche, ele apoia o braço na minha cabeça. — Então, eu não me importo nenhum pouco… Gatinha.

Minha sobrancelhas se juntam assim que ouço o apelido sair da boca dele, junto com som de passos entrando na sala.

— Gatinha?! — Sinto minhas bochechas esquentarem assim que reconheço a voz da garota.

Larissa, minha prima, fica parada na porta com os braços cruzados e um sorrisinho que gritava “Eu sabia!”

— Vai… — Eu seguro os ombros dele, o empurrando sem força pra longe em direção a porta.

— Logo agora que tava ficando interessante? — Ele me olha nos olhos com um sorriso ladinho, se deixando levar até a porta.

— Augusto Akio!...

Ele gemeu, mas não discutiu e saiu da sala. Fazendo um coração com as mãos antes de desaparecer entre os outros alunos.

Larissa, que até então só tinha se movido para dar espaço pra ele passar, fala de novo, dessa vez fazendo uma imitação horrível da minha voz.

— Ah Lari, eu fico muito tempo no ginásio porque, diferente de você, eu não tenho trinta contatinhos pra ficar vagabundando por aí. — Meus olhos se estreitam, percebendo ela mudar partes da minha fala.

Ela se aproxima de mim enquanto fala, colocando as mãos nos meus ombros quando se aproxima o suficiente pra falar olhando nos meus olhos, seu sorriso inabalável.

— Dá uma chance pro Akio, vocês combinam tanto…

Minha expressão fecha, já tinha ouvido ela repetir isso umas vinte vezes só na última semana, e sabia que agora que ela tinha visto ele tão perto de mim e me chamando de gatinha, só ia piorar.

— Para com esse negócio de Akio, pra cima de mim! — Eu afasto as mãos dela e me afasto querendo sair dali o mais rápido possível.

— Olha que o Akio, não é ruim não! Anna Júlia, eu tô falando com você! — Ela me segue, dando risada da minha reação.

🤸🏾‍♀️ | Tô ansiosa pra ouvir a opinião de vocês, tanto sobre a história como sobre a minha escrita!!

PARIS - Augusto akioOnde histórias criam vida. Descubra agora