Laços à Beira do Precipício..🍂🌑

"Afinal é pra isso que serve os amigos!"

Continuação~

Asta estava sentado no topo de uma colina deserta, onde o vento frio da noite cortava sua pele. Olhando para o céu estrelado, ele se sentia mais pequeno do que nunca.

Os ecos das palavras de Yuno reverberavam em sua mente, repetindo-se como um disco arranhado. "Você nunca entenderá, Asta. Você só sabe lutar. Você não entende o que é ter algo precioso a perder."

O sorriso de Asta, que sempre fora tão fácil, parecia agora uma máscara pesada, quase impossível de segurar. Ele sabia que Yuno não quis dizer aquilo da forma como soou, mas as palavras ainda cravavam como espadas em seu peito. Yuno tinha um poder natural, uma presença que sempre o destacava, enquanto Asta tinha que lutar por cada pequena vitória, sempre ultrapassando seus próprios limites.

As memórias de seu passado inundaram sua mente - as zombarias, os olhares de desprezo, os suspiros de pena. Ele sempre conseguiu ignorar tudo isso, focado em seu sonho de se tornar o Rei Mago, mas agora... agora parecia diferente.

A relação com Yuno sempre foi sua força motriz, mas, ao mesmo tempo, um lembrete constante de sua própria fraqueza. Yuno era aquele que ele nunca conseguia alcançar, o amigo que ele queria desesperadamente superar, mas sempre ficava para trás. E agora, com essa nova garota no Alvorecer Dourado, insinuando-se na vida de Yuno, manipulando os sentimentos e criando fendas invisíveis entre os dois, Asta se sentia mais sozinho do que nunca.

Ele socou o chão, a frustração queimando em suas veias. "Por que... por que eu não sou suficiente?", sussurrou, a voz quebrada. O vento levou suas palavras, mas o vazio que elas deixaram permaneceu.

Asta sempre acreditou que, se ele lutasse o suficiente, se ele se esforçasse até o limite, ele seria reconhecido. Mas agora ele se perguntava se tudo isso era em vão. Seria ele apenas um substituto, um guerreiro descartável, enquanto Yuno brilhava como uma estrela inatingível?

O peso da dúvida era esmagador. Ele não sabia quanto mais podia suportar antes de ceder.

O céu estava começando a clarear no horizonte, anunciando o amanhecer. Asta permaneceu imóvel, seus olhos fixos no nada, enquanto a luz da manhã lentamente tomava conta da paisagem. Ele não havia pregado os olhos a noite toda, mas a exaustão que sentia era mais emocional do que física.

No fundo de sua mente, ele sabia que deveria se levantar, voltar para os outros, mostrar seu sorriso habitual e continuar como se nada estivesse errado. Mas a força para fazer isso parecia ter evaporado. Asta nunca foi alguém que se permitiu cair, mas agora, a gravidade parecia estar puxando-o para um abismo que ele não sabia se conseguiria sair.

Quando ele finalmente se levantou, seus passos eram pesados, como se cada movimento exigisse um esforço titânico. Cada respiração era um lembrete de sua própria fragilidade, algo que ele sempre tentou ignorar, mas que agora era impossível de escapar.

Ele desceu a colina, o caminho à sua frente borrado pelas lágrimas que ele teimosamente se recusava a deixar cair. Yuno estava certo em uma coisa - Asta sabia lutar, mas talvez fosse só isso que ele sabia fazer. E se lutar não fosse suficiente? E se, no fim, ele não fosse nada além de um guerreiro sem propósito, uma espada sem direção?

Quando ele alcançou o pé da colina, ele parou, seus olhos caindo sobre sua espada anti-magia cravada no chão ao lado do local onde havia dormido nas noites anteriores. Ela era um símbolo de sua força, de sua determinação, mas agora, parecia pesada demais para ser levantada.*

Asta estendeu a mão para a espada, mas seus dedos tremeram antes de tocá-la. "O que adianta...?" ele murmurou para si mesmo. "Eu posso lutar o quanto quiser, mas no fim... talvez Yuno e os outros estivessem melhor sem mim."