CAPÍTULO 4
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Quando eu acordei, Luther estava fazendo ovos mexidos no fogão de Elliott. Há tanta comida que está derramando para fora da panela. Eu ainda estava sonolenta, porém a discussão dos Hargreeves logo pela manhã me despertou em um segundo.
— Eu não tô entendendo. Eles ficam me seguindo. — Diego reclama, indo de um lado para o outro na cozinha. Ele havia mencionado que o trio bizarro foi atrás dele na sua fuga do sanatório.
— Quem? — Luther vira para ele.
— Os sociopatas holandeses.
— São suecos, seu idiota. — Cinco corrige, irritado, apoiado no canto da parede. Vez ou outra ele me observa, mas todas as vezes que eu encaro ele, Cinco desvia. — Assassinos pagos pra nos erradicar, pra não piorarmos mais a situação dessa linha do tempo.
— Mas por que agora? — Diego questiona. — Cara, eu fiquei… ótimo. Durante três meses. Até você aparecer.
— É. Eu finalmente tinha colocado minha vida no eixo. — Luther concorda, mexendo a espátula dentro da panela. — Eu fiquei um ano aqui, e ninguém se meteu comigo.
— Eu também estava no meu melhor momento. — Eu falo. O que não é mentira, mas está longe de ser a mais pura verdade. Diego abre os seus braços, como se estivesse lançando todos esses argumentos como provas para cima de Cinco. O que não o agrada muito, então ele respira fundo antes de dizer:
— Mesmo se for por minha culpa, o que não é, só temos 6 dias antes do fim do mundo, e o mais perto que chegamos do papai foi na festa, na entrada do consulado.
— Olha… Não é bem assim, não. — Luther diz, reflexivo. Nós nos entreolhamos, e encaramos Luther, esperando que ele explique. — Eu fui vê-lo.
Luther passa os próximos minutos relatando como ele passou dias juntando moedas, apenas para pagar a passagem de ônibus até a casa de Reginald. Onde ele diz ser sua casa. Ele fala que no dia em que ele chegou, havia uma festa, e Reginald o humilhou na frente de todos, comentando sobre o seu mau odor e negando qualquer alegação de parentesco.
Reginald criticou a desproporção da sua massa muscular e as características de símio, o que atingiu o coração do grandão. Luther disse que foi mandando embora da sua própria casa, e que não tinha mais dinheiro para a volta de ônibus. Eu digo a ele que, se serve de consolo, Reginald nem devia saber que ele era seu filho. Ainda assim Luther ficou magoado com o destratamento.
Ele conta que passou mais alguns dias pedindo esmola, com fome, até o maior gangster do Texas encontrar uma oportunidade para ele. Se interessou pela força de Luther e o contratou como segurança particular, também oferecendo abrigo. No final da conversa, Diego e Luther compartilham do mesmo rancor contra o pai.
— Que patético.
— É. Pelo menos ele não me esfaqueou. — Luther fala, de boca cheia. Diego rebate, um pouco mais sarcástico.
— Não, cara, ele partiu o seu coração.
— Não importa o que ele feriu, ele sabe alguma coisa sobre viagem no tempo. — Cinco acaba com o momento terapêutico que estávamos tendo. Eu aproveito a oportunidade para fazer a pergunta que para mim estava bem óbvia para não ser a solução:
— Por que você não faz o seu lance e viaja no tempo de volta?
— Alguém pode explicar? — Cinco se recusa, saindo do seu lugar para encher a sua segunda xícara de café.
— A primeira vez que ele tentou, ele se perdeu no apocalipse. — Luther diz.
— E da última vez que tentei, espalhei a minha família em três anos diferentes em Dallas, Texas, o que possivelmente desencadeou o fim do mundo. Mais alguma pergunta, Lillian?
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𝗔𝗻𝗮𝗰𝗿𝗼𝗻𝗶𝗮 - The Umbrella Academy [HIATUS]
FanficApós se voluntariar para um estudo de Reginald Hargreeves, Lillian deixa toda a sua vida para trás, trocando seu nome e se dedicando inteiramente à ciência. Quando um grupo desconhecido e com super poderes ameaçam a segurança do país, Reginald a env...