O irmão mais velho

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Mamãe? Por que sua barriga tá crescendo?

– …Mamãe tá carregando um bebê, querido.

– Então eu vou ser irmão mais velho!

– Não… Não vou ficar com ele.

– Oque?

– Vou dar pro pai dele, filho. Nunca quis essa criança, então não se apegue a ela.


Suspirei, botando a mão nos olhos. Minha perna balançava, na poltrona de veludo. O cigarro pousado nos meus lábios, com a fumaça soprando suavemente pra cima.

Incrível oque uma mãe pode fazer, né? Não sei como eu estou vivo. Minha mãe era uma vagabunda, e meu pai… Nunca conheci, e acho que nem ela sabia quem era.

Minha mãe engravidou de novo, quando eu tinha 7 anos. Eu nunca vi a cara do bebê, nunca soube se era menina ou menino… Na verdade, nem sei se essa lembrança é de verdade.

Mas então… A memória era verídica. Eu tinha um irmão, um pequeno garoto, chamado Izana.

Izana Kurokawa.

Minha mãe disse que ele estava com o pai, e a mulher dele. Onde ele vivia feliz e bem. Mas então, quando vim pro Japão, descobri que não era bem isso.

Izana tinha sido posto em um orfanato, pela mesma mulher que deveria ter cuidado dele, que minha mae disse que estava sendo uma mãe melhor que ela. O pai dele tinha sumido… Ou morrido, não sei e não me importo.

Oque me importa, é que eu tinha eu pegar meu irmão.





[...]




Meu coração doía, ao ver ele brincando sozinho. As crianças o evitando, e ninguém perto dele. Izana não tinha crianças, evitavam ele como se ele fosse uma praga.

Como poderiam tratar ele desse jeito? Um garoto tão pequeno, fofo, e com olhos roxos inocentes e tristes.

Suspirei, saindo debaixo da árvore, nas aproximando das grades. Puxei a fumaça do cigarro suavemente, soltando a fumaça pelo nariz. Passei a língua pelos piercings na minha boca, duas pequenas argolas.

Izana levantou a cabeça, sentindo minha presença na grade. Só ele, no meio da neve, brincando sozinho, sentado no chão.

Seus olhos roxos encontraram os meus, tão iguais e intensos. Dei um sorriso pequeno, saindo andando, quebrando a troca de olhares com meu pequeno irmãozinho.





[...]



– Tá olhando oque, Izana? – Kakuchou voltou, com uma garrafinha de agua na mão. Ele se sentou na minha frente, onde construímos nosso pequenos castelo, nosso reino.

– Eu… – Fiquei, sem tira os olhos da onde estava aquele homem. – Não sei. – Voltei a construir o castelo, com a neve que caia. – Eu vi um homem ali, e parecia que ele estava olhando pra mim.

– Que estranho. Parecia ter quantos anos?

– Um adolescente, talvez. A idade pra ser um delinquente como o Shinichiro.

– Aliás, Shinichiro só veio uma vez, né? Depois sumiu.

– Ele disse que voltaria… Mas não disse quando. – Fiz um beicinho, escondendo atrás do casaco grosso.

– Ele falou oque você é dele?

– Não, mas acho que devemos ser parentes, se não… Porque ele iria vim atrás de mim, né?

O irmão mais velho do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora