Como ja percebido antes, a vegetação era densa, difícil de se cortar e passar. Com cuidado íamos avançando através dela. Em poucos metros a vegetação começou a ficar mais aberta, passamos sem muita dificuldade. Jurei ter visto algo correndo bem ao fundo, acho que poderia ser uma onça-pintada, mas Augusto e Maiara falaram para mim não pensar nisso. Com eles me sinto seguro então continuei sem medo. Caminhando um pouco notamos algo estranho. Parecia ser uma casa, talvez uma cabana. - Será que vemos la? - pergunto a eles. - Vamos ver por fora. Não entrem e tentem não fazer barulho. - diz Maiara. Chegamos perto, era realmente uma cabana, parecia velha, estar lá a muitos anos. Fui rodeando a cabana pela parte de trás, enquanto Augusto e Maiara pela frente. Era feita com madeira da região. Não parecia um armazém nem nada, era como se alguém tivesse a feito para morar lá.
Augusto e Maiara me chamam do outro lado da casa, dizendo para mim ir rápido até lá. Meu coração ja acelerou, pensando que poderia ter acontecido alguma coisa. Para meu alívio, cheguei lá e eles estavam bem. Parados em frente a entrada da cabana eles apontam para uma placa pendurada na porta. Quando eu olho, nela estava escrito "Cabana dos Clube da Floresta". Logo abaixo da placa, muito bem feito, havia um desenho exato das nossas marcas, que o monstro deixou na gente. Eu olho aquilo e fico congelado, assim como Augusto e Maiara. - A Roseli disse que tinham vezes que sumíamos do orfanato. Vocês não acham que pode ser para cá que vínhamos? - Pergunta Maiara. - Não só acho. Tenho quase certeza. Olha a marca - eu respondo agora com vontade de entrar.
Augusto pelo impulso abre rapidamente a porta. Tento impedir ele, mas ele tinha aberto tão rápido que não adiantaria mais. Da porta não dava para ver muita coisa, estava escuro lá dentro. Augusto entra e vou logo atrás, com Maiara indo junto. Era um lugar pequeno, metade da casa estava separada por uma parte, que tinha duas portas uma de cada lado. O que conseguíamos ver nessa primeira área eram móveis velhos e desgastados. O chão estava empoeirado, com alguns tapetes mofados, e em um desses tapetes havia brinquedos. No centro uma mesa, também velha, não tinha nada encima dela. - Que lugar assustador. Não devia ser assim quando crianças - diz Augusto. Eu fui andando pelo recinto, olhando tudo. Chego próximo a uma das portas e a abro. Parecia presa. Uso bastante força, até que ela abre soltando um ranger alto.
Dentro tinha apenas um banheiro, tinha marcas de arrastão no chão. Igual ao caminho que a porta percorre, então não era pelo tempo que aquela porta emperrou. No outro lado, Augusto abre a segunda porta, me junto a eles antes que pudessem entrar sem mim. Atrás daquela porta tinha um quarto. Acho que era um quarto. Tinham camas improvisadas com madeira e folhas cobertas por edredons e travesseiros. Tinham 4 dessas camas, presumi logo ser uma de cada um de nós. Isso inclui o Richard que até agora não tinha aparecido para nós. Vou até uma das camas. Mesmo estando ali a anos, pude notar que o mesmo jeito que ela estava organizada, era o jeito que eu sempre arrumei minha cama. - Esta aqui era minha cama - afirmei para eles.
Na cama ao lado notei algo fazendo volume no cobertor. Cheguei perto e toquei por cima do cobertor. Era duro, parecia uma caixa ou talvez a capa de um livro. Com cuidado em retiro o cobertor e vejo um álbum de fotos. - Gente olhem isso aqui - digo enquanto mostro a eles. - Um álbum? - pergunta Maiara. - Abre ai, vamos ver o que tem dentro - Augusto pede curioso. Então eu abro e começo a folhear as páginas. Nelas tinham fotos, evidentemente éramos nós quando crianças. Comecei a ficar ofegante, sentindo algo estranho no peito. Passando pelas fotos íamos nos vendo brincar juntos. Mas tinha mais coisas. Do meio do álbum tinha uma página sem fotos, apenas escrito "Florestais". Dali para a frente, nas fotos junto com a gente, tinham criaturas estranhas. Algumas com características animais, outras com plantas, e até uns objetos estranhos. Naquele momento meu coração começou a bater rápido e eu me sentei encostado na parede.
- Jones? Você está bem? - pergunta Maiara
- Não não não não, isso é loucura - respondo tentando ficar calmo
- O que são aquelas coisas, por que que estavam juntos com a gente? - continuo.
Augusto se senta do meu lado e coloca seu braço por trás do meu pescoço. Ele segura minha mão e coloca em meu peito.
- Aqui, sente seu coração. Fecha os olhos e se concentra nas batidas - Augusto diz enquanto chama Maiara com a mão.
- A gente veio pra descobrir a verdade né? Então vamos descobrir o que são aquelas coisas. Mas se acalma primeiro. Eu sei que é estranho tudo isso, mas você não sente vontade de entender? - diz Augusto enquanto me acalmava.
Maiara se senta aí meu lado e eles me abraçam. Fui me acalmando aos poucos, comecei a sentir o chão duro de madeira e o abraço deles. Aquilo foi confortante, eles se importam comigo.Fui me acalmando e abracei eles. Agradeci aos dois e me levantes, retomando minha postura. Eles se levantam também e continuamos vendo o álbum. - Florestais.. é isso que eles são? Florestais - me perguntei junto com eles. A maioria deles que apareciam nas fotos não pareciam ser perigosos. Olhando bem, até pareciam estarem felizes com a gente. Repentinamente escutamos barulhos na porta de entrada. Fecho o álbum rapidamente, o colocando em meu casaco. Ficamos escondidos atrás das paredes do quarto do lado da porta. Lentamente olhamos para fora, na porta de entrada. Não tinha nada. - Deve ter sido o vento - Maiara diz. Nisso, do lado de fora da porta passa um vulto rapidamente. - Não acho que foi so o vento - Augusto diz. Novamente o vulto passa em frente a porta. - Vamos lá? - eu pergunto. Mesmo com medo vamos verificar.
Indo lentamente até a porta percebo esse vulto passando também pelas janelas, como se tivesse rodeando a casa. Ele passa mais uma vez na frente da porta, eu pego o facão e fico em posição no lado de fora. Augusto e Maiara não queriam que eu fosse sozinho então ficaram atrás de mim. Nós três, de costas um pro outro, dando voltas tentando ver onde esse vulto estava. - ALI! - diz Augusto, mas não tinha nada lá. - NÃO, ELE ESTÁ LA! - Maiara exclama, e novamente, não tinha nada. Escuto passos correndo envolta da gente rapidamente. Era veloz, e se disfarçava na vegetação com facilidade. Ele corria em nossa volta, dava para escuta-lo, só era difícil de ver. Ficamos nisso por alguns segundo, de ver e não ver. Quando finalmente ele para em nossa frente.
Eu já estava preparado para ataca-lo com o facão. Mas antes de fazer qualquer coisa vejo ele. Não era um animal. Parecia uma folhagem, um arbusto. Tinha pernas finas de madeira e uma pequena abertura que dava para ver seus olhos profundos e escuros. Eu vi ele em uma das foto no álbum, então não o ataquei. Ele nos olha enquanto se inclina levemente para os lados. - Ele estava em uma das fotos do álbum, não façam nada - sussurro a eles enquanto não o tiro de vista. Não esperava nada daquele arbusto, até que dele sai uma voz - São vocês? Vocês de verdade!? Eu estava esperando isso a muito tempo. Eles voltaram! Eles voltaram! Puxa, espera até o Richard saber disso. Ele vai adorar - ele disse. Aquela coisinha falava. Eu fiquei assustado assim como Augusto e Maiara. Ele ficou cantarolando "eles voltaram" enquanto pulava e girava alegremente.
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Jones e a Floresta de Arborino
FantasyUma história de fantasia e ficção. Acompanhe Jones tentando desvendar os mistérios de sua mente e de seu passado. Com mistérios, loucuras e muitas perguntas. Ficar paranoico é inevitável.