Acordo sentindo os raios de sol invadindo as frestas da minha janela, forçando minhas pálpebras a abrirem devido a luminosidade. No mesmo segundo ouço meu despertador tocar, alertando que já eram seis horas da manhã, o horário que eu devo acordar todas as manhãs para me arrumar para o ballet.Relutante, levanto, indo em direção ao despertador e desligo, pegando meu celular ao lado do despertador e logo percebo algumas mensagens da minha namorada, Júlia Bergmann, meu pai, José, e minha amiga, Ana Cristina, perguntando se eu acompanharia a Júlia no treino de hoje.
Respondo eles rapidamente tentando evitar distrações, e imediatamente deixo meu quarto e caminho em direção ao banheiro da casa, enquanto caminho penso na proposta que minha namorada fez ontem enquanto conversávamos por mensagem, pedindo que eu a acompanhasse novamente no treino de hoje, eu amo vê-la jogar e tento acompanhar sempre que tenho a oportunidade, o problema é a capitã dela, Gabi Guimarães.
Eu nunca fui com a cara dela, desde a primeira vez que eu a vi, e parece que o sentimento foi mútuo. Sempre que a gente se vê, uma tensão estranha começa a preencher o lugar, isso quando ela não revira o olho quando eu passo por ela ou mencionam meu nome, e sempre que ela faz isso eu sinto algo estranho no meu estômago, que provavelmente é causado pelo nervosismo da tensão negativa entre nós.
Mas nunca deixei que essa implicância atrapalhasse o meu apoio pela minha namorada e sempre tento ignorar isso na intenção de não causar problemas para a Júlia.
Entro na sala de ballet e pela primeira vez durante seis meses eu estava atrasada, o que me chateia pois entre todos os dias do ano, eu me atrasei justamente nesse, onde estava perto a seleção da aluna que seria o destaque na próxima performance da Bolshoi, a escola de ballet que eu já estou a um ano.
Caminho rapidamente até uma posição na barra e começo a aquecer juntamente com as outras alunas.
- Ei! - Ouço um sussurro detrás de mim e rapidamente reconheço a voz de, Victória, uma das minhas melhores amigas atualmente.
- Oi, Victória, o que foi? - Pergunto em outro sussurro.
- Por que você se atrasou hoje? aconteceu alguma coisa? - Pergunta Victória, num sussurro que demonstrava clara preocupação.
- Dessa vez, não, Victória, foi só um azar mesmo, acabei me distraindo pensando naqueles assuntos de sempre, você sabe. - Respondo Victória em outro sussurro.
Antes que Victória respondesse, a professora, Olivia, começa a falar -
- Além de chegar atrasada e atrapalhar a aula, já chega conversando, Helena? - Disse a professora, enquanto instruia outra aluna, mas direcionava seu olhar para mim.
Não respondo, mas abaixo levemente a cabeça.
Após alguns minutos segundos de aquecimento cansativo, a professora Olivia disse às alunas que fizessem um Frappé. No mesmo instante, executei o passo da melhor maneira que eu conseguia.
Enquanto esticava a perna, após alguns segundos, senti uma dor aguda no tornozelo a qual estava me apoiando e me desequilibrando e caindo.
- O que foi, Helena? - Pergunta a professora caminhando até mim.
- Helena, você está bem? - Pergunta Victória que rapidamente se ajoelhou ao meu lado.
- Eu senti uma dor estranha no tornozelo e acabei caindo.
- Você tem algum histórico desse tipo de dor? - Disse a professora abaixando para verificar o tornozelo.
- Não! Eu nunca tenho dores desse tipo! - Eu disse, já ficando preocupada com seu tornozelo.
- Entendo, se você tem andado estressada ultimamente, junto ao esforço que seu corpo tem feito, seu tornozelo acabou não aguentando, por ser uma área mais propensa à lesões. - Disse a professora estendendo a mão para tocar o meu tornozelo
- Dói? - Disse a professora apertando o meu tornozelo
- Aí! - Falo sentindo a mesma dor depois da professora ter tocado seu tornozelo.
A professora então se levantou cruzando os braços enquanto Victória estendia as mãos para me ajudar a levantar.
- Helena, você está liberada. Meninas continuem praticando o Frappé. - Mandou a professora, se afastando de mim e de Victória para prestar atenção nas outras.
- Mas professora - Eu falo tentando prosseguir na aula.
- Sem mas, Helena, você não está em condições de continuar em aula. - Disse a professora que rapidamente voltou seu foco para as outras alunas.
olhei para baixo, xingando baixinho e olha para Victória.
- Valeu, Victória, mas pelo visto, vou ter que ir.- Boa sorte, amiga, quer ajuda até a saída? - Disse Victória.
- Não, Victória, obrigada! - Digo sorrindo para minha amiga enquanto me dirigia até minha bolsa perto da porta da sala
Eu pego a bolsa, abrindo-a procurando pelo meu celular para ligar para a minha namorada, enquanto me cambaleava até a saída.
- Amor? - Eu ouço a voz de Júlia do outro lado da linha
- Amor, você não vai acreditar no que acabou de acontecer, tem coisa que parece que só acontece comigo! - Eu falo num tom brincalhão do lado de fora da sala enquanto conversava com a Júlia.
- Não quero nem imaginar oque deve ter acontecido dessa vez. - Disse Júlia entre um riso.
- Amor, eu simplesmente fui fazer um passo na barra e acabei lesionando o tornozelo, logo quando a gente ta perto da performance, aí a professora me liberou, ainda bem que a Victória me ajudou. - Digo de forma aliviada.
- A Victória? Ah. - Disse Júlia enquanto o tom leve e brincalhão sumia totalmente da sua voz.
- Ah, para de graça, Júlia! Não começa com isso de novo, você sabe que ela é só minha amiga, e hoje vai dar para eu ir no seu treino, você vai me buscar? - Digo tentando fugir do assunto.
- Tá, eu te pego em casa, no mesmo horário de sempre. - Diz Júlia desligando logo após isso.
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METANOIA - 𝗚𝗔𝗕𝗜 𝗚𝗨𝗜𝗠𝗔𝗥𝗔̃𝗘𝗦
Romance𝗠𝗘𝗧𝗔𝗡𝗢𝗜𝗔, modo novo de conceber ideias, de se comportar, de enxergar a vida e a realidade. 𝗛𝗘𝗟𝗘𝗡𝗔 𝗥𝗜𝗖𝗖𝗜 uma bailarina mundialmente famosa, filha do técnico da Seleção Brasileira de vôlei feminino José Roberto, entra em um relacion...